quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Top 5 de alternativas um tanto superestimadas que já foram mencionadas em oposição a uma eventual liberação do Diesel

A simples menção a uma possibilidade de liberação do Diesel para veículos leves no mercado brasileiro já é suficiente para despertar reações acaloradas, naturalmente tanto favoráveis quanto contrárias. Além da eterna polêmica quanto a índices de emissões em comparação a concorrentes com motores de ignição por faísca, bem como questionamentos sobre o efeito de dispositivos de pós-tratamento de gases de escape cada vez mais complexos sobre a durabilidade e o custo de manutenção das novas gerações de motores Diesel, não é incomum se deparar com outras reações que inicialmente podem parecer fundamentadas mas, no fim das contas, não se sustentam...


Ah, os híbridos... Uma das principais zonas de conforto de quem costuma se manifestar contra o Diesel em aplicações veiculares leves é a grande aceitação que modelos como o Toyota Prius conquistaram em alguns dos principais mercados internacionais. Embora o recurso à aspiração natural e à injeção convencional permaneça freqüente nos sistemas de tração híbridos baseados num motor de ignição por faísca, num contraponto ao downsizing que tem se firmado em veículos com uma configuração mais tradicional de transmissão, a barreira do custo ainda é desafiadora. Recursos como o desligamento automático do motor em marcha-lenta, a frenagem regenerativa e até algum grau de assistência motriz elétrica podem ser incorporados em praticamente qualquer veículo (inclusive nos dotados de motor Diesel) a um custo menor que o de um sistema híbrido pleno. Indo mais além, tanto a hibridização não é incompatível com o Diesel que ônibus híbridos já são produzidos em escala comercial até no Brasil onde os frotistas costumam ter um perfil mais conservador.

Mas e a experiência brasileira com o etanol, não valeu de nada? Se tem outra alternativa muito superestimada como uma "salvação" para a ignição por faísca, sem dúvidas é o etanol. Anteriormente usando as denominações comerciais "álcool etílico carburante" e "álcool hidratado", já chegou a ser mais competitivo diante da gasolina amparado principalmente por subsídios e incentivos fiscais à produção de veículos movidos pelo combustível que no Brasil ainda é muito dependente da cana-de-açúcar. Enquanto houver algum descaso com outras alternativas como o milho usado pela indústria agroenergética dos Estados Unidos, a beterraba açucareira predominante na França e na Inglaterra, ou ainda um reaproveitamento de resíduos da produção de alimentos como acontece na Finlândia, vai ser difícil recuperar a confiança de consumidores que já cansaram de ficar à mercê do humor do setor sucroalcooleiro e das oscilações do valor do açúcar nos mercados internacionais. Termina-se andando em círculos quando resta a atual geração de carros e motos "flex" para tentar reabilitar uma esperança pelo futuro do etanol se vendo obrigado a permanecer usando a gasolina durante a entressafra da cana...





Gasolina cara é o problema? Que tal uma moto para economizar? Por mais que motocicletas, triciclos e similares tenham alguns méritos, não convém simplesmente ignorar as limitações que possam apresentar. O recurso ao side-car para ampliar as capacidades de carga e/ou passageiros, que vem ganhando cada vez mais adeptos nos últimos 10 anos, deixa suficientemente claro que a mera substituição do carro pela moto não é suficiente para atender às necessidades de uma parte significativa do contingente de consumidores insatisfeitos com a falta de opções. Seja para quem prioriza o conforto e a segurança atribuídos a um automóvel convencional ou para quem deposita uma esperança na adaptabilidade a combustíveis alternativos inerente aos motores Diesel, uma moto com side-car vai ser tratada por muitos como um paliativo ao invés de uma solução. No tocante a triciclos, é interessante destacar tanto o caso daquele modelo chinês que foi comercializado como Gurgel TA-01 usando um motor Diesel de 1 cilindro horizontal quanto aqueles Bajaj indianos, que em alguns mercados também contam com essa opção como alternativa às versões equipadas com motor de ignição por faísca.


