sexta-feira, 5 de abril de 2024

Carros rebaixados: teoricamente proibidos, mas na prática tratados com alguma leniência que eventualmente pudesse ser estendida às conversões para Diesel

Ver um carro com a suspensão rebaixada às vezes a um patamar bastante extremo, e que obviamente traz reflexos à dirigibilidade do veículo como um todo, é algo até comum de acontecer pelas ruas brasileiras, ainda que a princípio haja uma regulamentação quanto a parâmetros como altura mínima do solo e também dos fachos dos faróis nem sempre seguidas tão à risca. Modificação feita mais em função de uma preferência estética, que a bem da verdade tem resultados discutíveis também nesse aspecto acentuados pelo fato de vir mais frequentemente associado a um uso de rodas com um tamanho maior que as originais a ponto dos paralamas "engolirem" parte dos pneus, contrastando com a prática dos latinos dos Estados Unidos que iniciaram a cultura dos low-riders usando conjuntos de roda e pneu com diâmetro total menor que o original. Deixando de lado como o diâmetro externo dos pneus no eixo de tração exerce efeito análogo ao de alterações na relação de diferencial, ou como tal circunstância talvez pudesse ser aproveitável para compensar ou atenuar diferenças nas curvas de potência e torque em substituições de motores, algo que tende a ser especialmente relevante no caso de conversões para Diesel, chama a atenção o tratamento diferenciado a ser dispensado por burocratas e por outros agentes estatais a modificações automotivas que costumam atender a segmentos do público que quase sempre divergem nas motivações.

Em primeiro lugar, alguns rebaixamentos de suspensão mais extremos também requerem alterações em outros componentes, sistemas e até elementos estruturais dos veículos, e na maioria das vezes por já haver uma série de regulamentações que acabam descumpridas pode haver prejuízos à segurança do veículo, e outros usuários das vias públicas também ficam expostos aos riscos que possam estar associados aos efeitos que tais modificações possam ter em sistemas como freio e direção por exemplo. Naturalmente a substituição de um motor também pode apresentar efeitos adversos a serem solucionados de um jeito ou de outro, considerando tanto motores de ignição por faísca quanto Diesel que possam ser adaptados com os mais diferentes graus de complexidade, além do mais destacando como um isolamento tecnológico que já foi mais intenso com relação aos motores Diesel de alta rotação limitou em demasia a oferta no Brasil quanto a motores compatíveis com faixas de potência e peso mais assimiláveis pelo público generalista, que acabou sendo condicionado a uma visão utópica em torno do álcool/etanol ou a eventualmente aceitar o gás natural como paliativo para atender às necessidades de quem efetivamente usa um veículo leve para trabalhar. Apesar de ainda ser um tanto escassa uma disponibilidade de motores turbodiesel de concepção moderna e desempenho mais conforme a expectativa do público generalista, especialmente agora que motores de ignição por faísca como o 1.8 FlexPower lançado na geração inicial da Chevrolet Montana dão lugar ao downsizing e à massificação do turbo, cabe salientar que alguns motores "de trator" até poderiam ter uma aplicabilidade mais imediata para atender a usuários com perfil estritamente profissional para quem o rebaixamento estaria fora de questão, mas a permanência das infundadas restrições com base nas capacidades de carga e passageiros ou tração para definir arbitrariamente se um veículo qualificaria como utilitário para fins de autorização do uso de um motor Diesel é um problema...

Embora qualquer substituição de motor feita legalmente seja mais rastreável por causa da numeração do bloco do motor no certificado de registro e licenciamento do veículo (CRLV - documento de porte obrigatório), e no fim das contas tal exigência dificulte fazer uma conversão clandestina além da possibilidade de problemas sérios que pode incorrer quem se arrisque com um motor "pinado" ou cujo número do bloco seja diferente do que tenha no documento, os carros rebaixados acabam beneficiados pela inspeção veicular nunca ter sido implementada com o mesmo rigor no Brasil até em comparação a países como a Argentina ou a Colômbia. Trazer o número do motor no documento a princípio pode ser relevante para tentar inibir a receptação de peças de procedência duvidosa faz sentido, mas tem como efeito colateral de dificultar a conversão para Diesel até em função do som diferenciado do motor atrair uma atenção de agentes de trânsito ou da polícia, e mesmo se puder comprovar a procedência lícita de um motor Diesel adaptado precariamente ainda haveria o risco de ser enquadrado por crime contra a economia popular. Enfim, apesar de serem alterações que atraem públicos com perfis quase sempre bem distanciados, essa questão dos carros rebaixados também pode exemplificar algumas distorções do mercado de veículos utilitários, tendo em vista como uma modificação feita por usuários de perfil mais estritamente recreativo acaba tendo uma maior facilidade para burlar entraves burocráticos que impedem a implementação de soluções mais adequadas para quem use efetivamente a trabalho um veículo do mesmo modelo.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html