sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Diesel: vantagens aparecem em ambientes extremos

Condições ambientais severas representam um maior grau de dificuldade na operação de um veículo, mas mesmo em cenários tão extremos quanto os desertos do norte da África quanto o frio do Ártico ou da Antártica não são páreos para a adaptabilidade dos motores Diesel às intempéries.

Não importa se a necessidade é por uma maior capacidade de refrigeração ou por confiabilidade para executar a partida com segurança e o máximo de rapidez a temperaturas até mesmo abaixo de zero grau, é possível adotar uma solução segura e eficaz mesmo quando até o congelamento do ácido da bateria faz com que os sistemas auxiliares elétricos de pré-aquecimento tornem-se inúteis. Em tais circunstâncias, dispositivos como o antigo ThermoStart, produzido pela empresa inglesa Lucas e que funciona promovendo a queima de uma pequena porção de óleo diesel em um “maçarico” incorporado ao coletor de admissão, tornam a partida a frio menos sofrida. Esse sistema chegou a ser usado em caminhonetes e utilitários esportivos Chevrolet de fabricação brasileira, como a D-10 e a Veraneio equipadas com motores Perkins 4.236. Alguns operadores mais experientes arriscam-se com técnicas precárias como pulverizar éter ou fluido para isqueiros dentro do coletor, aproveitando-se da maior volatilidade de tais compostos para causar uma pré-ignição.

Houve uma época em que o uso de motores de arranque a ar comprimido teve uma significativa popularidade, sobretudo com os clássicos propulsores Detroit Diesel que durante décadas tiveram papel essencial na indústria do transporte rodoviário nos Estados Unidos. Tal sistema é ainda bastante apreciado em atividades que demandam uma maior exposição a atmosferas explosivas, incluindo algumas minas subterrâneas. Elimina-se a preocupação com a possibilidade de uma faísca ser gerada em decorrência de um curto-circuito provocado por um fio desencapado, que em alguns locais pode tomar proporções trágicas com facilidade. Também se mostra útil em aplicações militares, devido à menor emissão eletromagnética, dificultando a detecção por parte de radares inimigos.

Quando a topografia começa a impor desafios, a força do Diesel se mostra presente desde faixas de rotação mais baixas, tornando a condução menos desgastante e podendo reduzir sensivelmente a necessidade de se “caçar marcha”.

Outra condição na qual o ciclo Diesel leva vantagem é na transposição de áreas alagadas. Em modelos mais simples, sem gerenciamento eletrônico do motor, bastam uma tomada de admissão de ar elevada (o popular “snorkel”), eventualmente complementada por uma saída de escapamento elevada, para reduzir o risco do “calço hidráulico”, sem se preocupar com sistemas elétricos de ignição ausentes num motor Diesel. Atualmente mesmo com a proliferação das injeções eletrônicas common-rail, não é tão difícil manter os conectores da fiação devidamente protegidos da umidade.
Já para o ciclo Otto, apesar do sensível distribuidor estar em vias de extinção, ainda é extremamente vulnerável à umidade. E mesmo em uma ignição sem distribuidor, ainda há que se cuidar de mais alguns conectores para que tenham uma correta vedação, além de cabos, bobinas e “cachimbos” de vela.

Nas incursões por locais mais inóspitos, outro ponto forte do Diesel é a maior eficiência energética, viabilizando uma maior autonomia sem necessidade de ocupar mais espaço com reservatórios extras de combustível. Ainda, ao se comparar com motores Otto convertidos para o uso de combustíveis gasosos, outra vantagem está no manejo mais simples do óleo diesel e eventuais substitutos como o biodiesel e óleos vegetais naturais (saturados ou não), que podem ser transportados com segurança até em uma garrafa de tubaína enquanto o gás requer reservatórios especiais.

Considerando tais aspectos, logo notam-se qualidades que fazem dos motores Diesel uma opção versátil para vencer desafios da natureza com muita desenvoltura...

Um comentário:

  1. Já tentei fazer partida a frio queimando um pano embebido em gasolina dentro da caixa do filtro de ar na época que o meu sogro tinha uma f1000 daquelas velhas com carroçaria de madeira. Acabei destruindo o filtro, era daqueles de palha de coco mas acabou queimando junto.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html