terça-feira, 18 de outubro de 2011

Navegação, uma aplicação em que o Diesel mostra as vantagens com mais convicção


Não há dúvidas quanto à maior aptidão dos motores Diesel à aplicação em ambientes extremos, e um bom exemplo está em aplicações náuticas. Ainda que para aplicações recreativas ou utilitárias leves, sobretudo em função do custo de aquisição e uma vantagem ainda sensível na relação entre o peso e o desempenho, seja possível perceber uma grande participação de motores a gasolina (eventualmente com perigosas gambiarras para o uso de gás liquefeito de petróleo - o conhecido GLP ou "gás de cozinha"), tanto 2-tempos quanto 4-tempos (ciclo Otto), o uso de motores Diesel é a melhor opção para embarcações. Em alguns segmentos mais pesados, diga-se de passagem, a questão do maior peso é enfrentada com maestria pelos Diesel 2-tempos, como as primeiras gerações dos motores Detroit Diesel, que de tão populares no uso náutico às vezes são chamados genericamente de "GM marítimo".

Uma ação mais intensa da maresia tem efeitos devastadores sobre conectores elétricos isolados de forma incorreta, e invariavelmente um motor a gasolina vai depender do sistema elétrico para a ignição. Se falhar, só sai remando, velejando, ou usando um barco rebocador...

Alguns usuários alegam que a manutenção de um motor a gasolina é muito mais fácil, principalmente devido à similaridade com motores automotivos leves enquanto a regulagem da bomba injetora de um motor Diesel mais rústico ser uma tarefa com um nível de precisão maior para obter desempenho sem sacrificar tanto o consumo e as emissões de poluentes. Entretanto, os menores intervalos de manutenção requeridos por um motor Diesel são favoráveis, liberando mais tempo para a embarcação ser usada com uma boa margem de segurança.

Outro aspecto extremamente importante no que se refere à segurança é a questão de combate a incêndios envolvendo óleo diesel ser mais fácil, além dos mesmos serem mais raros, assim como explosões envolvendo tal combustível e opções alternativas como biodiesel ou mesmo óleo de cozinha usado. Em alto mar, fica mais difícil conseguir socorro...

A maior eficiência de um motor Diesel ainda tem outra vantagem significativa para quem aprecia viagens mais longas: a necessidade de armazenar menos combustível para se obter uma maior autonomia acaba favorecendo ainda mais a eficiência devido à redução no peso a ser acumulado quando a embarcação vai ser posta em marcha. Ou então liberar espaço para armazenar mantimentos para atender à tripulação.

Ainda existe quem prefira o belo som de um V8 small-block da Chevrolet do que a bruta sinfonia de um Diesel, caso de um amigo meu que é comerciante de carros usados (mas quando o assunto é caminhonete não abre mão do Diesel) e proprietário de uma bela e confortável lancha. Eu me lembro da primeira vez que eu perguntei a ele sobre a preferência pelo motorzão importado e beberrão ao invés de um econômico e robusto Diesel, e um comentário sobre o “barulho” estereotípico tão associado aos Diesel foi a resposta dele – não que o small-block seja silencioso, principalmente quando o trim está levantado para que os 320 pôneis malditos cavalos puro-sangue se aventurem na natação...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Uma reflexão sobre a ilusão do "pré-sal"

Um tema polêmico que vem se arrastando desde meados de 2007 e que pode representar um grande entrave ao desenvolvimento de um programa de bioenergia mais adequado à realidade da República das Bananas brasileira é o assim chamado “pré-sal”, grande reserva de petróleo encontrada após algumas camadas de sedimentos depositados no fundo do mar. Além de um desinteresse na busca por energias alternativas, bastante previsível quando se pensa na vagabundagem acomodação associada ao brasileiro estereotípico, há todo um problema sobre os royalties pagos pela Petrossauro Petrobras aos Estados que tem poços de petróleo em suas respectivas plataformas oceânicas. Atualmente, o Rio de Janeiro é o maior “produtor” de petróleo brasileiro, junto com o Espírito Santo. Há quem defenda uma divisão de tais valores com as demais unidades da federação, como o deputado Ibsen Pinheiro, conhecido por ter conduzido o impeachment de Fernando Collor de Mello e ser favorável a reservas de mercado para produtos nacionais. Autor da “emenda Ibsen Pinheiro”, que propõe o fim de concessões a empresas estrangeiras e retorno do monopólio da Petrobras na exploração do petróleo, além de direcionar 40% do valor dos royalties e 50% da “participação especial” da extração em águas territoriais brasileiras, e o resto do dinheiro ser aplicado no “Fundo de Participação dos Municípios”. Na teoria, seria uma boa oportunidade de reduzir as “desigualdades regionais” simplesmente injetando dinheiro, mas melhor que dar o peixe tirado do pescador à força é ensinar a pescar...