Gás: opção natural? Outra daquelas propostas tão apontadas como milagrosas que chegam a lembrar os produtos mirabolantes das Organizações Tabajara, o gás natural pode até estar de bom tamanho para alguns usuários mas está longe de ser inquestionável. Em tempos que as conversões para GNV de 5ª geração tornam menos sensível o prejuízo ao desempenho, e já se especula sobre a chegada de kits de 6ª geração no mercado brasileiro em resposta a uma maior presença da injeção direta entre os automóveis e utilitários com motor de ignição por faísca, o peso agregado e o volume ocupado pelo sistema de combustível seguem constituindo um inconveniente. A disponibilidade limitada do gás natural veicular, mais difícil de encontrar fora do eixo Rio-São Paulo e de outros grandes centros, também acaba inviabilizando uma adoção mais ampla desse combustível nos rincões do interior. No caso de pick-ups e utilitários esportivos, além da possibilidade de instalar os cilindros por baixo da carroceria diminuir a intrusão no compartimento de carga, o fato de serem menos visados pela ladroagem numa comparação aos mesmos modelos quando equipados com motores Diesel chega a soar atraente, mas não deveria servir como pretexto para negligenciar a questão da segurança pública cada vez mais precária tanto pela falta de investimentos quanto pela ascensão dos "direitos dos manos" no cenário político brasileiro. #Bolsonaro2018

Ah, os carros elétricos estão chegando... Daí a serem adequados à realidade brasileira, já é outra história. Convém lembrar o caso do BMW i3, que no exterior é oferecido tanto na versão puramente elétrica quanto na híbrida já trazida para o Brasil. Embora a autonomia esteja ficando menos limitada em função das baterias mais modernas, o tempo necessário para a recarga ainda é visto como um inconveniente por muitos potenciais usuários. Diante da precariedade do sistema elétrico nacional, que sofreu com uma prolongada falta de investimentos para atender com eficiência o crescimento no consumo culminando com os infames apagões e o racionamento de energia em 2001, além de outros casos mais isolados como o apagão de 2003 em Florianópolis provocado por um acidente na Ponte Colombo Salles e os transtornos causados por um temporal com queda de árvores sobre a fiação em Porto Alegre no ano passado, também fica realmente difícil desenvolver uma relação de confiança com veículos elétricos. A título de curiosidade, quando a Nissan promoveu uma série de eventos com test-drive do Leaf entre 2011 e 2012, valeu-se de geradores a óleo diesel para garantir a recarga das baterias.

12 comentários:

  1. Vamos por partes, como Jack o Estripador...

    É mesmo uma surpresa ver alguns ônibus híbridos operando no Brasil ainda que aos poucos, mas realmente seria mais coerente tentar firmar os híbridos como uma maneira de complementar as vantagens de motores naturalmente mais eficientes.

    Carro a álcool, se fosse bom, não teria virado flex para sobreviver no mercado. Eu já tive carro a álcool convertido para gasolina, um Santana, e cheguei a usar gás natural nele por uns tempos antes de vender. Mesmo com aquele trambolho no bagageiro, me incomodava menos para dar a partida de manhã cedo independente da temperatura.

    Moto eu dispenso, deixa para o cara que traz a pizza. Eu nunca gostei de moto, nem faço questão de aprender a pilotar. Prefiro chegar atrasado mas chegar inteiro. Nada contra quem gosta ou quem precisa usar para trabalhar, mas é o tipo de veículo que não foi feito para mim.

    Gás natural eu até acho válido, mas não a ponto de substituir plenamente o diesel. O peso e o volume iam ser um problema muito sério para caminhões em rotas de longa distância.

    Carro elétrico é outra coisa fadada ao fracasso pelo menos no Brasil por causa da falta de planejamento para melhorias da rede elétrica. A questão da autonomia também não me agrada.

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    1. Respondendo também por partes:

      De fato, ainda surpreende ver um ônibus híbrido em operação no Brasil, mas o que realmente pode vir a ditar o sucesso desse sistema se resume às conveniências políticas. Seria de se esperar que o etanol venha a prevalecer em regiões com uma produção sucroalcooleira mais forte e eventualmente controlada por grupos mais refratários a uma hibridização por motivos tão diversos quanto a incompatibilidade entre o etanol e a atual geração de motores usados em híbridos de ignição por faísca ou um mero interesse em assegurar uma reserva de mercado mais valiosa, enquanto o gás natural podendo ser substituído pelo biometano seja mais adequado à integração com a produção agropecuária predominante em outras localidades, e também não se pode esquecer completamente o biodiesel.

