quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Caso para reflexão: motor de popa Oxe Diesel

Já não é de hoje que o Diesel é a opção preferida por operadores profissionais no segmento náutico, desde pescadores artesanais até forças militares, predominando as configurações de rabeta e centro-rabeta. Em algumas circunstâncias a versatilidade e modularidade dos motores de popa é particularmente desejável, mas não é fácil encontrar um do ciclo Diesel, principalmente em faixas de potência mais elevadas.  Uma opção interessante na faixa dos 200hp é o Oxe Diesel, desenvolvido pela empresa Cimco Marine AB, da Suécia, com aptidão para atender às exigentes condições operacionais da Guarda Costeira daquele país.
Baseado no mesmo motor de 4 cilindros em linha e 2.0L usado entre outros no Chevrolet Cruze, com turbo, intercooler e injeção eletrônica common-rail, já tem uma vantagem no tocante à disponibilidade de peças de reposição em mercados onde o Diesel é permitido para automóveis sem restrições no tocante à capacidade de carga, passageiros ou tração. Também oferece um alternador de alta capacidade (220 amperes) e até mesmo provisão para aquecimento da cabine, que parecem supérfluos mas se mostram bastante racionais ao dispensar a necessidade de uma APU (Auxiliary Power Unit - unidade de força auxiliar) para acionamento de um gerador on-board.

Considerando o contexto brasileiro, com a proibição ao uso de motores Diesel em veículos com capacidade de carga inferior a uma tonelada (1000kg) e acomodação para menos de 9 passageiros além do motorista que não tenham tração 4X4 com "reduzida" (caixa de transferência de dupla velocidade), de certo modo não há tanto incentivo para que sejam incorporadas grandes modernidades nos motores destinados a aplicações náuticas profissionais leves, estacionárias/industriais e agrícolas, tidas equivocadamente como menos sensíveis a uma relação peso/potência desfavorável mas que poderiam ser beneficiadas pelo incremento na eficiência energética e por conseguinte reduzindo os custos operacionais e a demanda por combustíveis nesses segmentos.

Também é conveniente pensar no conforto dos operadores, que ficam expostos por longos períodos a uma fonte elevada de ruídos como são alguns motores marítimos comerciais de concepção antiga ainda disponíveis hoje no mercado brasileiro. Não é necessário se ater exclusivamente ao caso do motor de popa Oxe Diesel, visto que há muitos outros motores Diesel automotivos disponibilizados comercialmente em versões marinizadas, como o Isuzu 4EE2-TC antigamente usado em modelos da Opel rebatizados como Chevrolet e hoje oferecido pela Mercruiser para propulsão naval, uma infinidade de motores Fiat que vão do Multijet de 4 cilindros e 1.3L usado até em versões de exportação da Fiat Strada brasileira até o 2.4JTD de 5 cilindros oferecido no Fiat Marea europeu marinizados pela FNM italiana, e ainda diversos Volkswagen entre o 1.9SDI de aspiração natural e praticamente todos os TDI que chegaram a ser oferecidos pela antiga divisão marítima da Volkswagen, atualmente incorporada à Cummins Marine Diesel.

Após todo o empenho direcionado a tornar os motores Diesel automotivos uma opção atrativa para consumidores dos principais mercados mundiais, chega a soar incoerente que a mesma evolução não seja estendida tão amplamente a outros cenários operacionais, não apenas no tocante à eficiência e até diante do recrudescimento das legislações ambientais. Considerando especificamente o caso brasileiro, é evidente que as restrições ao uso do Diesel em automóveis baseadas em capacidades de carga, passageiros ou tração acaba por dificultar ainda mais a modernização da oferta de motores para aplicações como a marítima comercial.

6 comentários:

  1. Tinha que ter mais motores desse tipo para uso em barcos mesmo.

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  2. Aquele motor Mercruiser parecido com o da Meriva argentina eu já cheguei a ver numa lanchinha a uns anos atrás.

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  3. Ahora casi no hay más autos gasoleros nuevos en Argentina, llevandose en cuenta la penalidad impositiva que ahora los han encargado. La nueva generación del Cruze para Argentina ahora es solo naftera, una verguenza.

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    1. Pois é. De uns tempos para cá eu vejo cada vez menos carros com motor Diesel emplacados na Argentina durante o verão.

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  4. Uma coisa que me chamou a atenção foi esse uso do aquecimento da cabine. Bastante incomum nos barcos que eu já vi.

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    1. Nos barcos que eu vi, o aquecimento ficava a cargo só do ar condicionado nos camarotes mesmo.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

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http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html