sábado, 5 de agosto de 2017

Mais uma pérola do YouTube: Peugeot 406 Diesel com motor XUD11 BTE adaptado para motorista paraplégico na Argentina

Não é nenhuma novidade que os motores Diesel tem características específicas que o diferenciam dos motores de ignição por faísca, entre as quais pode-se destacar a ausência de vácuo no coletor de admissão, especialmente os mais antigos que não contavam com a válvula-borboleta que controlava a aceleração em função do fluxo de ar (throttle-plate). Se por um lado a inexistência dessa restrição ao fluxo de ar é um dos fatores para a maior eficiência térmica do Diesel, por outro o vácuo gerado nos coletores de admissão nos similares de ignição por faísca pode ser utilizado para acionar diversos dispositivos, desde o servo-freio (o popular "hidrovácuo") usado para aliviar a força necessária ao acionamento dos freios de serviço até alguns sistemas de automatização da embreagem normalmente usados em adaptações veiculares para deficientes físicos. Entretanto, há outros meios tanto para prover vácuo (através de bomba acionada eletricamente ou então pelo motor) quanto para atuar uma embreagem automaticamente sem a necessidade do vácuo (por meio de servos elétricos), e portanto não é impossível que veículos com motor Diesel e câmbio manual possam ser adaptados para a condução por deficientes.

O vídeo abaixo, publicado pelo argentino Luciano Lacoa, mostra ele fazendo alguns comentários sobre a experiência conduzindo um Peugeot 406 com motor XUD11 BTE turbodiesel de 2.1L e adaptado com alavanca manual para controle de acelerador e freio, que é o sistema mais popular entre motoristas paraplégicos, e também uma automatização da embreagem. Logo chama a atenção a posição do comando manual de freio e acelerador à direita, considerada inconveniente por alguns ao fazer com que o condutor precise soltar o dispositivo durante as trocas de marcha e assim não possa manter o rev-matching.
Por mais que não especifique qual é a provisão de força para acionar a embreagem, demonstra algumas insatisfações com a falta de precisão do controle e estima uma eventual redução da vida útil da própria embreagem em até 3 vezes. De fato, o gerenciamento dessa embreagem automatizada parece ser mais rústico que os sistemas mais usados no Brasil, recebendo feedback somente pela posição do pedal do acelerador ao invés de responder a parâmetros mais precisos como a rotação do motor e o toque do condutor na alavanca de câmbio, e assim fica mais difícil até aproveitar o efeito do freio-motor para desacelerar mais rapidamente o motor, bem como reduzir as distâncias de frenagem e o desgaste dos freios.

Embora demonstre preferência pelos motores a gasolina, o condutor reclama do preço desse combustível por lá e que para manter a economia precisaria usar gás natural, perdendo espaço no porta-malas e necessitando descer do veículo sempre que fosse abastecer, situações que se tornam ainda mais inconvenientes para um paraplégico. Também recomenda que outros motoristas na mesma situação optem pelo câmbio automático devido à maior facilidade para adaptar, no que tem toda razão. Pode-se até concluir que uma eventual insatisfação do usuário dessa adaptação se dá mais pela atuação da embreagem que pelo tipo de motor usado, situação que tende a ser eliminada em outras adaptações à medida que o câmbio automático vai se tornando mais popular também em veículos com motor Diesel.

13 comentários:

  1. Gostaria de compartilhar um vídeo que achei interessante sobre motos a diesel: https://youtu.be/OzApiVUegNw

    ResponderExcluir
  2. Me acuerdo de unos comandos ortopedicos que controlaban no solo el accelerador y el freno, pero tambien el embrague, todo a mano, aún que lo haya visto ese en autos nafteros. No me voy a juzgar el propietario del Peugeot, pero quizás lo iba a tener mejor comodidad con un de eses en que pese tener que hacer un control más por el embrague.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já vi daqueles comandos manuais triplos. Ainda são relativamente comuns em função do custo menor que o de uma instalação com automatização da embreagem e até pela facilidade de manutenção, já que não fica nenhuma alteração no compartimento do motor nem no sistema elétrico original do veículo.

      Excluir
  3. Eu já dirigi com adaptação toda manual, pelo menos conseguia controlar a embreagem por conta própria de um jeito que prejudicava menos o motor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Até já vi algumas adaptações com acelerador, freio e embreagem manual, mas ainda eram um tanto precárias.

      Excluir
  4. Será que não teria como pegar sinal de outro canto para fazer a embreagem funcionar mais progressiva?

    ResponderExcluir
  5. Um vizinho meu que é cadeirante teve uma Blazer adaptada, mas a embreagem era manual mesmo. Já até peguei caronas com ele quando precisava deixar o meu carro na revisão. Hoje que quase todo carro novo tem câmbio automático no mínimo como opcional, de vez em quando me surpreende ver que mesmo esse vizinho que só pode dirigir carros devidamente adaptados ainda aconselhe a meninada do condomínio sobre a importância de se saber controlar uma embreagem.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já tive um vizinho assim também, mas a caminhonete dele era uma daquelas F-1000 com cabine dupla de fundo de quintal. Na época eu era menino e não tinha nem como tirar carteira de motorista, mas algumas vezes em dia de chuva eu pegava carona com ele depois da escola e ainda tinha espaço para guardar a bicicleta na carroceria. Mas aquela alavanca cheia de molas com uma manopla de acelerador de moto é uma coisa que nunca saiu da minha memória.

      Excluir
  6. Yo uso un comando manual para embrague, freno y acelerador manual. Acelero como en las motos, freno para frente y embrague para bajo.

    ResponderExcluir
  7. Na igreja onde eu congrego tem um irmão que usa cadeira de roda e tem um carro com adaptação parecida, mas o dele é a gasolina mesmo e diz ele que não dá esse problema com a embreagem.

    ResponderExcluir
  8. Já vi até microtrator daqueles de duas rodas, tipo tobata, com uma embreagem automática adaptada. Chega a parecer até estranho que não tenham conseguido fazer uma instalação bem feita no carro do argentino.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É outro sistema, totalmente diferente. Além do mais que nos microtratores, como costuma ser usado acoplamento por correias, podem ser adaptadas polias feitas sob medida e já incorporando uma embreagem centrífuga.

      Excluir

Seja bem-vindo e entre na conversa. Por favor, comente apenas em português, espanhol ou inglês.

Welcome, and get into the talk. Please, comment only either in Portuguese, Spanish or English.


- - LEIA ANTES DE COMENTAR / READ BEFORE COMMENT - -

Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html