Tendo emergido da condição de ferramenta de trabalho, as pick-ups de um modo geral passaram a ser mais apreciadas também como veículo de lazer ao longo das últimas décadas basicamente em todos os países, a ponto de opções como a cabine dupla que ainda tinha uma procura muito restrita no Brasil na época da Kombi Pick-Up terem se tornado fundamentais para atrair desde os usuários profissionais que efetivamente necessitam de acomodação para uma equipe completa até o público generalista que passou a usá-las até como um meio de escapar às restrições ao uso de motores Diesel em algumas categorias de veículos leves no Brasil. Embora no caso específico da Kombi Diesel seja comum encontrar exemplares repotenciados com motores a gasolina, dada a fama de problemático que o motor original tem no Brasil, o tamanho compacto inerente à Kombi já vai de encontro a diversas críticas quanto a pick-ups em geral tendo dimensões externas que as tornem demasiado problemáticas para manobrar no uso urbano, além do mais à medida que começavam a ganhar espaço junto a um público mais amplo que eventualmente faça pouco ou nenhum uso pleno da capacidade de carga nominal que nas versões de tração simples é um parâmetro para serem reconhecidas como utilitário e aptas ao uso de motor Diesel no Brasil. Com o maior rigor das normas de segurança atuais inviabilizando modelos com um aproveitamento de espaço tão otimizado quanto o da Kombi, cuja configuração de cabine avançada é praticamente o padrão entre os caminhões modernos, recriminar um veículo tão somente pela configuração de carroceria como tem sido comum também com relação aos SUVs ganha contornos irônicos à medida que um carro compacto de hoje pode ser mais comprido e largo que uma caminhonete de 40 anos atrás...
Naturalmente o caso da Kombi pode ser considerado um tanto específico no tocante à racionalidade por já ter sido norteado pelo projeto de um carro compacto, no caso o Fusca, de modo que para aproveitar o mesmo conjunto motriz precisaria ter dimensões externas mais contidas para preservar um desempenho adequado, e no caso da Kombi Diesel brasileira ter compartilhado o motor com automóveis produzidos pela Volkswagen do Brasil somente para exportação tendo em vista que já vigoravam as restrições com base nas capacidades de carga e passageiros ou tração, mas até observando pick-ups projetadas desde o início especificamente como tal e seguindo uma escola mais tradicional ainda é possível constatar uma certa racionalidade comparando a automóveis de grande porte. Por mais que uma Nissan Hardbody D22 tenha na concepção inerentemente destinada a usos profissionais uma menor ênfase no conforto que um sedan médio cujas dimensões externas sejam parecidas, ou até alguns sedans ditos compactos modernos tendo em vista como a geração D22 das pick-ups Nissan ainda é de uma época de transição entre aquele conceito japonês de restringir comprimento e largura para recolher menos imposto anual para atender às expectativas de mercados internacionais onde esse parâmetro era irrelevante e concentrando a produção dos modelos de "exportação geral" na Tailândia, de certa forma uma concepção mecânica mais austera e norteada pela funcionalidade pura e simples constitui um contraponto às tentativas de estigmatizar as pick-ups como inerentemente problemáticas. E considerando também que em algumas regiões como os Estados Unidos e a Austrália uma maior concentração dos mercados em torno de utilitários foi baseada mais em fatores políticos os favorecendo em oposição a um sedan full-size, e em menor proporção até o Brasil onde a alíquota de IPI para utilitários desconsidera diferenças nas faixas de cilindrada seguindo um caminho parecido com as pick-ups compactas mais próximas das dimensões externas das médias de 20 anos atrás, perde qualquer sentido uma pura e simples demonização das pick-ups sem avaliar todo o contexto no qual estão inseridas e quais efetivas vantagens possam oferecer.
Talvez por terem absorvido uma parte considerável do público tradicional de sedans e station-wagons de grande parte, situação que foi tão fundamental para as pick-ups médias serem alçadas à condição de objeto de desejo também junto a uma parte expressiva da classe média urbana quanto a possibilidade de usar motor Diesel no Brasil, acabaram absorvendo também críticas a alegados exageros já atribuídas a modelos de outras categorias com dimensões externas semelhantes, mesmo que uma concepção mais voltada à funcionalidade tenha favorecido o uso de conjuntos motrizes mais modestos que podem fazer uma pick-up de tração simples permanecer com um consumo de combustível menos extravagante. Pese a regulamentação de emissões e metas de economia de combustível em algumas regiões ainda ser mais leniente para utilitários, e a princípio tal fator tenha sido decisivo para fabricantes os favorecerem em detrimento de automóveis, na prática a facilidade de produzir uma pick-up na mesma faixa de tamanho de um sedan grande passa a ser a única maneira de oferecer veículos economicamente viáveis antes de ser necessário lançar mão de recursos que aumentem o custo e dificultem a manutenção como sistemas de propulsão híbridos. Enfim, por mais que alguns estereótipos pejorativos à população interiorana nas figuras do caipira/colono e do agroboy sejam apresentados com uma frequência exagerada, as pick-ups podem estar longe de serem tão inerentemente problemáticas quanto à eficiência geral, e a demonização dessa categoria eventualmente reflita também preconceitos contra os Estados Unidos onde pick-ups são mais populares, além da particularidade de serem menos sujeitas às restrições ao uso de motores Diesel no Brasil em meio à atual caça às bruxas contra o motor de combustão interna que ainda tem um rigor mais exacerbado especificamente contra o Diesel...
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html