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sexta-feira, 7 de julho de 2017
Breves observações sobre a recente decisão da Volvo Car em tornar toda a linha dotada de alguma propulsão híbrida ou puramente elétrica em até 3 anos
Em matéria publicada ontem (6 de julho de 2017) com autoria atribuída a um certo Andrei Netto no site do jornal O Estado de São Paulo, o popular "Estadão", a notícia foi dada de forma um tanto sensacionalista e claramente equivocada como se a Volvo estivesse anunciando uma efetiva eliminação dos motores a combustão interna da linha, quando na verdade tem como meta permanecer integrando-os aos sistemas híbridos numa proporção mais ousada que a adotada por outros fabricantes tradicionais. Diga-se de passagem, em meio a tantos fabricantes que preferem não seguir o conceito do downsizing nos automóveis híbridos que oferecem, a Volvo vem insistindo em desenvolver soluções para mitigar o turbo-lag de forma eficaz e sem os eventuais desafios no âmbito da confiabilidade que ainda inibem uma incorporação de auxílios 100% elétricos devido ao risco acentuado de danos que os dispositivos poderiam sofrer pela exposição às altas temperaturas envolvidas na operação do turbocompressor, com destaque para o sistema eletropneumático PowerPulse que se vale de ar comprimido suprido por um compressor elétrico para impulsionar o rotor da turbina durante acelerações mais vigorosas em modelos equipados com o motor D5 como é o caso de versões Diesel do Volvo XC90, fazendo com que se tornem mais aptos à operação com desligamento automático em marcha-lenta (start-stop/idle shut-off).
Por mais ambicioso que o plano de uma "hibridização" total possa inicialmente parecer, a Volvo está numa posição bastante confortável para implementá-lo. Além de competir num segmento com maior valor agregado em comparação a fabricantes mais generalistas, o que acaba por suavizar o impacto do custo inicial de tecnologias mais recentes ou que sejam consideradas mais avançadas como é o caso de sistemas híbridos, o crescimento de vendas de 6,4% no ano passado - chegando a 11,5% na China - também soa convidativo a passos mais ousados. O domínio da tecnologia dos híbridos plug-in, que inclusive é aplicada ao menos a duas versões do Volvo XC90 T8 Plug-in Hybrid já disponibilizadas no Brasil, já pode ser visto como um primeiro passo, embora existam outros métodos que facilitariam a conclusão desse objetivo num prazo tão curto e de forma até mais facilmente assimilável por uma parte conservadora do público-alvo da marca. Uma das primeiras alternativas que vem à mente é o sistema BAS-Hybrid, recorrendo a um alternador diferente que também serve como motor de arranque e auxilia o motor a combustão em diferentes situações onde uma maior reserva de potência ou eventualmente um efeito de freio-motor mais intenso venham a ser desejáveis. Mesmo que abra-se mão da possibilidade de trafegar pequenas distâncias exclusivamente com o motor elétrico, convém destacar a "frenagem regenerativa" que promove uma recarga da(s) bateria(s) em condições de desaceleração e um eventual uso do sistema para manter o motor a combustão mais próximo de condições de carga ideais para a máxima eficiência específica (menor consumo por unidade de potência gerada) já desde a partida a frio.
Considerando fatores que vão desde o status atribuído à marca até o desenvolvimento de soluções efetivas para conciliar o melhor desempenho possível em meio a metas de consumo e emissões mais rígidas, não se pode alegar que a Volvo estaria tão distante da possibilidade de se firmar como uma nova referência no âmbito dos sistemas híbridos em aplicações automotivas e utilitárias leves. Também pode-se deduzir que, diante do alto grau de compartilhamento de componentes entre a atual geração de motores Drive-E tanto a gasolina quanto a Diesel, este último estaria longe de ter as perspectivas futuras tão seriamente ameaçadas por uma "hibridização" mais efetiva. Enfim, tudo indica um rumo irreversível a ser tomado pela Volvo, mas não seria algo tão surreal e arriscado como poderia parecer à primeira vista, tampouco uma ameaça de curto a médio prazo para os motores de combustão interna.
2 comentários:
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html
Puramente elétrico a curto prazo acho difícil de vender bem, mas a Volvo pelo visto já tem como fazer alguma coisa até para desafiar a Tesla.
ResponderExcluirVi um Volvo híbrido essa semana. Impressionante que um carrão assim use motor tão pequeno, já que tem quase o mesmo tamanho da Veraneio que o meu avô tinha.
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