sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

5 carros brasileiros das décadas de '80 e '90 que teriam possivelmente uma sobrevida mais longa caso as versões Diesel tivessem sido oferecidas no mercado interno

O mercado brasileiro tem algumas peculiaridades, eventualmente difíceis de explicar como a restrição a motores Diesel em algumas categorias de veículo, especialmente diante da posição do Brasil como um dos maiores pólos de produção de veículos e também de engenharia automobilística. E como alguns dos veículos feitos no Brasil e afetados por essa regulamentação ainda chegaram a oferecer versões Diesel especificamente para exportação, uma ausência dessa opção pode até eventualmente justificar em parte o "sumiço" de alguns modelos anteriormente muito comuns de avistar pelas ruas brasileiras e hoje mais escassos. Ao menos 5 exemplos podem ser destacados:

1 - Fiat Elba: modelo que chegou até a ser exportado para a Europa, embora tenha sido produzido só no Brasil e na Argentina, a station-wagon derivada do Uno se destacava pelo grande espaço interno em proporção às dimensões externas ainda convenientemente compactas. Já está ficando mais incomum de se avistar uma Elba em bom estado, tendo em vista que station-wagons antigas em geral costumavam ser usadas até para serviços relativamente pesados à medida que iam chegando ao mercado de usados, e a princípio se os motores Diesel 1.3 de 45cv e 1.7 de 59cv tivessem sido disponibilizados no Brasil até seriam um pretexto para antigos proprietários terem mais motivação para preservar exemplares, tanto pela praticidade quanto pela economia de combustível que ficaria favorecida;

2 - Parati "bola": a 2ª geração da station-wagon derivada do Gol oportunizou à Volkswagen oferecer até uma opção de apelo mais familiar dentro do segmento dos "populares" quando o motor Hi-Tork 1.0 de 16 válvulas a gasolina foi apresentado a partir do final de '96, e a chegada da carroceria com 4 portas em '98 foi outro fator que ressaltou esse viés do modelo. O motor 1.0 pegou má fama por causa da borra de óleo causada pelo uso de lubrificantes fora do especificado pelo fabricante, embora o motor EA827 "AP" nas versões 1.6 e 1.8 ainda seja mais fácil de ser visto em exemplares remanescentes enquanto o 2.0 praticamente sumiu do mapa, e a bem da verdade motores Volkswagen Diesel ainda valorizados para fazer adaptações como o 1.6 de injeção indireta e o 1.9 SDI já com injeção direta que chegaram a ser oferecidos na Parati em países como a Argentina e o Uruguai certamente permaneceriam agradando a usuários com os mais variados perfis;

3 - Santana "Robocop"/Ford Versailles: modelo compartilhado entre Ford e Volkswagen no contexto da joint-venture AutoLatina no Brasil e na Argentina, tendo a primazia de ser o primeiro automóvel de produção em série brasileiro a contar com freios ABS como opcional a partir de '91, oferecia a proposta de luxo com um certo conservadorismo em meio à ascensão de concorrentes importados. Ainda que um motor Diesel como o 1.6 de injeção indireta da Volkswagen certamente parecesse patético aos olhos de uma parte do público generalista, o fato de ser originário de um projeto modular e compartilhar muitos elementos com o AP 1.8 nas versões a gasolina ou álcool teria favorecido a implementação desse motor, e certamente agradaria tanto a uma parte expressiva daquele público "tiozão" que mantinha o fanatismo por carros de duas portas no Brasil quanto por taxistas. E a bem da verdade, por mais que ficasse com um desempenho bastante modesto, na prática andaria ao mesmo passo de alguns sedãs Mercedes-Benz que vinham através de frotas diplomáticas com motores como o OM615 em versões 2.0 e 2.2 com 55cv e eram revendidos com ágio nas décadas de '70 e '80;

4 - Fiat Palio Adventure de 1ª geração: chegou em '99 com a proposta de comer pelas beiradas junto a uma ascensão dos SUVs, que já naquela época se firmavam como sonhos de consumo da classe média. A tração simples era mantida em nome da simplicidade, em contraste com o peso e a complexidade que eram apontadas como desvantagens dos sistemas de tração 4X4 em SUVs que acabavam circulando por trechos urbanos e rodoviários às vezes sem nem terem a tração suplementar efetivamente aproveitada. O motor 1.6 argentino a gasolina, ainda com 8 válvulas, foi o único usado no Brasil antes do ano 2000 e das remodelações da Palio Adventure, e certamente o torque melhor distribuído entre baixas e médias rotações favoreceu a escolha ao invés da versão de 16 válvulas do mesmo motor que também era usada na Fiat Palio Weekend. No exterior, o motor 1.7 TD70 chegou a ser oferecido, e a princípio como um dos motivos para a ascensão dos SUVs no Brasil foi o fato de modelos 4X4 terem sido autorizados a usar motores Diesel, certamente essa mesma opção se tivesse sido aplicada ao mercado local seria mais favorável, além do mais que posteriormente esse mesmo motor chegou a ser testado por volta de 2007 com o uso de óleos vegetais como combustível alternativo;

5 - Monza tubarão: foi oferecido no Brasil somente com motores 1.8 e 2.0 a gasolina, embora tenha sido um dos modelos usados para o projeto-piloto que culminaria na liberação do uso de gás natural em veículos particulares no Brasil a partir de '96. Para países vizinhos, onde também chegou a usar o nome Chevrolet Mega a exemplo do Uruguai, dispôs de interessantes opções de motores Diesel provenientes da Isuzu como o 4EC1 de 1.5L em versão turbo e o 4EE1 de 1.7L mantendo a aspiração natural. Vale lembrar que com essa remodelação apresentada em '91, o Chevrolet Monza durou apenas até '96 e foi descontinuado basicamente porque a General Motors do Brasil rejeitou a idéia de aplicar catalisador ao modelo nas versões a álcool e gasolina, enquanto para motores Diesel o recurso a esse dispositivo de controle de emissões tenha demorado mais a ser implementado.

2 comentários:

  1. Muito carro brasileiro desses ia para a Argentina com motor a diesel, enchia deles nas praias de Florianópolis antigamente. Às vezes parecia que todo carro da Argentina era a diesel.

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    1. E mesmo alguns modelos que foram vendidos lá só com motor a gasolina, ainda tinha a possibilidade de substituir o motor original por um Diesel, embora tal prática parecesse agradar mais aos uruguaios.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html