quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Caso improvável para reflexão: Honda CR-V de 2ª geração e a configuração de 10 assentos para as Filipinas

Primeiro modelo da linha a ter oferecido em algumas regiões um motor turbodiesel, o Honda C-RV de 2ª geração usou principalmente na Europa mas também em partes da Ásia e da África o motor Honda N22A de 2.2L a partir de 2004, mas somente com tração 4X4 e câmbio manual nessa geração que teve o ciclo de produção entre 2002 e 2006. Situação semelhante à de outros SUVs que eram vendidos no Brasil à época, que reservavam a conveniência do câmbio automático apenas para versões com motor a gasolina, embora o Honda CR-V nunca tenha disposto de motores turbodiesel por aqui, cabe destacar as possibilidades que o fabricante deixou de explorar para eventualmente ter conseguido homologar até no Brasil as versões turbodiesel. Uma delas seria bastante óbvia, escalonar as relações de marcha para que a primeira pudesse ser considerada análoga à reduzida de um veículo 4X4 com caixa de transferência de dupla velocidade, hoje bastante explorada até em SUVs mais recentes e oferecidos nas versões 4X4 só com câmbio automático, já a outra pode surpreender uma parte do público brasileiro...

Lembrando que no Brasil os veículos com acomodação para 9 ou mais passageiros além do motorista são documentados como microônibus sem distinção quanto ao tipo de carroceria, e até vans chegaram ao país com a opção por motor Diesel nas versões de passageiros com a capacidade de carga nominal inferior ao mínimo de uma tonelada exigido das versões de carga considerando os modelos com tração simples, o exemplo da versão conhecida como "10-cheater" nas Filipinas em alusão à classificação por capacidade de passageiros e tração para uma menor incidência de impostos em modelos homologados como "10-seater" é digna de nota. Embora a princípio pudesse haver uma maior resistência por parte do público da Honda no mercado brasileiro, e a exigência de CNH categoria D para conduzir (ao menos legalmente) veículos com 10 ou mais assentos eventualmente desencorajasse uma maior procura pela configuração caso fosse oferecida para tentar escapar às restrições ao uso de motores Diesel em veículos leves de tração simples e capacidade de carga inferior a uma tonelada no Brasil, é inegável a criatividade que a filial filipina da Honda teve enquanto produziu o CR-V em Santa Rosa, província de Laguna, na única geração do modelo que chegou a ser produzida lá exatamente em função da percebida facilidade de enquadrá-lo na normativa que regulamentou os AUVs (Asian Utility Vehicles) com uma concepção mais austera e destinados essencialmente a utilizações comerciais. Tal configuração só foi oferecida com a configuração de tração dianteira, tendo em vista que veículos de tração 4X4 recolhiam mais imposto nas Filipinas, e portanto há de se considerar que ainda poderia ser tentado o mesmo artifício no Brasil em caso de impossibilidade de classificar a primeira marcha no câmbio manual como sendo análoga a uma reduzida em modelos 4X4.

Embora tenha sido oferecido nas Filipinas exclusivamente com motor a gasolina, tal qual aconteceu no Brasil, o Honda CR-V de 2ª geração não deixa de chamar a atenção por conta da exploração de brechas em um regulamento que de um jeito ou de outro poderia ter alguma serventia em países tão distantes e a princípio mais parecidos do que se podia supor em alguns aspectos. Ambos são os países mais católicos das respectivas regiões, têm tradições culinárias bastante diversificadas, e em algum momento tiveram o mercado automobilístico afetado por alguma burocracia estúpida que mais atrapalhou que ajudou, e apesar das motivações serem distintas uma mesma solução surgida nas Filipinas ainda poderia ter caído como uma luva ao menos para uma parte do público que já se interessava por SUVs no Brasil à época. E assim como outros utilitários japoneses e coreanos recorriam ao mesmo expediente para poder dispor de motores Diesel no mercado brasileiro, tendo atraído até uma parte do público mais voltada a um uso particular/recreativo, até fazia sentido...

2 comentários:

  1. Não era desse modelo, mas eu já vi outros jipes documentados como microônibus por terem 10 lugares.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Só vi isso acontecer com Mitsubishi Pajero Full anterior ao ano 2000 e com Land Rover Defender.

      Excluir

Seja bem-vindo e entre na conversa. Por favor, comente apenas em português, espanhol ou inglês.

Welcome, and get into the talk. Please, comment only either in Portuguese, Spanish or English.


- - LEIA ANTES DE COMENTAR / READ BEFORE COMMENT - -

Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html