domingo, 13 de abril de 2014

Breves comentários sobre a operação em baixas temperaturas

Com as temperaturas começando a baixar no Sul e Sudeste, tópicos como partida a frio e manutenção das temperaturas operacionais voltam à pauta. Um amigo residente no interior de São Paulo relatou uma experiência que considerou inesperada ao ver o motorista de um ônibus antigo com chassi Scania manter as rotações do motor elevadas por alguns minutos imediatamente após a partida a frio, sob o pretexto de "aquecer" o motor, mas na prática esse é só um dos muitos recursos que podem ser usados (embora não seja necessariamente o mais recomendável) para levar um motor Diesel a atingir mais cedo as faixas de temperatura mais adequadas a um correto funcionamento.

Não é incomum que os motores Diesel apresentem temperaturas operacionais mais elevadas, tendo nas taxas de compressão mais elevadas uma das explicações para esse fenômeno. Ao contrário dos motores de ignição por faísca e injeção indireta (ou carburador nos mais antigos), em que a vaporização do combustível junto ao ar da admissão acaba por absorver uma parte significativa do calor latente do ar, num Diesel o aumento no volume de combustível injetado diretamente na câmara de combustão com o ar da admissão já comprimido ao redor do ponto morto superior acaba por liberar mais calor durante a combustão. Em motores com um sistema de injeção mais simples, com apenas um pulso por cilindro a cada ciclo, atingir a temperatura ideal e estabilizá-la rapidamente não é tão simples, por isso alguns operadores podem optar por manter o giro numa faixa mais elevada antes de prosseguir, enquanto nos mais modernos sistemas de injeção common-rail incorporando pulsos de pré-injeção e pós-injeção (como os Multijet da Fiat) em cada ciclo, a estabilização da marcha-lenta é mais ágil, reduzindo não só a aspereza nos primeiros momentos após a partida mas também as vibrações.

Alguns motores Diesel podem requerer uma maior atenção na hora da partida a frio, apresentando uma maior dependência aos dispositivos auxiliares de pré-aquecimento, embora depois de vencida essa dificuldade inicial permaneçam operando com segurança e confiabilidade por períodos prolongados. Para agilizar a estabilização da marcha-lenta, pode-se aplicar algum restritor de modo a limitar o fluxo de ar ao redor do radiador, de modo a reduzir a intensidade das trocas de calor com o ambiente. O uso de ventoinhas com acionamento termostático também proporciona um aquecimento mais eficiente, bem como uma melhor retenção de calor quando se fizer adequado.

Nas gerações mais recentes de motores Diesel, em função de normas de emissões mais rigorosas sobretudo no tocante aos óxidos de nitrogênio, é comum que sejam projetados prevendo uma operação um pouco mais fria, e nesse aspecto taxas de compressão ligeiramente reduzidas e a massificação do intercooler em motores turbodiesel tem viabilizado os resultados desejados. Devido a uma menor variação de temperatura à qual são submetidos, além do menor esforço a ser efetuado pelo motor-de-arranque em função da menor compressão, acabam por se adaptar melhor a cenários operacionais onde se possa usar o sistema start-stop. Nesse contexto, não apenas a evolução no gerenciamento eletrônico e sistemas de injeção mas também em glow-plugs com elemento aquecedor cerâmico promovem um controle térmico mais preciso.

Cabe salientar, no entanto, que a correta manutenção de dispositivos auxiliares de partida a frio como elementos aquecedores elétricos integrados ao coletor de admissão (grid-heater), velas de pré-aquecimento (glow-plugs), entre outros, é uma medida essencial para manter uma operação segura desde o outono e inverno até o começo da primavera.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html