quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Observações quanto à compatibilidade entre motores Diesel antigos e o câmbio automático

Já faz algum tempo que o câmbio automático vem deixando de ser um tabu no Brasil, onde já chegou a ter uma aceitação mais restrita entre condutores com alguma deficiência física que se valiam da maior simplicidade para adaptar os veículos ao dispensar complicações daqueles sistemas de automatização da embreagem com controle eletrônico e acionamento a vácuo, ou riscos à segurança caso ocorra a necessidade de soltar o volante durante as trocas de marcha. No caso dos motores Diesel, principalmente dos mais antigos que dependendo do governador incorporado à bomba injetora não poderiam ser desligados "matando" na embreagem em caso de falha no solenóide automático de parada ou de um "estrangulador" manual quando aplicável, ainda havia também um maior temor quanto ao risco de perda de controle em caso de um "disparo" de motor.

Ao menos no Brasil, que permaneceu um tanto afastado do desenvolvimento tecnológico que os motores Diesel destinados a veículos leves sofreram entre as décadas de '70 e '90 para se adequar às preferências de consumidores mais exigentes sobretudo nos mercados europeu, japonês e americano, o câmbio automático foi marcando presença muito lentamente entre os veículos utilitários dotados de motor Diesel começando por ônibus urbanos. Deixando de lado eventuais preocupações quanto a um menor controle do veículo por parte do condutor, o custo de manutenção fazia com que tal opção inicialmente não despertasse muito interesse a ponto de justificar uma oferta desse equipamento em caminhões leves, pick-ups e sport-utilities. Já nos Estados Unidos a consolidação do câmbio automático se deu antes mesmo que o Diesel começasse a ganhar algum espaço no mercado de caminhões e ônibus de porte médio, e portanto não seria possível ignorar a preferência pelo conforto e por evitar os custos associados ao treinamento de operadores que em muitos casos nem chegavam a ter qualquer experiência com o câmbio manual nem em veículos leves.

A situação começou a mudar a partir da década de '90, quando a Kia chegou a oferecer o câmbio automático como opcional para a Besta GS, que foi a primeira van importada oficialmente a contar com esse recurso no mercado brasileiro apesar da pouca procura pelo mesmo em veículos comerciais à época. Entre as pick-ups médias, que além da tração 4X4 e da cabine dupla tinham cada vez mais consolidada por influência dos fabricantes de origem japonesa a preferência do público pelo Diesel também entre consumidores mais interessados em um uso recreacional, a primeira a dispor do câmbio automático com esse tipo de motorização foi a Mitsubishi L200 Sport lançada em 2003. De certa forma, o intervalo partindo da 2ª metade da década de '90 até 2011 foi um período de transição entre a injeção 100% mecânica e os métodos mais avançados de gerenciamento eletrônico que se consolidaram em função das normas de emissões hoje em vigor, e no caso da L200 Sport uma maior presença da eletrônica apesar da injeção ainda ser do tipo indireta já poderia minimizar temores quanto a eventuais dificuldades em forçar uma parada de emergência do motor ao viabilizar o uso de uma chave geral para desabilitar todos os circuitos elétricos e eletrônicos do veículo.

Não há qualquer impedimento específico à adaptação de câmbio automático em veículos equipados com motores Diesel antigos, por motivos tão diversos quanto um interesse em incrementar o conforto ou uma maior aptidão a serviços pesados. No entanto, é desejável contar com um dispositivo de parada de emergência como o "flap" normalmente usado para bloquear a admissão em equipamentos estacionários e embarcações e que pode ser acionado manualmente por uma alavanca semelhante à que se usava no "afogador" em motores a gasolina dotados de carburador.

19 comentários:

  1. Japão era cheio de Corolla Diesel com câmbio automático até uns tempos atrás. Eu cheguei a ser dekasegi por 5 anos e cheguei a comprar um bem baratinho que depois eu só acabei mandando para reciclagem por não ter como regularizar no Brasil.

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  2. ola quero colocar o cambio automatico em um motor mwm sprint serie 4.08 tce ,este motor esta em um micro onibus volare A6 ano 2002 ,se for possivel qual cambio é o apropiado, e com garantia.

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    1. A princípio algum câmbio automático Allison da série 1000 ou 2000 deva servir. O ideal é procurar um distribuidor regional da Allison.

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  3. Câmbio automático para instalação em Sprinter 416 2015, qual a melhor opção?

