segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ambulâncias: correndo contra o tempo com a força do Diesel

Numa emergência médica, é importante ter recursos nos quais se possa confiar para garantir um atendimento seguro e com a agilidade necessária. E não é só a disponibilidade de equipamentos médicos avançados que importa, até a escolha do motor a ser usado na ambulância pode fazer a diferença entre a vida e a morte...
Por mais bizarro que possa parecer, no caso de uma ambulância UTI-móvel, por exemplo, a grande quantidade de equipamentos elétricos e eletrônicos de alto consumo energético demanda força nas baterias e no próprio sistema elétrico do veículo. Portanto, um motor que vá sofrer menos riscos de "apagar" subitamente quando um desfibrilador esteja em uso é significativamente vantajoso, e esse é o caso do Diesel devido ao uso de ignição por compressão. Mesmo os mais novos com gerenciamento eletrônico tem o desempenho menos prejudicado em comparação com um motor de ignição por faísca...

Não há dúvidas quanto à aptidão dos motores Diesel ao trabalho pesado, e o segmento das ambulâncias não foge à regra. Apesar de alguns estereótipos associarem Diesel com respostas mais lentas ao acelerador, hoje é praticamente impossível encontrar uma ambulância full-size com motor de roçadeira do ciclo Otto, ainda que por problemas burocráticos brasileiros não seja possível usar motores Diesel em ambulâncias compactas, e o tão enaltecido "gás natural veicular" demande um sistema que pesa e ocupa espaço demais...
O consumo menor é uma vantagem significativa nesses tempos em que a gasolina e a pinga o etanol estão absurdamente caros, mesmo que o óleo diesel não esteja com o melhor preço... Ainda, os maiores intervalos de manutenção garantem mais disponibilidade para o veículo atender às emergências.
Não é difícil encontrar relatos de motoristas em utilitários com motor Diesel atingindo velocidades que muitos carros médios sofrem para alcançar, como versões antigas do Renault Master com motor IVECO 2.8L, bastante conceituado pelos socorristas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
Apesar de ser "amansado" em comparação com motores da mesma faixa de cilindrada usados em pickups médias de agroboy, alguns operadores dizem não ser impossível chegar aos 170km/h, e as acelerações são seguras como num carro de passeio apesar do tamanho e peso. Nas versões mais recentes, com o motor 2.5L dCi, apesar de cortar giro a 150km/h, o torque mais alto faz com que a resposta seja ainda mais rápida.

Mesmo que sistemas de gerenciamento eletrônico estejam sendo incorporados nos motores Diesel, como as injeções common-rail, estes continuam tendo um funcionamento mais simples devido à ausência de um sistema de ignição por faísca com velas que sofrem com o desgaste e a carbonização dos eletrodos, cabos que eventualmente deixam escapar corrente quando estão velhos e ainda as delicadas bobinas.
Ou seja, mesmo que o arcaico distribuidor tenha sido eliminado, os sistemas de ignição por faísca continuam com pontos sensíveis demandando mais manutenção e prejudicando o funcionamento do motor quando não recebem a atenção necessária, além de serem menos resistentes a condições ambientais mais severas... E ainda é mais seguro estar rodando no (bio)diesel em localidades mais remotas, com menos acesso a uma rede de reabastecimento, tornando possível numa emergência o uso de qualquer combustível líquido, ainda que a lubrificação do sistema de injeção possa ficar comprometida...
Para os militares, além das vantagens citadas, vale destacar a simplificação do processo logístico de peças de reposição e a menor emissão de radiação eletromagnética, dificultando a detecção dos veículos por radares inimigos.

Ainda há quem alegue que os motores Diesel sofrem mais na hora da partida a frio...
Isso é uma meia-verdade, levando-se em consideração que motores do ciclo Otto também sofrem na partida a frio, principalmente quando usam cachaça etanol como é bastante comum no inferno Brasil, e depois demoram mais tempo para estabilizar a marcha-lenta.
No caso dos Diesel, vale destacar ainda que a evolução nos sistemas de injeção foi mais significativa que no ciclo Otto nos últimos tempos, principalmente com a menor presença de sistemas de injeção indireta que cada vez mais foram perdendo espaço para a mais eficiente injeção direta, fazendo com que a partida a frio se tornasse menos difícil, e mesmo assim ainda é possível encontrar motores Diesel novos de injeção direta com as glow-plugs (velas de pré-aquecimento) no cabeçote ou grid-heaters no coletor de admissão.

Não é de se estranhar que mesmo em países com inverno extremamente frio como Suíça, Alemanha, Suécia e até na Islândia a participação de modelos com motor Diesel no mercado é bastante expressiva, e tal característica acaba sendo extensiva ao segmento das ambulâncias...

Na prática, por mais que ainda existam opiniões em contrário, motores Diesel são a melhor opção para uma ambulância...

2 comentários:

  1. Os motores diesel, na minha opinião, são mais confiaveis em todas as situações, principalmente em veiculos de salvamento, já que os equipamentos consomem mta energia do alternador, sem contar que o diesel ainda tem força pra rodar mais algum gerador também, nao sobrecarregando o alternador...

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  2. Exatamente. Não é à toa que em algumas caminhonetes americanas a opção de tomada de força incorporada ao câmbio está restrita às versões com motor Diesel.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html