sexta-feira, 2 de junho de 2017

Rápidas observações sobre o entusiasmo do ministro Blairo Maggi pelo etanol de milho

O etanol de milho ainda é um grande tabu no mercado agroenergético brasileiro, mas a defesa um tanto entusiasmada desse combustível por parte do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pode trazer novas perspectivas. A experiência dele como produtor de soja não pode ser desconsiderada, bem como o fato do Brasil já importar etanol de milho dos Estados Unidos tanto durante a entressafra da cana de açúcar quanto para atender à demanda da região Norte. Por mais que o etanol produzido a partir da cana seja inicialmente mais barato, o transporte desde as regiões produtoras concentradas no interior de São Paulo e na Zona da Mata nordestina torna-se mais complexo devido não apenas às dimensões continentais do país mas também à precária infraestrutura rodoviária e a dependência excessiva pelo modal rodoviário.

Em discurso proferido na última quinta-feira (1) durante a abertura do Fórum Mais Milho, em Castro-PR, o ministro apresentou justificativas bastante plausíveis na defesa de um ponto de vista que não deixa de ser bastante polêmico diante do comodismo que se consolidou em torno da cana como a principal e praticamente única matéria-prima para o etanol no Brasil. Um aspecto levantado por Blairo Maggi foi o cultivo do milho no Centro-Oeste ter se desenvolvido apenas pelos benefícios que a rotação de cultura traz para a produtividade da soja, visto que a remuneração do produtor não é tão atrativa quanto possa parecer. Dessa forma, torna-se menos temerária uma alegada competição com a oferta do milho para usos alimentícios. A perspectiva de agregar valor ao milho nacional através do uso como matéria-prima para o etanol não deixa de ser promissora, principalmente diante de temores quanto a uma eventual desvalorização desse cultivar caso venha a ocorrer uma retirada de subsídios à produção do biocombustível nos Estados Unidos.

A recente concessão de autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para o funcionamento de uma usina de etanol voltada ao uso exclusivo do milho a ser instalada pela multinacional americana Summit Agricultural Group em Lucas do Rio Verde-MT, em seguimento às 4 usinas "flex" já em operação no Mato Grosso e que fazem a moagem do grão durante a entressafra da cana, também foi mencionada pelo ministro Blairo Maggi, Com capacidade diária de produção de 685 mil litros de etanol hidratado para uso direto como combustível e o mesmo volume de anidro para a mistura obrigatória à gasolina, a futura inauguração da usina tende a impulsionar uma recuperação da competitividade do biocombustível e da posição de destaque que o Brasil deteve no setor da agroenergia até ser superado pelos Estados Unidos como maior produtor de etanol justamente pelo investimento americano no uso do milho como matéria-prima. Cabe recordar ainda o uso do grão de destilaria (DDG - distillation-dried grain) como substrato com alto teor de proteínas de alta digestibilidade na formulação de rações pecuárias, favorecendo o ganho de peso do gado até em comparação ao grão de milho ao natural.

Não seria de se descartar que um eventual sucesso da produção do etanol de milho no Brasil possa se mostrar relevante também para a pauta da liberação do Diesel, tendo em vista que uma oferta mais ampla de etanol pode impulsionar o uso tanto como complemento quanto em substituição ao óleo diesel convencional, diminuindo a pressão sobre o custo do combustível em aplicações no transporte comercial e na agricultura. Talvez seja ainda a última possibilidade para que o etanol volte a ser visto pelo consumidor brasileiro como uma alternativa eficaz para reduzir a dependência por combustíveis fósseis. Enfim, mesmo diante da mediocridade que ainda prevalece na atual geração de motores "flex" em uso nos veículos leves, só um menor impacto de oscilações na safra da cana e no direcionamento para a produção de açúcar já justificam o entusiasmo pelo etanol de milho.

Um comentário:

  1. Não duvido que logo mais os ânimos se acirrem entre ele e os usineiros, e no fim das contas quem vai pagar o pato seremos nós.

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Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
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