sexta-feira, 13 de julho de 2018

Coco: um bom contraponto a questionamentos quanto ao impacto dos biocombustíveis sobre a disponibilidade de alimentos

De uns tempos para cá, alguns produtos à base de coco tem aparecido como alternativa a congêneres derivados de soja e/ou do leite, desde outros que pareciam mais difíceis de abrir mão do ingrediente convencional como é o caso do molho shoyu historicamente feito de soja até produtos lácteos que já contavam com uma infinidade de alternativas vegetarianas como a manteiga para a qual o coco ganha espaço mais recentemente. Fatores tão diversos quanto uma eventual possibilidade de cultivar o coco em zonas menos favoráveis à soja, como no litoral, torna-se um possível contraponto às críticas em torno da destinação de grãos como a soja para a produção do biodiesel em detrimento de finalidades alimentícias. O coco não deixa de ter alguma rusticidade, podendo brotar até em meio à água salgada, o que também pode vir a representar um menor impacto no uso de água doce cujo tratamento para garantir a potabilidade acaba sendo mais fácil.
Em comparação com o óleo de soja, a maior viscosidade do óleo de coco pode à primeira vista soar como um empecilho para o uso como matéria-prima para o biodiesel, apesar de dispensar a polêmica hidrogenação que passou a ser tratada como uma ameaça à saúde por volta de 2005 quando chegou-se à conclusão de que a gordura vegetal hidrogenada frequentemente elaborada a partir do óleo de soja poderia acarretar num risco cardiovascular até maior que o das gorduras de origem animal. A bem da verdade, o coco já é usado em escala industrial para a produção de biodiesel em países como as Filipinas, e a possibilidade de se obter também açúcar a partir do coco é um bom indício de que a produção do biodiesel fique mais sustentável ao recorrer à mesma matéria-prima tanto para a gordura quanto para o álcool a ser usado na transesterificação, lembrando que tanto o etanol quanto o metanol podem ser obtidos pela fermentação. Logo, o coco oferece uma versatilidade semelhante à do milho no tocante à aplicabilidade na produção de biocombustíveis, embora não ofereça uma disponibilidade de proteínas comparável à da soja e do milho.
Diante de questionamentos quanto a um eventual impacto sobre a disponibilidade e custo de gêneros alimentícios em função da competição pelo uso de terras agricultáveis com commodities energéticas, é importante considerar que algumas hipóteses que antes pareciam uma verdade indubitável podem se revelar equivocadas. Se por um lado o coco pode satisfazer necessidades energéticas, por outro a soja ainda vai deter uma liderança no mercado de proteínas de base vegetal em função da grande escala de produção, mas fatores tão diversos quanto as condições ambientais fazem com que a produtividade de um ou do outro se mantenha mais satisfatória em regiões diferentes sem necessariamente representar um impacto na expansão das fronteiras agrícolas. Portanto, uma maior diversificação das matérias-primas destinadas à elaboração tanto de alimentos industrializados quanto de combustíveis não indica necessariamente qual seria efetivamente "superior", mas permite viabilizar a segurança alimentar sem sacrificar uma renovação da matriz energética.

9 comentários:

  1. Se uns primos meus do Japão virem shoyu de coco vão ficar meio chocados, e eu até acredito que se recusariam a chamar de shoyu. Mas deve ser mesmo feito basicamente para quem tem alergia à soja.

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  2. Não sou muito fã de comida japonesa, mas sempre tem quem use shoyu naquelas marinadas para temperar a carne ou a cebola. Então, será que esse molho feito de coco dá muita diferença no sabor para o tradicional feito de soja?

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  3. Será que muda muito o gosto?

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    1. Teria que provar para saber, mas como eu não sei nem qual é o modo de preparo do shoyu normal de soja não teria nem como estimar o quanto a mudança do ingrediente possa alterar o sabor.

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  4. Mas e o preço? Até pela escala de produção da soja no Brasil, de repente permaneça mais barato também de se usar o óleo de soja ao invés da gordura de coco, e o mesmo deve valer para o shoyu. No caso do açúcar de coco, sempre que eu vi estava mais caro que o da cana.

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    1. Além do mais, com essa moda dos "alimentos funcionais", não é de se duvidar que o preço dos derivados de coco se torne mais elevado que o de similares feitos a partir de outros cultivares. Mas eu nem cheguei a observar o preço desse shoyu de coco.

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  5. Asombroso. Nunca vi algo asi, pero quizas deberia intentar para el chicken adobo.

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