O motor 5L-E teve uso no Brasil mais restrito à última fase da Hilux quadrada, com uma remodelação que foi aplicada à 5ª geração a partir de '99 somente na fábrica da Argentina ao invés de atualizar para a 6ª geração em sintonia com outros mercados até na América do Sul como na região andina, deixando de ser oferecido em 2005 quando a Euro-3 passou a vigorar por aqui. Naturalmente é um motor rústico ao extremo, com injeção indireta e aspiração natural que estão distantes de oferecer o mesmo desempenho que um motor como o 1GD-FTV alçado à condição de único motor disponível para a atual geração da Hilux no Brasil devido às novas normas de emissões evaporativas que afetaram especialmente a versão flex com o motor 2TR-FE movido a gasolina e etanol. Ainda assim, considerando diferentes perfis de uso priorizando aspectos mais essencialmente utilitários ao invés de somente simbolizar um status que até um público essencialmente urbano tem atribuído a caminhonetes, é previsível que em outros países como o Senegal um motor como o 5L-E ainda seja oferecido como uma opção mais conservadora aos 1GD-FTV e 2GD-FTV cuja presença do turbo e da injeção common-rail soe desnecessariamente onerosa tanto na aquisição quanto nas manutenções preventivas.
Um lugar para os malucos por motores do ciclo Diesel compartilharem experiências. A favor da liberação do Diesel em veículos leves no mercado brasileiro, e de uma oferta mais ampla de biocombustíveis no varejo.
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Seria o motor Toyota 5L-E o mais próximo de um sucessor espiritual do motor do Ford Modelo T?
O motor 5L-E teve uso no Brasil mais restrito à última fase da Hilux quadrada, com uma remodelação que foi aplicada à 5ª geração a partir de '99 somente na fábrica da Argentina ao invés de atualizar para a 6ª geração em sintonia com outros mercados até na América do Sul como na região andina, deixando de ser oferecido em 2005 quando a Euro-3 passou a vigorar por aqui. Naturalmente é um motor rústico ao extremo, com injeção indireta e aspiração natural que estão distantes de oferecer o mesmo desempenho que um motor como o 1GD-FTV alçado à condição de único motor disponível para a atual geração da Hilux no Brasil devido às novas normas de emissões evaporativas que afetaram especialmente a versão flex com o motor 2TR-FE movido a gasolina e etanol. Ainda assim, considerando diferentes perfis de uso priorizando aspectos mais essencialmente utilitários ao invés de somente simbolizar um status que até um público essencialmente urbano tem atribuído a caminhonetes, é previsível que em outros países como o Senegal um motor como o 5L-E ainda seja oferecido como uma opção mais conservadora aos 1GD-FTV e 2GD-FTV cuja presença do turbo e da injeção common-rail soe desnecessariamente onerosa tanto na aquisição quanto nas manutenções preventivas.
terça-feira, 20 de setembro de 2022
5 veículos improváveis que seriam tentadores para fazer testes com um motor Agrale M795W
2 - Fiat Mobi: com a proposta ambiciosa de suceder o Mille, está longe de ser o mais apreciado dentre os veículos mais recentes, embora venha sendo favorecido em frotas de empresas e entre motoristas do Uber. Dificilmente seria aprovada uma adaptação do motor Agrale M795W até por causa das normas de emissões aplicáveis a automóveis e para as quais esse motor nunca foi enquadrado, mas seria tentador e certamente alguns gestores de frota ficariam satisfeitos caso fosse permitido o uso;
3 - Chevette: um modelo que oferece relativa facilidade para algumas das mais improváveis adaptações de motor, destacando-se na própria linha Chevrolet o uso dos motores 153 ou 151 de 2.5L e 4 cilindros ou radicalizando com o 250 de 6 cilindros em linha e 4.1L que acaba exigindo mais modificações para a acomodação por ser muito comprido. Lembrando o precedente histórico do motor Chevrolet 151 numa versão movida a álcool/etanol ter substituído o motor Agrale M790 em alguns utilitários Agrale durante a década de '80 por conta de uma alteração nas alíquotas de IPI para veículos movidos a óleo diesel em função da capacidade de carga, por mais que sejam motores com concepções muito diferentes, talvez já seja um indicativo da viabilidade técnica para fazer testes com um M795W. Até a questão do peso, que poderia ser mais problemática em outros modelos, a princípio ficaria mais contornável tendo em vista o que já se faz com o "linguição" de 6 cilindros;
4 - utilitários Shineray: resquício de uma época que o dumping chinês foi mais forte, furgonetas Jinbei que foram vendidas no Brasil como Shineray dispunham de cópias bastante capengas do motor Suzuki F10A que está longe de ser uma grande referência de desempenho. Nesse caso, por mais que um motor Agrale M795W também seja consideravelmente austero, uma desvantagem nesse aspecto seria menos extrema. Mas principalmente em exemplares posteriores ao ano-modelo 2011, acabaria esbarrando nas mesmas dificuldades com relação à certificação de emissões referente ao Fiat Mobi;
5 - Ford Ka de 1ª geração: tanto os motores Endura-E quanto os Zetec-Rocam tem peculiaridades que podem fazê-los amados ou odiados por usuários com os mais diferentes perfis, e no caso específico do Zetec-Rocam algumas queixas que eu já ouvi referentes à fragilidade da carcaça da válvula termostática e a uma dificuldade para substituir a corrente de comando de válvulas durante uma retífica completa do motor levam a crer que algo mais abrutalhado e com o comando de válvulas sincronizado somente por engrenagens possa encontrar apreciadores. E nesse caso, por mais improvável que possa soar, talvez um motor Agrale M795W agradaria a alguns perfis de usuário mais austeros que eventualmente discordem da imagem de um motor com menos cilindros como um demérito.