Na prática, é uma grande ilusão acreditar que isso faria melhorar a vida no inferno Brasil, basta ver o exemplo da vizinha Venezuela, que tem reservas de petróleo maiores que as da Arábia Saudita e a única “vantagem” é a gasolina ser mais barata que água potável podendo saciar a sede de grandes e confortáveis banheironas carros velhos americanos com um rodar mais macio que o dos calhambeques carros populares brasileiros. Houve até uma época durante a década de 70 em que os botecos supermercados da capital Caracas podiam se dar ao luxo de trazer o cacetinho pão todas as manhãs por via aérea direto de Miami, e o governo de Carlos Andrés Perez aplicou parte dos lucros do grande aumento das cotações internacionais do petróleo em seguridade social e infraestrutura, mas hoje o socialismo “bolivariano” de Hugo Chávez usa o preço baixo da gasolina no mercado interno para ganhar simpatia popular enquanto os lucros das vendas internacionais atendem aos caprichos pessoais do próprio governante. E conhecendo as politicagens brasileiras, seria previsível que tais problemas fossem replicados ou até piorados na terra da cachaça, e os lucros da exploração do “pré-sal” perdidos com bobagens que não dão futuro como suruba com gringos travados de pó desfiles cinematográficos de Carnaval, dar dinheiro a fundo perdido para clubes de futebol e financiar vagabundos pseudo-intelectuais que usam organizações “não-governamentais” de fachada para abocanhar verbas públicas – algumas quadrilhas ONGs já estão se levantando para defender o “controle social” dos lucros do “pré-sal”...

Após uma experiência no campo dos biocombustíveis com o etanol que, apesar de não ser das melhores em termos de eficiência, vem sendo enaltecida mundo afora, ainda seria um grande vacilo recuar a um consumo maior de petróleo, cuja poluição fica acumulada na atmosfera por mais tempo enquanto no caso dos biocombustíveis o próprio ciclo produtivo promove uma compensação das emissões. Também é importante destacar que a produção de biocombustíveis pode servir para a valorização da população do campo, desestimulando o êxodo rural e conseqüente inchaço das grandes cidades, e em algumas regiões ainda tem efeitos benéficos na regulação térmica, como no Sertão nordestino, aonde as longas raízes de algumas oleaginosas empregadas na produção de biodiesel alcançam lençóis freáticos subterrâneos (mesmo que alguns sejam salinizados demais para a água ser considerada potável) e a transpiração das plantas acaba promovendo um aumento na umidade relativa do ar, reduzindo a incidência de problemas respiratórios, sobretudo em crianças e idosos.

Para reduzir as tão comentadas “desigualdades regionais”, a produção do biodiesel pode ser até mais eficiente que cavar buraco no fundo do mar explorar o “pré-sal” de forma imediatista e irresponsável, devido a uma maior oferta de postos de trabalho locais a ser gerada, que acabaria por não obrigar o sertanejo nordestino durante a época da seca a ser explorado por agroboys procurar vagas temporárias como “bóia-fria” nas plantações de cana-de-açúcar em São Paulo, que ainda vem tendo uma participação mais intensa da mecanização, reduzindo a demanda por mão-de-obra. Logo, um investimento sério nos biocombustíveis, sobretudo o biodiesel, é mais coerente com a realidade social, econômica e ambiental brasileira do que a empolgação inicial em torno do “pré-sal”...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ambulâncias: correndo contra o tempo com a força do Diesel

Numa emergência médica, é importante ter recursos nos quais se possa confiar para garantir um atendimento seguro e com a agilidade necessária. E não é só a disponibilidade de equipamentos médicos avançados que importa, até a escolha do motor a ser usado na ambulância pode fazer a diferença entre a vida e a morte...
Por mais bizarro que possa parecer, no caso de uma ambulância UTI-móvel, por exemplo, a grande quantidade de equipamentos elétricos e eletrônicos de alto consumo energético demanda força nas baterias e no próprio sistema elétrico do veículo. Portanto, um motor que vá sofrer menos riscos de "apagar" subitamente quando um desfibrilador esteja em uso é significativamente vantajoso, e esse é o caso do Diesel devido ao uso de ignição por compressão. Mesmo os mais novos com gerenciamento eletrônico tem o desempenho menos prejudicado em comparação com um motor de ignição por faísca...