      O etanol está longe de ser o pior dos combustíveis, mas realmente a evolução lenta dos sistemas para uso desse combustível vem perpetuando desconfianças.

      Eu até gosto de motos, mas em alguns momentos a exposição excessiva tanto a fatores ambientais quanto outros riscos se torna de fato desagradável.

      Além do comprometimento da capacidade de carga, a minha objeção pelo gás natural se deve mais à mentalidade medíocre de quem se conforma em aceitar esse combustível como um pretexto para perpetuar as restrições ao Diesel em veículos leves.

      Já o carro elétrico ainda rende muitas discussões acaloradas. Embora alguns entusiastas aleguem que os carros elétricos foram prejudicados por uma evolução praticamente nula das baterias a partir de princípios do século passado quando ainda chegaram a ser predominantes, a geração e distribuição de energia é um processo mais desafiador do que alguns tentam fazer com que pareça. Sem infra-estrutura adequada, não teria nem como se empolgar muito caso a questão da autonomia venha a ser resolvida de uma forma economicamente viável e prática.

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  2. Carro híbrido eu nunca tive, elétrico só no autorama e os de controle remoto quando era pequeno, e moto sempre teve a desaprovação da minha família. Até já pensei em fazer a conversão para gás num Uno flex já que o álcool está com preços fora da realidade mesmo. Acho uma vergonha não ter uma produção mais descentralizada do álcool, já que a tecnologia é quase a mesma que se precisa para produzir cachaça, vodca ou qualquer outra bebida forte.

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    1. Entendo. A propósito: no tocante a motos, nem a minha madrasta quer que eu pegue uma.

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  3. Álcool hoje só vale usar em São Paulo mesmo. Híbrido ainda é artigo de luxo, e elétrico tem a limitação da autonomia que é ainda mais problemática para viagens longas. Gás é aquela faca de dois gumes, afinal se ainda quiser ter um bagageiro útil tem que partir para um veículo maior e menos prático para se usar no dia a dia nas grandes cidades e até nas de porte médio que já começam a ter problema com o trânsito. E moto é totalmente sem chance para quem procura um veículo para a família e ainda tem que aturar a patroa querendo levar quase tudo o que tem dentro de casa nas viagens.

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  4. Tengo un Lexus IS300h y no es de todo malo, pero tienes razón, no es posible decir que sean "perfectos". A mucha gente les gusta más el diesel y van a seguir más favorables.

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  5. Estive pensando em adicionar categoria de moto na minha carteira de motorista para poder usar uma Honda Biz na cidade e deixar o carro para distâncias mais longas, dia de fazer o rancho do mês, ou dias muito chuvosos. E como agora tem motos flex, ainda poderia economizar um pouco mais usando o álcool. Até ficaria tentada a investir a economia proporcionada por uma moto para fazer a conversão do meu carro para gás natural que também tem um preço bom. Em carro pequeno a diesel eu nunca andei, só em ônibus e em ambulância mesmo.

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    1. Observação interessante. E de fato, tanto o etanol quanto os combustíveis gasosos podem ter alguma importância para minimizar a demanda por óleo diesel convencional ou outros substitutivos, mas seria mais adequado tratá-los como um complemento numa política de segurança energética coerente às necessidades do país.

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    2. Ônibus a gás não, mas ambulância a gás eu já vi uma. Era uma daquelas Renault Trafic que teve o tanque do gás natural montado no lugar do tanque de combustível original. Só não sei como legalizaram isso, já que normalmente ainda exigem que se mantenha o tanque do combustível líquido no lugar mesmo que seja diminuído.

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    3. Também já vi essa adaptação, não só numa Trafic ambulância mas também numa que tinha sido transformada em motorhome. A ambulância com placas nacionais, a motorhome com placas argentinas.

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    4. Habilitação de moto é a meta para esse ano. A vontade de deixar de usar o carro todo dia é grande, não só pelo preço da gasolina mas pelo trânsito.

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  6. Carro elétrico parece bonito na teoria, mas até nos Estados Unidos onde se tem o faz-me-rir não dá tão certo. Tirando por base o problema com o fornecimento de energia elétrica durante a temporada de furacões na Florida, já não vale o risco.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html