terça-feira, 3 de setembro de 2024

Besta quadrada: permanece relevante como parâmetro para observar eventuais oportunidades para melhoria da eficiência energética de veículos utilitários

Modelo que ganhou notoriedade no Brasil ao desafiar a hegemonia da Volkswagen no mercado de vans, quando a Kombi começou a ter uma concorrência mais efetiva, a Besta quadrada ainda é lembrada pela importância para firmar a marca Kia em meio à reabertura das importações, e ter alcançado um sucesso com motor Diesel após um fracasso da Volkswagen quando tentou oferecer a mesma opção na Kombi. O aproveitamento de espaço eventualmente até melhor que o da Kombi devido à ausência de intrusões do compartimento do motor no habitáculo, tendo em vista que o motor da Besta fica abaixo dos bancos dianteiros, foi fundamental para conquistar tanto operadores profissionais quanto uma parte do público mais voltado a usos recreativos e turísticos, mesmo que a necessidade de livrar espaço para a passagem do eixo cardan e a articulação da suspensão traseira com eixo rígido tenha impossibilitado implementar um assoalho sem degraus de acesso. E com o projeto originalmente desenvolvido pela Mazda destinado ao Japão tendo sido feito também na Coréia do Sul pela Kia, o aproveitamento de espaço certamente foi primordial para o sucesso comercial do modelo na Ásia, e também encontrou uma boa receptividade em destinos de exportação como o próprio Brasil.

Em meio ao aumento das dimensões externas em veículos das mais diversas categorias principalmente em função do enquadramento em normas de segurança contra impactos mais rigorosas, sem refletir-se necessariamente em qualquer melhoria na capacidade de carga volumétrica considerando os modelos de proposta análoga à da Besta que hoje podem ser encontrados no Brasil com um projeto mais destinado à Europa Ocidental onde são solenemente ignoradas aquelas regulamentações japonesas que diminuem a incidência de impostos aplicáveis a veículos com até 4,70m de comprimento e 1,70m de largura, talvez valha a pena considerar como um modelo "obsoleto" possa na verdade ainda ser relevante no tocante à eficiência geral. Um veículo que ocupe menos espaço sobre o leito carroçável das ruas nas cidades pode ser até mais "ecológico" ou "sustentável", sem entrar no mérito que um modelo antigo possa ter quanto à adaptabilidade a combustíveis alternativos que vão desde teores mais altos de biodiesel misturado ao óleo diesel convencional até um uso direto de óleos vegetais brutos que seria especialmente difícil para implementar na atualidade por eventuais intercorrências que causaria com dispositivos de controle de emissões aplicados a gerações mais recentes de motores Diesel. Mas só de haver uma maior facilidade para trafegar em determinadas regiões em comparação ao uso de um veículo maior em proporção a uma capacidade de carga ou passageiros semelhante, perdendo menos tempo com o motor em marcha-lenta gastando combustível à toa pela ausência de qualquer assistência motriz híbrida enquanto se procurasse uma vaga para estacionar durante operações de carga e descarga, é inegável uma melhoria na economia de combustível que também seria refletida nas emissões.

A peculiaridade de ter comprimento e largura menores que as de alguns carros cuja capacidade de carga ou passageiros e tração impossibilitaram o uso de motor Diesel no Brasil também é algo a se destacar, e fica ainda mais evidente à medida que qualquer sedan compacto nacional e até carros "populares" estão excedendo 1,70m de largura, com a manobrabilidade em espaços mais exíguos também sendo digna de nota. Com o adensamento das principais metrópoles tanto em regiões centrais quanto nas periferias, que acabou proporcionando condições favoráveis para o público generalista começar a desejar veículos com câmbio automático pelo conforto e criar expectativas quanto à economia de combustível a ser oferecida pelos híbridos que já vem sendo apontados como pretexto para defender a permanência de restrições ao uso de motores Diesel em determinadas categorias de veículo, um modelo como a Besta quadrada ainda faria bastante sentido mesmo que precisasse de algumas modificações principalmente para atender a um limite mais rígido de emissões hoje em vigor. Mesmo que a Kia após a fusão com a Hyundai passasse a usar motores de projeto original da Mitsubishi em utilitários, incorporando também o turbo que tende a ser ainda mais desafiador no tocante à refrigeração principalmente quando o compartimento do motor é tão diminuto e quase invadindo o habitáculo, há de se considerar até que ponto seria efetivamente difícil implementar outros recursos como filtro de material particulado (DPF) e o sistema SCR para a redução catalítica seletiva dos óxidos de nitrogênio (NOx).

A mesma necessidade de abrir espaço para a transmissão e a suspensão traseira acabava proporcionando condições também para eventualmente acomodar um sistema de escapamento mais complexo contando tanto com o DPF quanto com o SCR, e um tanque para o fluido-padrão AdBlue/ARLA-32/ARNOx-32 que acaba sendo imprescindível para atender às normas de emissões Euro-6 a depender da calibração do motor. A princípio, por mais que valores de potência e torque mais austeros que permaneciam habituais em motores Diesel de injeção indireta e aspiração natural como os originalmente usados na Besta ainda pudessem ser satisfatórios principalmente entre operadores comerciais com perfil essencialmente mais austeros ou mesmo usuários recreativos que associassem calibrações mais conservadoras à durabilidade e economia de combustível, uma série de fatores envolvendo a economia de escala tendem a fazer com que prevaleçam motores de desempenho mais vigoroso, mesmo se uma versão mais "mansa" tiver uma refrigeração mais eficiente. Enfim, mesmo que possam haver mais desafios técnicos, tanto referentes a normas de emissões quanto à obrigatoriedade de ítens de segurança como freios ABS e airbag duplo, um modelo como a Besta quadrada ainda poderia ser útil pela eficiência energética...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html