segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Breve reflexão sobre dessulfurização e oportunidades para o mercado de biocombustíveis

Com o óleo diesel de baixo teor de enxofre (S-10) já beirando a faixa de R$2,60 por litro em algumas regiões, e o S-500 custando numa média de R$0,30 mais barato, vem à tona a reflexão sobre o custo operacional na dessulfurização do petróleo brasileiro, sabidamente de um teor de enxofre mais elevado que o do Mar do Norte que se usa mais na Europa. Apesar do enxofre ter aplicações farmacêuticas e agropecuárias que acabam por compensar o custo do procedimento, e que poderia diminuir o impacto a ser repassado no preço do óleo diesel ao consumidor, convém relembrar que os principais substitutivos tem teor zero de enxofre. No caso, tanto o biodiesel quanto óleos vegetais brutos e o etanol podem ter um custo final menos desfavorável, justificando uma maior inserção de biocombustíveis no varejo.

Direto na indústria, o óleo de soja a granel chega a custar menos de R$0,90 por litro, enquanto o etanol carburante sai numa faixa abaixo de R$0,60 por litro sem impostos direto na usina, o que tem justificado a adoção desse combustível nos processos logísticos desde o plantio e colheita da cana-de-açúcar até a distribuição nos postos. Mesmo ao considerar o custo de outros insumos como os catalisadores usados na reação de transesterificação usada na fabricação do biodiesel, sendo o hidróxido de sódio (mais conhecido como soda cáustica ou "barrilha") o mais comum, e ainda as possíveis destinações para a glicerina residual em diversos segmentos podendo amortizar em boa parte os custos do processamento industrial, é possível manter médias de preço favoráveis ao biodiesel puro em comparação com o óleo diesel convencional.

Há ainda diversas oleaginosas que podem ser tomadas como referência para não ficar dependendo do custo de uma única matéria-prima, como o girassol, o dendê, a macaúba, a mamona e a canola, cabendo salientar que na Argentina o preço do óleo de girassol se equipara ao do óleo diesel convencional, além da experiência bem-sucedida na Alemanha com o uso do óleo de canola puro diretamente como combustível automotivo, ainda que venha se tornando incompatível com as gerações mais recentes de dispositivos de controle de emissões, sobretudo o filtro de material particulado (DPF), devido à vaporização mais difícil do combustível alternativo, problema que em menor escala também tem afetado o biodiesel em veículos que dependem de um ciclo de pós-injeção para promover a regeneração do DPF quando não há um bico suplementar na carcaça do dispositivo.

Cabe ainda observar a experiência brasileira com o etanol, no programa nacional de substituição de derivados do petróleo mais bem-sucedido a nível mundial, que fomentou um grande desenvolvimento não só na indústria de biocombustíveis mas também na tecnologia automotiva, a exemplo do sistema FlexStart de pré-aquecimento desenvolvido pela Bosch para substituir o tanque suplementar de gasolina para a partida a frio na atual geração de motores bicombustível (flex), hoje presente em modelos de diversos fabricantes como Nissan, Ford, Volkswagen, Honda e Peugeot. Já foi provado que o consumidor brasileiro se dispõe a aceitar os recursos tecnológicos necessários para aderir aos combustíveis alternativos de forma prática, e não seria de se estranhar que sistemas de pré-aquecimento nas linhas de combustível passassem a ser um item habitual em motores Diesel destinados aos veículos leves nacionais, o que contribuiria significativamente para reduzir os riscos associados à polimerização da glicerina na combustão de óleos vegetais puros.

Na prática, um governo que opta por manter um clima de insegurança jurídica e violência no campo que acaba trazendo efeitos prejudiciais à produtividade agrícola nacional desfavorece uma maior dependência do transporte pesado pelo óleo diesel convencional, enquanto seguem discussões sobre o impacto da indústria agroenergética na produção de gêneros alimentícios e tentativas de criminalizar a figura do produtor rural. Nada se faz, também, em âmbito administrativo para recuperar áreas agropastoris degradadas, de modo a não depender da expansão das atuais fronteiras agrícolas para articular com eficiência a segurança energética e a segurança alimentar...

Um comentário:

  1. A algum tempo a Alemanha já usa óleo de canola puro como combustível regularmente.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html