segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Refletindo sobre ironias brasileiras: "Diesel é para trabalho"

Não é incomum ouvir "argumentos" imprecisos por parte de alguns que se dizem contrários a uma liberação do Diesel para veículos leves, ou mesmo de acomodados que se digam "neutros", e um dos mais recorrentes é de que motores Diesel seriam mais adequados a um veículo "de trabalho". Pois bem, parecem se esquecer da grande quantidade de veículos com capacidade de carga inferior a uma tonelada e que ainda assim são efetivamente destinados a aplicações profissionais.

Diversos motivos podem levar à preferência de alguns operadores por um utilitário mais compacto para atender a alguma aplicação específica, ou por ser mais adequado às condições operacionais de alguma região (trânsito mais denso, dificuldade em encontrar espaços amplos para estacionar, e por aí vai) mas, devido a uma definição extremamente arbitrária e imprecisa acerca do que viria a ser de fato um veículo utilitário tomando por referência apenas as capacidades de carga, passageiros ou tração, acabam não podendo ser beneficiados pelo uso do Diesel.

De fato, vem sendo cada vez mais comum o uso de veículos com capacidade de carga abaixo dos 1000kg em serviços de entrega e distribuição urbana de mercadorias.


Também não é incomum o uso de utilitários compactos por transportadores autônomos, considerando sobretudo o menor custo de aquisição em comparação a um veículo de porte mais avantajado.



Veículos de emergência, principalmente ambulâncias e viaturas de polícia, são outro segmento onde a ausência da opção pelo Diesel se faz sentida, principalmente ao pararmos para analisar que o processo logístico de manutenção das frotas poderia ser simplificado caso também pudessem dispor do Diesel, já consolidado como o principal combustível usado em viaturas de maior porte e que já se enquadram na definição de "utilitário".



Os táxis também acabam refletindo a incoerência nas restrições ao Diesel. Nesse caso em particular, o amplo uso do gás natural como uma alternativa de combustível mais barato acaba comprometendo o espaço para bagagens. Seria mais fácil tolerar essa desvantagem se, ao invés de depender da importação de gás natural fóssil da Bolívia, o biogás fosse disponível comercialmente a preços competitivos para os operadores.


Por mais que a aptidão do Diesel já seja devidamente reconhecida em aplicações utilitárias e comerciais, é muito contraditório que muitos veículos destinados às mesmas não possam contar com essa opção.

2 comentários:

  1. Até para trabalho hoje o diesel não é tão fácil, já está mais caro que o álcool e o seguro duma picape a diesel é sempre muito mais caro que duma flex.

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    1. A cotação dos seguros é um reflexo da incompetência generalizada na gestão da segurança pública, e quanto ao preço dos combustíveis, seria um bom pretexto para fomentar o uso de substitutivos (como o biodiesel, óleos vegetais brutos, ou até etanol).

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html