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
5 empecilhos para um motor Diesel monocilíndrico com desempenho satisfatório ao uso veicular vir a fazer sucesso
1 - falta de precedentes históricos favoráveis a motores de 1 cilindro: naturalmente, mesmo usando como referências o Citroën 2CV e o Gurgel BR-800 que nunca tiveram qualquer opção de motor Diesel de fábrica, vale lembrar que o próprio João Augusto Conrado do Amaral Gurgel apontava a necessidade de um motor com ao menos 2 cilindros para um automóvel ter sucesso comercial. O caso de um motor monocilíndrico Diesel que fosse oferecido para adaptações podia acabar sendo visto de outra forma, em que pese um conservadorismo por parte de consumidores em segmentos mais austeros que rejeitavam a configuração de somente 1 cilindro. Portanto, mesmo bem difundido em outras aplicações, seria o mais provável que um estigma de gambiarra desencorajasse o uso de um motor Diesel monocilíndrico em automóveis;
2 - eventuais desproporcionalidades: tomando por referência dessa vez a Ford F-250, para a qual seria bastante improvável que alguém "ouse" propor a adaptação de qualquer motor monocilíndrico, convém destacar que o modelo usou em diferentes etapas do ciclo de produção no Brasil os motores Cummins B3.9 com 4 cilindros e comando de válvulas no bloco e MWM Sprint 6.07 TCA de 6 cilindros em linha e 4.2L com comando de válvulas no cabeçote. Por incrível que pareça, o MWM parece uma caixinha de fósforos sob o enorme capô de uma F-250, enquanto o Cummins é enorme. Logo, pode-se deduzir que a pura e simples diminuição na quantidade de cilindros nem sempre se reflete num tamanho compacto do motor em proporção à cilindrada, e o mesmo seria observado em motores que pudessem servir a um veículo menor;
3 - influência nas curvas de potência e torque: tomando como referência as motos, vale destacar uma diferença na preferência de consumidores em cada segmento. Enquanto uma moto trail como a Yamaha XT 225 usava motor de 1 cilindro, favorecendo o torque desde regimes de rotação menores, para outros tipos de moto um motor com mais cilindros pode ser preferível como nas custom que costumam dispor de motores V2 até por uma questão de tradição, mesmo que seja uma cópia chinesa da Yamaha Virago 250 como a Sundown V-Blade. Mesmo estando longe de ser uma regra geral, um motor monocilíndrico tende a apresentar os picos de potência e torque em regimes de rotação mais baixos que os possíveis em motores com uma quantidade maior de cilindros, e apesar de terem mais força nas arrancadas tendem a ficar mais limitados quanto à velocidade máxima;
4 - compensar rotações menores com mais cilindrada: lembrando que o segmento das custom deixou as opções de motor V-Twin de 250cc para trás, enquanto hoje um grande destaque com motor de 350cc e somente 1 cilindro é a Royal Enfield Meteor, e apesar da potência vir em rotações mais baixas sendo bastante parecida o destaque é o torque maior e mais distribuído em baixas e médias rotações. Portanto, considerando uma relação final de transmissão mais longa, um motor monocilíndrico com regimes de rotação mais austero e cilindrada mais alta pode atender satisfatoriamente. E o mesmo que se aplica às motos, mesmo que predominem os motores a gasolina, também seria aplicável aos motores Diesel;
5 - controle de vibrações e aspereza: tomando por referência o caso da Volvo, que nos últimos anos teve a ousada estratégia de eliminar motores entre 5 e 8 cilindros para concentrar-se em opções com 3 ou no máximo 4 cilindros, vale lembrar que é comum apontar uma maior facilidade para usar a ordem de fogo de um motor para tentar anular vibrações. Outras estratégias tão diversas quanto o uso de eixos contrabalanceadores, volante bimassa ou até superdimensionar o bloco como se vê em alguns motores estacionários/industriais e até de propulsão naval poderiam diminuir ganhos na eficiência térmica que um motor de somente 1 cilindro poderia apresentar em determinadas condições operacionais, também lembrando que acarretam um aumento no custo e complexidade. E por mais que SUVs de luxo como os Volvo XC60 e XC90 estivessem entre os últimos modelos que se esperaria ver alguém "ousando" fazer adaptações com motores Diesel de 1 cilindro "de barco" em substituição ao original com 4 cilindros que chegou a ser oferecido na geração atual antes de serem priorizadas versões híbridas plug-in a gasolina, a questão do controle de vibrações despertou tanta polêmica quanto a percepção de prestígio vinculada à quantidade de cilindros tão logo a Volvo começou a focar mais no downsizing.
