segunda-feira, 15 de abril de 2013

Petrobras: evidente desinteresse pela segurança energética

Ontem, numa entrevista ao jornal Zero Hora, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, declarou "achar lindo" os engarrafamentos que tanto atormentam a população das principais cidades brasileiras, em função do aumento no consumo de gasolina (e também de etanol, gás natural e óleo diesel) provocado por tais situações.
Apesar de entender que os gestores públicos deveriam "ter sempre planos diretores para orientar o fluxo de carros a favor da sociedade", demonstra estar alinhada com a postura parasitária que tem predominado nos órgãos públicos brasileiros. Já não é o primeiro vacilo da Petrobras no tocante à segurança energética brasileira, diga-se de passagem.
Mesmo que a finalidade da empresa, como a de qualquer concorrente, seja o lucro, deveria ser no mínimo constrangedor jogar a merda no ventilador para um executivo assumir tão escancaradamente o apreço pela ineficiência estatal, sobretudo num setor tão essencial à economia num país tão dependente do modal rodoviário. Convém recordar que hoje todas as refinarias de petróleo instaladas na república tupiniquim são sucateadas gerenciadas pela Petrobras, apesar do monopólio ter sido extinto em 2002, bem como o subsídio ao óleo diesel para priorizar as aplicações no transporte pesado.

Na época, chegou a haver expectativas em torno de um fim às amarras burocráticas que impedem um automóvel de passeio de ser legalmente movido a diesel no mercado brasileiro, mas não passou de especulação. Enquanto isso, modelos produzidos localmente como o Ford Fiesta e o Fiat Marea dependiam da oferta de motores Diesel em mercados de exportação...

Chega a ser irônico ver argentinos rodando durante o verão em Santa Catarina com carros a diesel enquanto os macaquitos brasileiros ficam reféns da péssima qualidade da gasolina, pouca autonomia proporcionada pelo etanol, e da disponibilidade limitada do gás natural, predominantemente importado da Bolívia.
Não custa lembrar também o episódio de 2006, quando as instalações da Petrobras em Santa Cruz de la Sierra foram tomadas de assalto pelo governo boliviano durante a "nacionalização" dos hidrocarbonetos, desrespeitando contratos ainda em vigor. O presidente Evo Morales ainda teve o cinismo de dizer que a Petrobras deveria deixar a infra-estrutura para exploração do gás como "um presente para o povo boliviano". Do mesmo modo que o mundo ficou refém do revanchismo da coalizão islâmica liderada pelo Egito derrotada na Guerra do Yom Kippur em 1973, levando os sheiks a promoverem um aumento exponencial da cotação do barril de petróleo, o governo brasileiro se curvou vergonhosamente aos caprichos bolivianos. Na época dos militares, pelo menos havia algum patriotismo verdadeiro motivando a busca por um maior equilíbrio da matriz energética, culminando no ProÁlcool...

Se ao invés de direcionar uma parte significativa do lucro para patrocinar "artistas" e "intelectuais" de esquerda e se curvar a caprichos ditatoriais, houvesse atualmente um maior esforço de pesquisa e desenvolvimento voltado à intensificação do uso de biocombustíveis, a Petrobras poderia dar uma contribuição mais expressiva à segurança energética nacional, proporcionando ainda um cenário mais favorável à liberação do Diesel para qualquer veículo sem distinções.

sábado, 13 de abril de 2013

"Utilitários": critério extremamente subjetivo

Não há de se duvidar que esse Celtinha leve mais carga do que muita caminhonete...
Por conta de uma definição arbitrária, que não é encerrada mesmo estando obsoleta frente ao avanço da tecnologia automotiva, o consumidor brasileiro se vê privado das vantagens de motores Diesel em veículos leves. Sob o pretexto de priorizar o óleo diesel ao transporte de massa e à atividade rural, a definição do que pode ou não ser considerado um veículo "utilitário" deu margem a algumas distorções.
Em função do custo inicial inferior, se vê muitos carros compactos como o Fiat Uno sendo utilizados para trabalho, enquanto algumas caminhonetes legalmente aptas a usar o Diesel, como a Dodge Dakota, no que depender do proprietário nunca vão carregar mais do que uma meia dúzia de sacolas de supermercado...

Além da maior eficiência térmica em comparação com o ciclo Otto, predominante nos automóveis disponíveis no mercado brasileiro, hoje os principais estereótipos que davam ao Diesel a fama de poluidor foram devidamente neutralizados com o progresso da tecnologia de sistemas de injeção e gerenciamento de motores, bem como o pós-tratamento de gases de escape. Não é à toa que mesmo alguns veículos com aerodinâmica pouco apurada como o Fiat Fiorino Qubo, quando equipados com motor Diesel, obtém uma eficiência que permite manter a competitividade mesmo com relação aos híbridos como o Toyota Prius.

Um dos casos mais intrigantes, ao se observar o nicho de mercado dos veículos "ecológicos", é o da versão brasileira do Volkswagen Polo BlueMotion: enquanto os europeus disfrutavam de um TDI com médias de consumo orbitando os 25km/l em tráfego urbano e 30km/l em rodovia, do lado de cá do Atlântico o mesmo EA-111 1.6L TotalFlex não vai além dos 21km/l com gasolina na estrada...