Não há dúvidas quanto à aptidão dos motores Diesel ao trabalho pesado, e o segmento das ambulâncias não foge à regra. Apesar de alguns estereótipos associarem Diesel com respostas mais lentas ao acelerador, hoje é praticamente impossível encontrar uma ambulância full-size com motor de roçadeira do ciclo Otto, ainda que por problemas burocráticos brasileiros não seja possível usar motores Diesel em ambulâncias compactas, e o tão enaltecido "gás natural veicular" demande um sistema que pesa e ocupa espaço demais...
O consumo menor é uma vantagem significativa nesses tempos em que a gasolina e a pinga o etanol estão absurdamente caros, mesmo que o óleo diesel não esteja com o melhor preço... Ainda, os maiores intervalos de manutenção garantem mais disponibilidade para o veículo atender às emergências.
Não é difícil encontrar relatos de motoristas em utilitários com motor Diesel atingindo velocidades que muitos carros médios sofrem para alcançar, como versões antigas do Renault Master com motor IVECO 2.8L, bastante conceituado pelos socorristas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
Apesar de ser "amansado" em comparação com motores da mesma faixa de cilindrada usados em pickups médias de agroboy, alguns operadores dizem não ser impossível chegar aos 170km/h, e as acelerações são seguras como num carro de passeio apesar do tamanho e peso. Nas versões mais recentes, com o motor 2.5L dCi, apesar de cortar giro a 150km/h, o torque mais alto faz com que a resposta seja ainda mais rápida.

Mesmo que sistemas de gerenciamento eletrônico estejam sendo incorporados nos motores Diesel, como as injeções common-rail, estes continuam tendo um funcionamento mais simples devido à ausência de um sistema de ignição por faísca com velas que sofrem com o desgaste e a carbonização dos eletrodos, cabos que eventualmente deixam escapar corrente quando estão velhos e ainda as delicadas bobinas.
Ou seja, mesmo que o arcaico distribuidor tenha sido eliminado, os sistemas de ignição por faísca continuam com pontos sensíveis demandando mais manutenção e prejudicando o funcionamento do motor quando não recebem a atenção necessária, além de serem menos resistentes a condições ambientais mais severas... E ainda é mais seguro estar rodando no (bio)diesel em localidades mais remotas, com menos acesso a uma rede de reabastecimento, tornando possível numa emergência o uso de qualquer combustível líquido, ainda que a lubrificação do sistema de injeção possa ficar comprometida...
Para os militares, além das vantagens citadas, vale destacar a simplificação do processo logístico de peças de reposição e a menor emissão de radiação eletromagnética, dificultando a detecção dos veículos por radares inimigos.

Ainda há quem alegue que os motores Diesel sofrem mais na hora da partida a frio...
Isso é uma meia-verdade, levando-se em consideração que motores do ciclo Otto também sofrem na partida a frio, principalmente quando usam cachaça etanol como é bastante comum no inferno Brasil, e depois demoram mais tempo para estabilizar a marcha-lenta.
No caso dos Diesel, vale destacar ainda que a evolução nos sistemas de injeção foi mais significativa que no ciclo Otto nos últimos tempos, principalmente com a menor presença de sistemas de injeção indireta que cada vez mais foram perdendo espaço para a mais eficiente injeção direta, fazendo com que a partida a frio se tornasse menos difícil, e mesmo assim ainda é possível encontrar motores Diesel novos de injeção direta com as glow-plugs (velas de pré-aquecimento) no cabeçote ou grid-heaters no coletor de admissão.

Não é de se estranhar que mesmo em países com inverno extremamente frio como Suíça, Alemanha, Suécia e até na Islândia a participação de modelos com motor Diesel no mercado é bastante expressiva, e tal característica acaba sendo extensiva ao segmento das ambulâncias...

Na prática, por mais que ainda existam opiniões em contrário, motores Diesel são a melhor opção para uma ambulância...