quinta-feira, 8 de setembro de 2022
Comando de válvulas no bloco ou no cabeçote: uma breve reflexão
Naturalmente, a posição do comando de válvulas está longe de determinar a sincronização, e é possível motores com comando no bloco recorrerem a correntes ou até correia dentada ao invés de engrenagens que o Cummins B6.7 usa, enquando alguns motores com comando de válvulas no cabeçote a exemplo do Isuzu 4HF1 usado quando o caminhão Isuzu NPR foi vendido no Brasil como GMC 7-110 recorrem justamente às engrenagens em nome da robustez. Uma eventual desvantagem de motores com comando de válvulas no cabeçote é ficarem mais altos, especialmente crítico em modelos de cabine avançada que nunca impediu a Isuzu de consolidar o uso dessa configuração mesmo que concorrentes e até motores frequentemente adaptados nos caminhões Isuzu/GMC remanescentes no Brasil priorizem o comando no bloco, e para os mercados dos Estados Unidos e Canadá ironicamente versões a gasolina do Isuzu NPR usem motores V8 da GM com comando no bloco e sincronização por corrente, e modelos maiores Isuzu da série F sejam produzidos nos Estados Unidos com o motor Cummins B6.7 ao invés de motores Isuzu da série H com comando no cabeçote usados em outras regiões. Apesar de alguns operadores tratarem o comando de válvulas no bloco com algum desprezo, tanto por necessitar de varetas para o acionamento dos balancins de válvula quanto por simplesmente perceberem como algo "antigo", é equivocado supor que vão ser inerentemente "inferiores" que o comando no cabeçote...
sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Ford "sapão": em vias de tornar-se um clássico improvável
Foi oferecido somente com motores MWM de 6 cilindros em linha, desde alguns raros exemplares com o motor da série 229 de 5.9L quanto o 6.10 de 6.5L e sempre com aspiração natural, uma característica que é simplesmente impossível de encontrar nos caminhões novos e já era questionada mesmo durante o ciclo de produção do Ford "sapão" à medida que o turbo marcava mais presença tanto na concorrência quanto em outros modelos da própria Ford. Nisso se diferenciava dos americanos com diversas opções de motor tanto V8 a gasolina quanto alguns V8 Diesel de 8.2L da Detroit Diesel e 10.4L da Caterpillar de '80 a '85, de '85 até '92 motores Ford-New Holland Diesel de 6 cilindros em linha entre 6.6L e 7.8L feitos no Brasil, e por fim os Cummins B5.9 que no Brasil a Ford chegou a usar no sucessor do "sapão" e o C8.3 que nenhum caminhão Série F brasileiro usou. Vale lembrar que o Ford "sapão" contou sempre com câmbio manual de 5 marchas, enquanto o similar americano já dispunha até de câmbio automático.
Praticamente sumido do segmento de distribuição urbana, hoje é mais provável ver um Ford "sapão" na construção civil e atividades correlatas, até pela percepção de caminhões de cabine avançada como uma opção mais prática para a operação urbana e alterações na regulamentação de peso máximo sobre o eixo dianteiro que ao passar de 5 para 6 toneladas tornou os "bicudos" menos desejáveis aos olhos de muitos gestores de frota. Assim como alguns carros antes até muito comuns de se avistar pelas ruas vão ficando raros sem que nos demos conta, o mesmo parece ter acontecido com o Ford "sapão", e certamente pode ser atribuída às condições operacionais severas que tem prevalecido nessa linha uma dificuldade a mais para uma quantidade significativa de exemplares ser preservada e eventualmente alcançar um status de peça de colecionador. Enfim, tendo em vista que o Ford "sapão" tinha concepção tradicional e aparência moderna para uma época de transição dos "bicudos" para os "cara-chata", seria um clássico improvável.