sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Caso para reflexão: Toyota Corolla Cross e algumas incoerências em apontar os híbridos como antagônicos ao Diesel

Em meio à obsessão pelos SUVs a nível mundial, a Toyota passou a oferecer essa opção de carroceria até para um verdadeiro símbolo de conservadorismo no tocante a automóveis como é o Corolla. Modelo que sempre foi conhecido pela proposta tradicionalista, mesmo com alguns poucos pontos fora da curva ao longo de uma linhagem de 55 anos, agora é oferecido também com a configuração de carroceria da moda devido ao ainda recente lançamento do Corolla Cross. Também é conveniente evidenciar através desse modelo o quanto os SUVs estão cada vez mais distanciados da proposta essencialmente utilitária para tornarem-se basicamente um "appliance car" para uso predominantemente urbano, em que pesem a ineficiência própria de uma carroceria mais volumosa que já constitui naturalmente um desafio para os aerodinamicistas e o peso que acaba sendo excessivo em comparação a outros tipos de carroceria.

Nem considerando o fato do Toyota Corolla Cross ser oferecido fora dos Estados Unidos somente com tração simples evidenciar uma mudança de perfil no público predominante dos SUVs, mesmo quando opções para oferecer tração 4X4 sem abrir mão do sistema híbrido no qual a fabricante de origem japonesa tem insistido em apostar tanto em mercados desenvolvidos como uma abordagem de oposição ao Diesel quanto no Brasil onde já incorpora a capacidade de operar tanto com a gasolina quanto com etanol, chama a atenção o fato de ter um tanque de combustível com capacidade menor para facilitar a acomodação da bateria tracionária nas versões híbridas. Tal medida já acaba constituindo um contraponto razoável à caça às bruxas que se faz com relação aos motores turbodiesel modernos, em função não só do custo associado a dispositivos de controle de emissões cada vez mais complexos mas também do espaço que exigem para a instalação. É impossível deixar de fazer uma comparação com o sistema SCR que depende de um reservatório para o fluido-padrão AdBlue, ou ARLA-32 como é mais conhecido no Brasil e já usado em maior escala em caminhões e ônibus, lembrando ainda que não deixa de ser mais fácil moldar tanques em polietileno em formatos mais convenientes para instalação em alguns espaços tão exíguos onde não é possível instalar uma bateria tracionária compatível com as necessidades de híbridos com o sistema HSD da Toyota, e portanto o Corolla Cross ter o tanque de combustível para 36 litros em versões híbridas contra 47 litros nas não-híbridas torna injustificável insistir em automóveis híbridos como mero pretexto para invalidar propostas de liberação do Diesel em veículos leves no Brasil.

Por mais que algumas opções como o híbrido flex a gasolina e etanol ou até conversões para gás natural possam ser justificados em diferentes condições, tanto estritamente operacionais quanto políticas como a isenção do rodízio para híbridos em São Paulo ou o desconto no IPVA para veículos convertidos a gás natural no Rio de Janeiro, nem sempre tais abordagens são feitas de uma forma mais conveniente para o usuário final. O exemplo do gás natural mesmo, que no caso do Corolla Cross eventualmente seria mais fácil de adaptar no híbrido por ainda ter somente a injeção sequencial nos pórticos de válvula enquanto o não-híbrido incorpora paralelamente a injeção direta, a instalação dos cilindros de armazenamento do gás frequentemente tomando algum espaço no compartimento de bagagens, mas não sacrifica o volume do tanque de combustível original. Enfim, além de salientar como tornou-se obsoleta aquela definição arbitrária de "utilitário" ainda usada para fins de homologação no Brasil, o Toyota Corolla Cross acaba por oferecer uma perspectiva que pode contrariar a apresentação dos híbridos como "anti-Diesel".

2 comentários:

  1. No caso dessa diminuição do tamanho do tanque de combustível, o que mata é a vantagem do híbrido na economia ser mais destacado só na cidade. Na estrada já fica um problema ter que parar mais vezes para abastecer, além do mais para quem é de São Paulo e bem acostumado a andar no álcool.

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  2. E ainda mais inadequado no Brasil diminuir o tamanho do tanque.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html