quinta-feira, 20 de maio de 2021

Pick-ups ou SUVs: dentre os compactos, quais permanecem mais relevantes à pauta da liberação do Diesel?

Da época dos calhambeques até agora, muitas transformações ocorreram no mercado automobilístico a nível mundial, e naturalmente alguns reflexos acabam sendo mais facilmente observados em cada país, cabendo lançar um olhar específico à situação dos utilitários no Brasil e como eventualmente possa ser mais fácil o público-alvo das pick-ups compactas permanecer fiel ao desejo de uma liberação do Diesel em contraste às pretensões mais sofisticadas hoje predominantes junto aos SUVs. Mesmo que ambas as categorias tenham hoje uma grande aceitação por parte de consumidores generalistas, no caso de uma Fiat Strada da geração anterior mesmo na versão Adventure de cabine dupla permanecem mais nítidas algumas premissas que até justificariam com mais coerência a necessidade de eliminar as restrições ao uso de motores Diesel com base nas capacidades de carga e passageiros ou tração ainda em vigor no Brasil, enquanto um Brilliance V3 chinês não encontra grandes dificuldades para ser desovado somente com motor a gasolina até no Paraguai. Tendo em vista o predomínio da tração somente dianteira entre os veículos compactos, mesmo modelos com uma proposta mais fácil de enquadrar nas definições até um tanto genéricas de "utilitário", é compreensível que a maior fidelidade às origens como veículos de serviço e até uma eventual alternância entre as aplicações profissionais e familiares pareçam justificar a idéia do motor Diesel mais facilmente numa pick-up em contraste com a percepção atual em torno dos SUVs como meros appliance-cars urbanóides caracterizados para evocar falsas pretensões aventureiras.
À medida que as capacidades de incursão off-road antes inerentes ao conceito de SUV perderam espaço na mesma proporção que consumidores com um perfil majoritariamente urbano os abraçavam como um símbolo de status em países com um setor agropecuário tão influente no âmbito cultural, por mais que os boçais de plantão tentem negar a importância do caipira/colono na formação da identidade nacional, fatores que transcendem a incoerência burocrática de proibir o uso de motor Diesel em alguns veículos no Brasil também se tornaram um obstáculo mundo afora. Vale destacar também algum comodismo em torno de combustíveis gasosos destacando-se o gás natural e o gás liquefeito de petróleo (GLP - "gás de cozinha") como opções de baixo custo no tocante à redução de emissões com a simplicidade hoje atribuída mais frequentemente à ignição por faísca, enquanto no Brasil a hegemonia dos motores "flex" aptos a operar com o etanol dispensa maiores apresentações mesmo que já não valha a pena usar esse combustível alternativo em algumas regiões nem durante a safra da cana de açúcar e até alguns veículos com essa capacidade permaneçam operando somente com gasolina pela maior parte da vida útil. E até para os mercados de exportação regional, além da escala de produção brasileira mais voltada à ignição por faísca pressupor uma maior facilidade em oferecer versões calibradas para usar só gasolina dos motores Fire de 1.4L ou Firefly de 1.3L disponíveis localmente como "flex", também pesa o custo dos dispositivos de controle de emissões modernos como o filtro de material particulado (DPF) e eventuais incompatibilidades tanto com óleo diesel de baixa qualidade ainda encontrados em alguns países vizinhos quanto altos teores de biodiesel que venham a ser misturados ou até usado puro (B100).
De fato, há uma série de desafios de ordem técnica que vão se tornando ainda mais incômodos à medida que as normas de emissões recrudescem, e em veículos compactos há de ser considerado não só o custo mas também o espaço requerido para instalar algum sistema de pós-tratamento dos gases de escape, que acabariam sendo vistos como um eventual inconveniente mesmo para aqueles operadores profissionais que consigam um retorno do investimento num intervalo razoável dentro de uma vida útil prevista. Não se pode negar que uma eventual possibilidade de dispor da economia e durabilidade de um bom motor turbodiesel pudesse até tornar-se convidativa para operadores hoje lançando mão de utilitários maiores considerarem recorrer a veículos de porte mais compacto que oferecem uma plataforma inerentemente mais econômica e favorável à redução de emissões em função da leveza e aptidão para desempenhar as funções com motores mais modestos. Enfim, considerando que mesmo sem escolha a não ser um motor "flex" já se vê uma quantidade expressiva de pick-ups compactas em uso estritamente profissional, não convém negar que o público dessa categoria eventualmente permaneça mais receptivo que o dos SUVs à hipótese de uma eventual liberação do Diesel no Brasil sem as distinções hoje em vigor com base nas capacidades de carga ou passageiros e tração.

3 comentários:

  1. Bem pertinente a observação quanto a uma influência cultural caipira. E para o pequeno produtor rural, uma picapinha muitas vezes ainda cai como uma luva.

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    1. Até dentro da cidade mesmo, se algum mala vem pedir para fazer um carreto, qualquer R$50,00 para ajudar na gasolina já está valendo.

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  2. O cachorro fazendo até pose nas fotos está espetacular.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html