quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Clássico: Mercedes-Benz 300 D W123

Sucessor da geração W114/W115, o Mercedes-Benz W123 produzido entre '75 e '86 foi sem dúvidas um modelo marcante, destacando-se tanto pela confiabilidade em condições extremas quanto por ter sido o primeiro a massificar o turbo em automóveis de produção em série com motor Diesel como opção para a versão 300D. Tendo em vista que no Brasil o ciclo de produção do modelo abrangeu quase todo o período em que as importações de automóveis estavam severamente restritas, e portanto foi mais fácil ser trazido por corpos diplomáticos que também contavam com o direito de trazer veículos dotados de motores Diesel, modelos com tal configuração ainda podem ser vistos ocasionalmente nas ruas de algumas cidades, principalmente capitais mas também algumas cidades interioranas onde a cultura da preservação de carros antigos tenha adeptos. E lembrando também que os motores OM615 de 2.0L ou 2.2L a depender de cada mercado (versões de especificação americana e japonesa usavam a versão de 2.2L para equiparar o desempenho à de 2.0L oferecida em mercados onde as normas de emissões eram menos rigorosas) e OM616 de 2.4L e 4 cilindros ou OM617 de 3.0L e 5 cilindros que foi oferecido em versões de aspiração natural ou turbo ainda tinham injeção indireta, são ainda muito valorizados mundo afora até pela robustez que os permite funcionar até com óleos vegetais como combustível...

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Toyota Land Cruiser J300: às vezes um motor "velho" ainda pode ter serventia

Lançada em 2021, a série 300 do Toyota Land Cruiser chama a atenção por todo o legado de robustez e aptidão off-road que caracterizam essa linha de utilitários, e também chamou a atenção ao incluir pela primeira vez o conceito de downsizing nos motores. Com o antigo motor V8 turbodiesel 1VD-FTV de 4.5L do antecessor dando lugar ao F33A-FTV de 3.3L que é V6, e pela cilindrada menor que 4.0L hoje o Land Cruiser 300 ficou impossibilitado de oferecer uma opção turbodiesel para a Bolívia por causa da proibição a motores turbodiesel abaixo dessa cilindrada implementada em 2005, já poderia parecer um bom motivo para um boliviano ao vir turistar no Brasil e tomar umas cachaças sentir a vontade de fazer a adaptação de algum motor mais abrutalhado, mesmo que fosse com 4 cilindros como os que chegaram a ser instalados pela própria Toyota quando produzia o Bandeirante no Brasil e ainda recorria a motores Mercedes-Benz tanto pela economia de combustível quanto para aumentar índices de nacionalização de componentes. E assim, considerando também que o Toyota Land Cruiser 300 é enorme, talvez ficasse bom por exemplo o motor Mercedes-Benz OM-924 LA com 4 cilindros e 4.8L ainda em produção no Brasil equipando caminhões e chassis para ônibus, mesmo que as diferenças até bastante acentuadas nas curvas de potência e torque entre um motor de concepção moderna como o F33A-FTV e um mais bruto como o OM-924 LA pudesse dar a entender que a modernidade seria invariavelmente melhor...
Já no tocante a versões a gasolina, com o motor V35A-FTS também V6 e twin-turbo de 3.5L tomando o lugar dos V8 entre 4.6L e 5.7L atmosféricos usados no antecessor direto, chama a atenção que continue o 1GR-FE também V6 mas com 4.0L e atmosférico, que ainda mantém a injeção sequencial no coletor de admissão em oposição ao uso da injeção direta no motor mais moderno. E muito embora a injeção direta possibilite contornar a necessidade de um enriquecimento excessivo da proporção ar/combustível nos motores de ignição por faísca dotados de turbo, a ponto do downsizing nos motores a gasolina que em alguns casos também já incorporam versões flex para países como o Brasil e a Tailândia onde há um certo destaque para o etanol, convém destacar desde algumas dificuldades para fazer uma conversão ao gás natural que chegou a ser apontado como pretexto para proibir os motores Diesel abaixo de 4.0L na Bolívia, também é o caso de observar como aquele já conhecido problema da necessidade de filtros de material particulado tem deixado de ser um inconveniente apenas quanto aos motores turbodiesel e já é obrigatório em outras regiões como a Europa Ocidental também para os motores de ignição por faísca quando dotados da injeção direta. Enfim, por mais que um motor moderno às vezes pareça promissor, a ponto de vantagens principalmente no tocante à facilidade de manutenção que algum motor "arcaico" mais específico serem negligenciadas, um motor "velho" ainda pode ter serventia...

