Não há dúvidas quanto à maior aptidão dos motores Diesel à aplicação em ambientes extremos, e um bom exemplo está em aplicações náuticas. Ainda que para aplicações recreativas ou utilitárias leves, sobretudo em função do custo de aquisição e uma vantagem ainda sensível na relação entre o peso e o desempenho, seja possível perceber uma grande participação de motores a gasolina (eventualmente com perigosas gambiarras para o uso de gás liquefeito de petróleo - o conhecido GLP ou "gás de cozinha"), tanto 2-tempos quanto 4-tempos (ciclo Otto), o uso de motores Diesel é a melhor opção para embarcações. Em alguns segmentos mais pesados, diga-se de passagem, a questão do maior peso é enfrentada com maestria pelos Diesel 2-tempos, como as primeiras gerações dos motores Detroit Diesel, que de tão populares no uso náutico às vezes são chamados genericamente de "GM marítimo".
Uma ação mais intensa da maresia tem efeitos devastadores sobre conectores elétricos isolados de forma incorreta, e invariavelmente um motor a gasolina vai depender do sistema elétrico para a ignição. Se falhar, só sai remando, velejando, ou usando um barco rebocador...
Alguns usuários alegam que a manutenção de um motor a gasolina é muito mais fácil, principalmente devido à similaridade com motores automotivos leves enquanto a regulagem da bomba injetora de um motor Diesel mais rústico ser uma tarefa com um nível de precisão maior para obter desempenho sem sacrificar tanto o consumo e as emissões de poluentes. Entretanto, os menores intervalos de manutenção requeridos por um motor Diesel são favoráveis, liberando mais tempo para a embarcação ser usada com uma boa margem de segurança.
Outro aspecto extremamente importante no que se refere à segurança é a questão de combate a incêndios envolvendo óleo diesel ser mais fácil, além dos mesmos serem mais raros, assim como explosões envolvendo tal combustível e opções alternativas como biodiesel ou mesmo óleo de cozinha usado. Em alto mar, fica mais difícil conseguir socorro...
A maior eficiência de um motor Diesel ainda tem outra vantagem significativa para quem aprecia viagens mais longas: a necessidade de armazenar menos combustível para se obter uma maior autonomia acaba favorecendo ainda mais a eficiência devido à redução no peso a ser acumulado quando a embarcação vai ser posta em marcha. Ou então liberar espaço para armazenar mantimentos para atender à tripulação.
Ainda existe quem prefira o belo som de um V8 small-block da Chevrolet do que a bruta sinfonia de um Diesel, caso de um amigo meu que é comerciante de carros usados (mas quando o assunto é caminhonete não abre mão do Diesel) e proprietário de uma bela e confortável lancha. Eu me lembro da primeira vez que eu perguntei a ele sobre a preferência pelo motorzão importado e beberrão ao invés de um econômico e robusto Diesel, e um comentário sobre o “barulho” estereotípico tão associado aos Diesel foi a resposta dele – não que o small-block seja silencioso, principalmente quando o trim está levantado para que os 320 pôneis malditos cavalos puro-sangue se aventurem na natação...
Eu quase não vejo mais motor a gasolina em barco, só para lazer mesmo.
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