segunda-feira, 4 de junho de 2018

Caso para reflexão: Peugeot Expert de 3ª geração e Peugeot 5008 de 2ª geração

À primeira vista pode parecer descabido fazer a comparação entre um furgão de carga e um soft-roader, mas uma observação sobre o Peugeot Expert de 3ª geração e o Peugeot 5008 de 2ª geração serve para reforçar o quão incoerentes podem ser as restrições ao uso do óleo diesel convencional no mercado brasileiro definidas arbitrariamente com referência às capacidades de carga ou passageiros e tração de um determinado veículo. Ambos os modelos são dotados de tração somente dianteira e compartilham a plataforma PSA EMP2, sendo que no Expert a capacidade de carga de 1500kg já o credencia ao uso de um motor Diesel, enquanto o 5008 está homologado para uma carga útil de 795kg e portanto faltando 205kg para gozar do mesmo direito no Brasil.

De fato, seria pouco provável supor que alguém que priorizasse a capacidade de carga fosse deixar de considerar um Expert para tentar a sorte num 5008, cuja capacidade volumétrica também é menor, mas a modularidade de uma plataforma que no exterior atende não só a esses modelos e é usada na atual geração do 308 europeu (diferente do modelo argentino reestilizado que é vendido no Brasil) até poderia pressupor que não fosse tão difícil a Peugeot tentar homologar capacidade de carga nominal de 1000kg caso tivesse a intenção de importar uma versão BlueHDi do 5008 para fazer frente a outros soft-roaders. Enquanto alguns concorrentes recorrem à tração integral com algum recurso para suprir a falta de uma "reduzida" e se manter de acordo com a regulamentação em vigor mas que no fim das contas agrega mais complexidade técnica e proporciona uma ligeira piora no consumo de combustível, eventualmente o modelo da Peugeot não seria tão prejudicado mantendo a tração simples.

Naturalmente, valer-se de qualquer exceção prevista na atual regulamentação para que um modelo específico como o Peugeot 5008 fosse beneficiado não é de todo má idéia, mas estaria longe de resolver efetivamente o problema que é a restrição ao uso de motores Diesel em veículos leves no mercado brasileiro. Valer-se da demanda por óleo diesel convencional no transporte comercial de cargas e passageiros para impedir o acesso de consumidores a uma motorização mais eficiente e que possa ser beneficiada por uma maior aptidão ao uso de combustíveis alternativos como o biodiesel é na verdade desastroso a longo prazo tanto no tocante à segurança energética quanto à economia.

6 comentários:

  1. Faz algum sentido a observação. Será que também justificaria tentar essa argumentação com o Fusca? Afinal, mesmo com a Kombi usando uma estrutura própria diferente do chassi do Fusca, chegou a ser feito aquele Plattenwagen na Alemanha.

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    1. Com relação ao Fusca, na verdade eu consideraria outra estratégia e tentaria justificar pela aptidão a percursos fora de estrada.

      http://dzulnutz.blogspot.com/2013/12/caso-para-reflexao-veiculos-off-road.html

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  2. Mas será que essa estratégia tem como dar certo se o 5008 não tiver câmbio automático junto com o motor a diesel? Por mais que se tenha essa imagem de força e brutalidade que ajuda a vender os jipinhos urbanos, o que importa é o conforto.

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    1. Câmbio automático faz a diferença mesmo. Agora, já que tem a opção para o 5008, e como hoje já se usa câmbio automático até em ônibus, eu acho que ia fazer sentido que o Expert tivesse também. Eu sei que isso nâo é a coisa mais barata do mundo, mas se dá certo em outros veículos maiores e mais pesados e fica mais fácil de dirigir num lugar com muito trânsito eu pelo menos acho que não ia ser tão absurdo.

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    2. Alguns gestores de frota alegam até que a menor frequência de intervalos de manutenção compensa o aumento do consumo de combustível que por sua vez já está menos exacerbado nos câmbios automáticos modernos.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html