Não faz sentido manter o consumidor brasileiro alheio às vantagens técnicas do Diesel, que em função da estupidez burocrática está alçado à condição de privilégio reservado a quem possa ter um veículo naturalmente mais beberrão em função do porte avantajado e/ou das capacidades de carga e tração, como por exemplo uma Ford F-1000 ou um Hyundai Terracan.

Infelizmente, a incompetência estatal é institucionalizada, e quem acaba recorrendo a veículos de menores dimensões e capacidades, como uma Fiorino ou uma Ford Courier, fica refém de burocratas arbitrários sem nenhum embasamento técnico nem conhecimento prático do cotidiano do setor de transportes, e totalmente rendido a um governo que não dá a mínima importância para a segurança energética e eventualmente lança mão de falácias com um falso viés ambientalista num intento de mascarar a própria incompetência e má-vontade perante os cidadãos.

Peugeot 106: no exterior, algumas versões com motor Diesel beiravam os 30km/l com facilidade
Não há nenhuma justificativa plausível para manter restrições arbitrárias contra motores Diesel em função das capacidades de um automóvel, seja um subcompacto ou uma caminhonete full-size.

Para os temerosos quanto a um eventual desabastecimento apontado constantemente pelos críticos mais alarmistas, prejudicando o transporte rodoviário de longa distância feito com caminhões, principal modal do escoamento da produção brasileira, convém ressaltar a maior adaptabilidade dos motores do ciclo Diesel a diversos combustíveis alternativos, desde óleos vegetais puros até o etanol, com maior eficiência e menos variações no desempenho do que a atual geração de motores "flex".

Peugeot 504: apenas a versão pickup foi importada oficialmente, por ser a única legalmente apta ao Diesel
Assim, receios no tocante à segurança energética que anteriormente balizaram a limitação aos ditos "utilitários" mostram-se infundados, não havendo qualquer justificativa plausível para manter a República das Bananas na vergonhosa condição de único país a proibir que alguns veículos usem motor Diesel por mera formalidade...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Transporte de valores: submetendo as vantagens do Diesel a condições operacionais de extrema exigência

Uma atividade bastante perigosa, o transporte de valores é mais um cenário operacional em que o Diesel reina soberano. Não apenas em função das vantagens no tocante à rentabilidade operacional devido à despesa menor com combustível em comparação com um motor de ignição por faísca capaz de proporcionar desempenho comparável, mas também em função de características que privilegiam a segurança, como o menor risco de incêndios e explosões inerente ao óleo diesel, ao biodiesel e até mesmo a óleos vegetais que porventura sejam usados diretamente como combustível.

É relevante salientar que a operação segue cronogramas rígidos, quase como a logística de recursos militares, e para conferir uma certa agilidade a veículos com peso bruto total entre 7 e 9 toneladas, perfil em que se enquadra a maioria dos carros-fortes brasileiros, mesmo um motor Diesel de 4 cilindros entre 3.6L e 5.0L mostra-se até mais eficaz que os tão idolatrados V8 a gasolina. Até motores antigos e de potência modesta como o OM314 da Mercedes-Benz, anterior à massificação do turbo, seguem enfrentando a árdua rotina desse serviço.

Mesmo durante as paradas, é usual que os veículos permaneçam com o motor acionado, o que se por um lado poupa segundos que o motorista teria para reagir a uma ameaça e dar início a manobras evasivas acaba por aumentar o consumo médio de óleo diesel. O sistema de desativação automática em marcha-lenta (Start/Stop), que se mostra mais vantajoso em ambiente urbano e é amplamente empregado em híbridos, ainda não é tão popular em veículos pesados a nível mundial, tampouco nacional onde ainda é encarado mais como curiosidade e, quando aplicado a motores Diesel, enfrenta até a desconfiança de potenciais consumidores sobretudo em função de eventuais contratempos na partida a frio e manutenção da temperatura-padrão de funcionamento durante a operação no inverno, mesmo que tais inconvenientes já tenham soluções conhecidas e facilmente aplicáveis.
De qualquer forma, o uso de motores Diesel já contribui para uma maior eficiência, permitindo o uso de tanques menores e mais fáceis de instalar em pontos menos vulneráveis do veículo, sem no entanto sacrificar a autonomia. O mais comum é que o tanque tenha capacidade entre 150 e 215 litros. Considerando um consumo médio na faixa dos 3 a 4km/l em percursos urbanos e de 5 a 6km/l nos deslocamentos rodoviários, já possibilita viagens entre Florianópolis e Porto Alegre sem paradas para reabastecimento.

Também é conveniente recordar as vantagens no tocante às rotinas de manutenção: com maiores intervalos entre procedimentos mais simples, associados a uma durabilidade superior, pode-se manter os cronogramas de serviço com uma margem de segurança mais ampla sem comprometer a correta conservação dos veículos, reduzindo riscos de falhas mecânicas. Por parte do operador, o domínio de técnicas como uma exploração mais efetiva da potência de frenagem (freio-motor) prolonga a vida útil dos freios, que são um ponto particularmente crítico na condução de um veículo pesado...


Finalmente, pode-se deduzir que o Diesel apresenta qualidades que ainda o credenciam como uma solução inquestionável para os veículos de transporte de valores, mesmo em meio às limitações trazidas pela atual legislação de emissões de poluentes...