quinta-feira, 19 de abril de 2012

Biocombustíveis e religiosidade: uma brevíssima reflexão

Desde eras em que predominavam cultos tribais associados à observação de fenômenos naturais e o desenvolvimento de diversas teorias politeístas, passando pela entrega dos 10 Mandamentos a Moshe Rabeinu durante a travessia do Mar Vermelho e do Sinai rumo a Israel, a religião exerce grande influência nas relações sociais e vida privada. Mantém um peso tão significativo que, mesmo com os Direitos Civis e o Estado laico atualmente em vigor, a legislação moderna conserva elementos do antigo Direito romano de base judaico-cristã. Como podia-se esperar, os biocombustíveis também geram uma série de polêmicas envolvendo as mais variadas orientações religiosas, desde rastafarianos radicalmente contrários ao uso de subprodutos animais até alguns sheiks que enquadram biocombustíveis em geral como “pecado”, passando por rabinos mais ortodoxos desaprovando o uso de banha suína como regulador de viscosidade no biodiesel.

Considerando que para muitos judeus a classificação Kosher não fica restrita a gêneros alimentícios, abrangendo também produtos de higiene pessoal e cuidados com a casa, é um tanto previsível a restrição ao uso de matérias-primas extraídas de animais como o porco e peixes sem escamas nem barbatanas ou outros que apesar do consumo permitido não tenham sido abatidos conforme o ritual característico, enquanto para a quase-totalidade dos cristãos não há problemas quanto a isso. Até o islamismo, apesar de pregar abstenção à ingestão de carne suína, a princípio não faz oposição ao uso da banha (ou mesmo partes da carcaça e vísceras) do porco para a produção de biocombustíveis e outros insumos industriais. Entretanto, alguns sheiks com interesses econômicos na exploração petrolífera arbitrariamente lancem objeções a qualquer biocombustível, mesmo que países islamizados como a Malásia com as extensas áreas dedicadas ao cultivo do dendê usado como matéria-prima para o biodiesel hoje liderem o setor da agroenergia e a Indonésia esteja experimentando o etanol de batata-doce embora seja um grande exportador de petróleo.

No caso do etanol, que antes de tornar-se a menina-dos-olhos da indústria de energia era mais conhecido simplesmente por “álcool”, há líderes religiosos que oponham-se ao uso do mesmo como combustível baseados em restrições ao consumo de bebidas alcoólicas. Para muçulmanos, uma interpretação equivocada do Alcorão, que proíbe expressamente o vinho mas abre espaço para o arak (um destilado à base de anis) e não impede a Arábia Saudita de ser o maior mercado dos whiskies Johnnie Walker, é o suficiente para levar alguns a verem o etanol como “demoníaco”. Já em meio à profusão de igrejas neopentecostais surgidas da noite para o dia, o fenômeno curiosamente se repete. Vale lembrar que Jesus, tido pelos cristãos como o Messias (Mashiach) e pelos muçulmanos como um profeta, teria consumido vinho durante a última refeição...

Logo, por mais que algumas interpretações possam causar confusão, é possível conciliar a necessidade de promover uma renovação da matriz energética com o respeito à diversidade religiosa.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html