sexta-feira, 25 de abril de 2014

Breve reflexão: reboques

O mercado automobilístico brasileiro tem, atualmente, o maior volume de vendas concentrado no segmento de veículos compactos, e apesar do tamanho é necessário que tenham aptidão para diversas aplicações, pois não raro são o único automóvel presente num núcleo familiar. Há momentos em que se faz necessário um espaço maior para carga, e entre os recursos disponíveis está o uso de um reboque. Apesar do implemento interferir na manobrabilidade, por ser facilmente desacoplável ainda preserva alguma economia operacional e praticidade inerentes à orientação essencialmente urbana que baseia os projetos de automóveis compactos.
Para alguns usuários, a comodidade em não necessitar de um veículo utilitário de porte mais avantajado que vá ter uso apenas esporádico e mesmo assim envolva gastos com manutenção acaba tendo alguma importância. A simplicidade construtiva torna a manutenção de um reboque pouco onerosa, e adquirir um sai mais em conta do que substituir um carro compacto por uma caminhonete, considerando também o previsível efeito que a presença do equipamento vá exercer sobre desempenho, consumo e desgaste de alguns componentes também no veículo que vá ser usado para tracioná-lo.

Embora não seja tão comum no Brasil como em países mais desenvolvidos, o reboque tem ganhado espaço. Há até aqueles que recorrem a argumentos de cunho "sustentável" para defendê-lo, visto que apesar de recorrer a mais um par de pneus ainda se tem um impacto ambiental menor tanto em função da quantidade de matérias-primas (desde a borracha até a malha de aço) usadas na produção em comparação a pneus de caminhonete, e não raro o conjunto formado pelo veículo de tração e pelo reboque chega a ter menos peso morto que um utilitário, favorecendo a economia de combustível. Também cabe salientar a aerodinâmica, normalmente mais favorável e também tendo um peso significativo na eficiência geral.

No mercado brasileiro, ao contrário de Europa e Austrália, não é muito comum os fabricantes atribuírem uma capacidade nominal de reboque a veículos compactos. No entanto, pode-se considerar que viesse a se tornar um bom argumento visando a liberação do Diesel mesmo em veículos compactos, podendo-se atribuir uma soma da capacidade de carga nominal à capacidade de um reboque-padrão (cujo peso teria de ser descontado para fins de homologação da capacidade total do conjunto) que, ao alcançar ou superar os 1000kg, já atenderia ao valor estabelecido arbitrariamente para que um veículo 4X2 com capacidade inferior a 9 passageiros (além do motorista) seja classificado como "utilitário" e portanto legalmente apto ao uso de motor Diesel.
Atualmente a única disposição em vigor se refere ao peso bruto total do reboque, que ao ultrapassar 2000kg já exige-se do condutor a carteira de habilitação categoria E, não importando se o veículo que o esteja tracionando é um carro "popular" ou um caminhão extrapesado.

Pode-se, enfim, atribuir ao atual descaso do governo quanto à capacidade de reboque para fins de homologação como um dos fomentos para o atual "apartheid automotivo", onde só quem se disponha a pagar mais caro por algum veículo com características construtivas menos favoráveis à eficiência energética (tornando-se portanto mais uma vaca leiteira para o rebanho da Petrobras) venha a ter o "privilégio" do Diesel...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html