sábado, 13 de abril de 2013

"Utilitários": critério extremamente subjetivo

Não há de se duvidar que esse Celtinha leve mais carga do que muita caminhonete...
Por conta de uma definição arbitrária, que não é encerrada mesmo estando obsoleta frente ao avanço da tecnologia automotiva, o consumidor brasileiro se vê privado das vantagens de motores Diesel em veículos leves. Sob o pretexto de priorizar o óleo diesel ao transporte de massa e à atividade rural, a definição do que pode ou não ser considerado um veículo "utilitário" deu margem a algumas distorções.
Em função do custo inicial inferior, se vê muitos carros compactos como o Fiat Uno sendo utilizados para trabalho, enquanto algumas caminhonetes legalmente aptas a usar o Diesel, como a Dodge Dakota, no que depender do proprietário nunca vão carregar mais do que uma meia dúzia de sacolas de supermercado...

Além da maior eficiência térmica em comparação com o ciclo Otto, predominante nos automóveis disponíveis no mercado brasileiro, hoje os principais estereótipos que davam ao Diesel a fama de poluidor foram devidamente neutralizados com o progresso da tecnologia de sistemas de injeção e gerenciamento de motores, bem como o pós-tratamento de gases de escape. Não é à toa que mesmo alguns veículos com aerodinâmica pouco apurada como o Fiat Fiorino Qubo, quando equipados com motor Diesel, obtém uma eficiência que permite manter a competitividade mesmo com relação aos híbridos como o Toyota Prius.

Um dos casos mais intrigantes, ao se observar o nicho de mercado dos veículos "ecológicos", é o da versão brasileira do Volkswagen Polo BlueMotion: enquanto os europeus disfrutavam de um TDI com médias de consumo orbitando os 25km/l em tráfego urbano e 30km/l em rodovia, do lado de cá do Atlântico o mesmo EA-111 1.6L TotalFlex não vai além dos 21km/l com gasolina na estrada...

Não faz sentido manter o consumidor brasileiro alheio às vantagens técnicas do Diesel, que em função da estupidez burocrática está alçado à condição de privilégio reservado a quem possa ter um veículo naturalmente mais beberrão em função do porte avantajado e/ou das capacidades de carga e tração, como por exemplo uma Ford F-1000 ou um Hyundai Terracan.

Infelizmente, a incompetência estatal é institucionalizada, e quem acaba recorrendo a veículos de menores dimensões e capacidades, como uma Fiorino ou uma Ford Courier, fica refém de burocratas arbitrários sem nenhum embasamento técnico nem conhecimento prático do cotidiano do setor de transportes, e totalmente rendido a um governo que não dá a mínima importância para a segurança energética e eventualmente lança mão de falácias com um falso viés ambientalista num intento de mascarar a própria incompetência e má-vontade perante os cidadãos.

Peugeot 106: no exterior, algumas versões com motor Diesel beiravam os 30km/l com facilidade
Não há nenhuma justificativa plausível para manter restrições arbitrárias contra motores Diesel em função das capacidades de um automóvel, seja um subcompacto ou uma caminhonete full-size.

Para os temerosos quanto a um eventual desabastecimento apontado constantemente pelos críticos mais alarmistas, prejudicando o transporte rodoviário de longa distância feito com caminhões, principal modal do escoamento da produção brasileira, convém ressaltar a maior adaptabilidade dos motores do ciclo Diesel a diversos combustíveis alternativos, desde óleos vegetais puros até o etanol, com maior eficiência e menos variações no desempenho do que a atual geração de motores "flex".

Peugeot 504: apenas a versão pickup foi importada oficialmente, por ser a única legalmente apta ao Diesel
Assim, receios no tocante à segurança energética que anteriormente balizaram a limitação aos ditos "utilitários" mostram-se infundados, não havendo qualquer justificativa plausível para manter a República das Bananas na vergonhosa condição de único país a proibir que alguns veículos usem motor Diesel por mera formalidade...

5 comentários:

  1. Tem que liberar logo motor a diesel, pelo menos para taxista. Antes do gás virar moda só taxista podia usar.

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    1. Poderia até ser um começo, mas a essa altura do campeonato é melhor liberar também para o consumidor normal logo de uma vez.

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  2. O Brasil de Lula quer os Taxicista os transportadores em geral gastem todo o dinheiro que ganha em manutenção e combustíveis, com veículos cada vez mais fragíl quebrando com pouco KM.Por isso que o mercado de veiculo aqui vai piorar por que o brasileiro está comprando porcariada e não tão nem querendo carro mais novos por que estão quebrando mais que os veículos velhos...isso e uma vergonha...fora o ipva e o dinheiro que os nosso dirigentes levam das montadoras..E o mesmo roubo da petrobras ...Efeito domino e desesperador..

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  3. Vejo muito peão usando carro pequeno para carregar material de obra, então impedir eles de usar motor a diesel é penalizar quem trabalha. Isso tem que acabar um dia.

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  4. Brasil é essa semvergonhice mesmo, e o povo pagando o pato.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html