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Kia Sorento: um iminente retorno ao mercado brasileiro tende a ser bem-vindo

Modelo que fez relativo sucesso nas 3 gerações anteriores, mas cuja 4ª e mais recente geração ainda está ausente do mercado brasileiro e programada para um retorno até o final de 2024 já com o facelift lançado em 2023 para o ano-modelo 2024, o Kia Sorento chegou a ser oferecido na geração inicial com a opção por um motor turbodiesel, embora tenha vindo só a gasolina nas duas seguintes. Tendo em vista a transição da concepção de chassi separado da carroceria e motor longitudinal para monobloco e motor transversal, poderia parecer difícil o enquadramento à exigência para veículos com tração 4X4 terem ou caixa de transferência de dupla velocidade ou a 1ª marcha do tipo crawler, recurso mais fácil de inserir em modelos cuja própria concepção exige um sistema de transmissão mais compacto. E curiosamente, em meio à ascensão dos híbridos como um contraponto ao Diesel, chama a atenção o Grupo Gandini ter declarado no início da semana uma intenção de trazer o Kia Sorento da 4ª geração exclusivamente com o motor Smartstream D2.2 CRDi e câmbio automatizado de 8 marchas com dupla embreagem banhada a óleo, que também é o único conjunto motriz oferecido no Paraguai, embora em alguns países também seja oferecido esse motor com tração simples mas curiosamente sempre com o câmbio automatizado em contraste com a prevalência de câmbios automáticos mais convencionais de 6 ou 8 marchas para as versões a gasolina mundo afora.
Teoricamente poderia haver demanda também para os híbridos com o motor Smartstream G1.6 T-GDi associado a um motor elétrico e um câmbio automático de 6 marchas com opções de tração só dianteira ou 4X4 (de série com o sistema híbrido plug-in), principalmente por conseguir a isenção do rodízio em São Paulo que ainda é o maior mercado automotivo do Brasil, ou até a outros motores a gasolina como o Smartstream G2.5 tanto MPi com injeção sequencial no coletor de admissão quanto GDi com injeção direta ou T-GDi que agrega também o turbo, e ainda caberia até a possibilidade de incorporar também a tecnologia flex para usar o etanol. Possivelmente as discussões políticas em torno de veículos híbridos e elétricos importados virem a ser afetados pelo imposto seletivo que o Lula menciona como "imposto do pecado" desencorajem uma abordagem mais favorável aos híbridos, enquanto a proposta de atender a um público mais específico que deseja a liberdade do motor de combustão interna para proporcionar um alcance maior que o dos elétricos puros para longos trajetos acaba favorecendo um bom turbodiesel até pelo uso rodoviário favorecer a autolimpeza ou regeneração de um filtro de material particulado (DPF). Enfim, além de um retorno do Kia Sorento ser benéfico tanto para o importador Grupo Gandini que já identificou uma demanda pelo modelo junto a um público consolidado pelas gerações anteriores, vale destacar a relevância do Diesel que volta como grande destaque, tanto por méritos próprios desse tipo de motor no tocante à economia de combustível sem precisar recorrer a artifícios como algum sistema híbrido quanto por políticas confusas quanto à eletrificação de um modo geral e os biocombustíveis.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Besta quadrada: permanece relevante como parâmetro para observar eventuais oportunidades para melhoria da eficiência energética de veículos utilitários

Modelo que ganhou notoriedade no Brasil ao desafiar a hegemonia da Volkswagen no mercado de vans, quando a Kombi começou a ter uma concorrência mais efetiva, a Besta quadrada ainda é lembrada pela importância para firmar a marca Kia em meio à reabertura das importações, e ter alcançado um sucesso com motor Diesel após um fracasso da Volkswagen quando tentou oferecer a mesma opção na Kombi. O aproveitamento de espaço eventualmente até melhor que o da Kombi devido à ausência de intrusões do compartimento do motor no habitáculo, tendo em vista que o motor da Besta fica abaixo dos bancos dianteiros, foi fundamental para conquistar tanto operadores profissionais quanto uma parte do público mais voltado a usos recreativos e turísticos, mesmo que a necessidade de livrar espaço para a passagem do eixo cardan e a articulação da suspensão traseira com eixo rígido tenha impossibilitado implementar um assoalho sem degraus de acesso. E com o projeto originalmente desenvolvido pela Mazda destinado ao Japão tendo sido feito também na Coréia do Sul pela Kia, o aproveitamento de espaço certamente foi primordial para o sucesso comercial do modelo na Ásia, e também encontrou uma boa receptividade em destinos de exportação como o próprio Brasil.