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    1. A princípio os mais fáceis de integrar ao sistema eletrônico original seriam aqueles que eram usados em alguns modelos da própria Mercedes-Benz equipados com o mesmo motor, como o GLK 220 CDI, mas outras opções eventualmente podem ser algum câmbio ZF. O maior problema é integrar os sistemas de controle eletrônico.

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  4. Bom dia, qual são os câmbios automáticos possíveis de se colocar em uma F-250 2000 4.2 MWM Sprint Turbo Diesel? O que vai precisar trocar além do câmbio e módulo? Que módulo ficaria bom? Devo gastar quanto? Como o consumo deve ficar na cidade e na estrada?

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    1. Pode considerar desde o 6R80 usado na atual geração da Ranger quanto algum outro câmbio mais pesado, como os Allison da série 2000 e nesse caso a parte do módulo tem que ser vista com o fabricante do câmbio ou revendedores autorizados. Já no caso da adaptação de algum câmbio mais leve, os módulos US Shift da Baumann Electronic Controls costumam ser os mais recomendados para esse tipo de adaptação nos Estados Unidos. Também teria a princípio que ver se seria necessária também alguma alteração no comprimento do cardan. Quanto a valores, não posso passar uma estimativa tão precisa, mas a princípio sairia em torno de R$25.000,00 para ficar perfeito. E em termos de consumo de combustível, por incrível que pareça hoje um bom câmbio automático já pode proporcionar uma redução em torno de 4% até na cidade.

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  5. Boa noite, tem como colocar um câmbio automático na Elba 1.6?

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    1. Tem como, mas se for um dos novos com controles eletrônicos pode ficar mais difícil. A princípio, os mais facilmente adaptáveis podem ser os câmbios ZF 4HP14 e Aisin 50-40LE ou 50-42LE.

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  6. Olá quero colocar um câmbio automático em um Gurgel BR800 com o motor original, qual câmbio poderia colocar?

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    1. Se conseguir dar um jeito de fazer o câmbio funcionar com um motor sem injeção eletrônica, o Aisin TW-40 usado no Suzuki Jimny seria o mais recomendável.

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    2. Mais pra fazer o câmbio funcionar sem injeção eletrônica é muito difícil? Se eu colocar a injeção fica mais fácil?

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    3. A princípio não há impedimentos para um câmbio com controles eletrônicos possa funcionar com um motor carburado. Mas no caso desse câmbio, teria que ver o diagrama elétrico para ter certeza se não teria que alterar o módulo eletrônico.

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  7. Tenho uma grande Vitara 1999 2.0 automática. Estou querendo trocar o motor por um diesel, de preferência mecânico com uma boa potência, mas continuar com o câmbio original. Indica algum motor?

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    1. O único motor que eu lembro de ter saído com o mesmo câmbio automático Aisin 03-72LE e motor turbodiesel com injeção totalmente mecânica foi o Isuzu Panther indonésio de 2ª geração, que é conhecido nas Filipinas como Isuzu Crosswind. Mas importar um motor Isuzu 4JA1-L seria um parto, apesar de ter sido usado em algumas caminhonetes Isuzu vendidas como Chevrolet LUV em países vizinhos como a Argentina e a Colômbia.

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  8. Olá, Gostaria de ter informação de adaptação de cambio automático em caminhão MB 1518- 1516, o espaço sob o capô é suficiente? tem que fazer alguma adaptação sob a cabine? e qual seria a melhor opção de caixa a ZF, Allison ou Eaton? Agradeço antecipadamente a informação

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    1. Pelo que eu me lembre, modelos semelhantes vendidos nos Estados Unidos e outras regiões como Freightliner usaram câmbio Allison, e a própria Mercedes-Benz chegou a oferecer câmbio automático Allison como opcional em chassis de ônibus de motor dianteiro no Brasil mesmo. A princípio não seria o caso de ocorrer alguma intercorrência que prejudique a adaptação.

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  9. Muito bom seu site, estou querendo colocar um motor diesel em uma tr4 pra testar, e pensei na opção automática... Li que ela tem o módulo do câmbio independente do módulo do motor, e tenho um motor de Amarok que estou mecanizando, usando o próprio cabeçote 16v, tenho tbm um dw10 também mecanizado

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    1. Nunca vi um DW10 mecanizado, mas deve ter ficado interessante. Mas mesmo um módulo de câmbio independente do módulo do motor, a princípio, precisa ter alguma interface para receber parâmetros do funcionamento do motor, ou usar um módulo standalone que normalmente tem mais oferta para câmbios automáticos americanos.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html