Em meio ao aumento das dimensões externas em veículos das mais diversas categorias principalmente em função do enquadramento em normas de segurança contra impactos mais rigorosas, sem refletir-se necessariamente em qualquer melhoria na capacidade de carga volumétrica considerando os modelos de proposta análoga à da Besta que hoje podem ser encontrados no Brasil com um projeto mais destinado à Europa Ocidental onde são solenemente ignoradas aquelas regulamentações japonesas que diminuem a incidência de impostos aplicáveis a veículos com até 4,70m de comprimento e 1,70m de largura, talvez valha a pena considerar como um modelo "obsoleto" possa na verdade ainda ser relevante no tocante à eficiência geral. Um veículo que ocupe menos espaço sobre o leito carroçável das ruas nas cidades pode ser até mais "ecológico" ou "sustentável", sem entrar no mérito que um modelo antigo possa ter quanto à adaptabilidade a combustíveis alternativos que vão desde teores mais altos de biodiesel misturado ao óleo diesel convencional até um uso direto de óleos vegetais brutos que seria especialmente difícil para implementar na atualidade por eventuais intercorrências que causaria com dispositivos de controle de emissões aplicados a gerações mais recentes de motores Diesel. Mas só de haver uma maior facilidade para trafegar em determinadas regiões em comparação ao uso de um veículo maior em proporção a uma capacidade de carga ou passageiros semelhante, perdendo menos tempo com o motor em marcha-lenta gastando combustível à toa pela ausência de qualquer assistência motriz híbrida enquanto se procurasse uma vaga para estacionar durante operações de carga e descarga, é inegável uma melhoria na economia de combustível que também seria refletida nas emissões.

A peculiaridade de ter comprimento e largura menores que as de alguns carros cuja capacidade de carga ou passageiros e tração impossibilitaram o uso de motor Diesel no Brasil também é algo a se destacar, e fica ainda mais evidente à medida que qualquer sedan compacto nacional e até carros "populares" estão excedendo 1,70m de largura, com a manobrabilidade em espaços mais exíguos também sendo digna de nota. Com o adensamento das principais metrópoles tanto em regiões centrais quanto nas periferias, que acabou proporcionando condições favoráveis para o público generalista começar a desejar veículos com câmbio automático pelo conforto e criar expectativas quanto à economia de combustível a ser oferecida pelos híbridos que já vem sendo apontados como pretexto para defender a permanência de restrições ao uso de motores Diesel em determinadas categorias de veículo, um modelo como a Besta quadrada ainda faria bastante sentido mesmo que precisasse de algumas modificações principalmente para atender a um limite mais rígido de emissões hoje em vigor. Mesmo que a Kia após a fusão com a Hyundai passasse a usar motores de projeto original da Mitsubishi em utilitários, incorporando também o turbo que tende a ser ainda mais desafiador no tocante à refrigeração principalmente quando o compartimento do motor é tão diminuto e quase invadindo o habitáculo, há de se considerar até que ponto seria efetivamente difícil implementar outros recursos como filtro de material particulado (DPF) e o sistema SCR para a redução catalítica seletiva dos óxidos de nitrogênio (NOx).

A mesma necessidade de abrir espaço para a transmissão e a suspensão traseira acabava proporcionando condições também para eventualmente acomodar um sistema de escapamento mais complexo contando tanto com o DPF quanto com o SCR, e um tanque para o fluido-padrão AdBlue/ARLA-32/ARNOx-32 que acaba sendo imprescindível para atender às normas de emissões Euro-6 a depender da calibração do motor. A princípio, por mais que valores de potência e torque mais austeros que permaneciam habituais em motores Diesel de injeção indireta e aspiração natural como os originalmente usados na Besta ainda pudessem ser satisfatórios principalmente entre operadores comerciais com perfil essencialmente mais austeros ou mesmo usuários recreativos que associassem calibrações mais conservadoras à durabilidade e economia de combustível, uma série de fatores envolvendo a economia de escala tendem a fazer com que prevaleçam motores de desempenho mais vigoroso, mesmo se uma versão mais "mansa" tiver uma refrigeração mais eficiente. Enfim, mesmo que possam haver mais desafios técnicos, tanto referentes a normas de emissões quanto à obrigatoriedade de ítens de segurança como freios ABS e airbag duplo, um modelo como a Besta quadrada ainda poderia ser útil pela eficiência energética...