quarta-feira, 21 de março de 2012

Diesel e esportividade: é possível conciliar tais conceitos

Não há como negar o fascínio que os carros esportivos exercem sobre uma parcela significativa do mercado consumidor, ávido por se destacar em meio à multidão pelo desenho mais arrojado das carrocerias como no Fiat Coupé ou então por características técnicas mais orientadas a um alto desempenho, mas ainda poucos associam o Diesel à idéia de diversão ao volante transmitida por tais veículos.

Ainda que já sejam muito apreciados para trabalhos pesados por conta da maior rentabilidade operacional, os motores do ciclo Diesel ainda são vistos com algum ceticismo para o uso recreacional, salvo em alguns grupos como os off-roaders que quase sempre aceitam melhor o Diesel devido à maior aptidão para enfrentar condições ambientais severas.

Aos entusiastas de automóveis esportivos, como os Mercedes-Benz Classe SL, os regimes de rotação mais contidos num motor Diesel acabam muitas vezes parecendo menos empolgantes, ainda que possam ser obtidos bons resultados justamente pela distribuição de potência e torque já em faixas de giro mais baixas. Tanto que alguns veículos equipados com motor Diesel mesmo com potência inferior, mas beneficiados por um torque mais alto e abundante, acabam muitas vezes por superar o desempenho de concorrentes movidos a gasolina, etanol ou gás.
Não é à toa que em países sem as absurdas restrições ao uso de óleo diesel em função de capacidades de carga, passageiros ou tração já é possível encontrar até esportivos com motor Diesel, como algumas versões do Peugeot RCZ, cujo motor 2.0L turbodiesel de 163hp ainda supera o torque do 1.6 THP de ignição por faísca e movido a gasolina na versão de 200hp, para não mencionar a potência superior ao 1.6 THP de 156hp que é a única opção para o modelo no mercado brasileiro.

Da parte de apreciadores dos muscle-cars e pony-cars à moda americana como o Ford Maverick, tradicionalmente equipados com enormes motores V8 a gasolina em muitos casos com uma potência específica não muito alta mesmo em comparação com alguns motores do ciclo Diesel entre 4 e 6 cilindros, acaba ocorrendo alguma resistência mais em função do culto ao layout do V8 do que por alguma razão de ordem puramente técnica.
Pesam favoravelmente ao Diesel os resultados de adaptações de motores como o Cummins 4BT de 4 cilindros, 3.9L e faixas de potência entre 105 e 170hp em pickups full-size tipicamente americanas como a Chevrolet Silverado, surpreendentemente sem tantos prejuízos ao desempenho mesmo em comparação com os parrudos motores V8 entre 5.3 e 6.0L com pelo menos o dobro da potência.

Considerando o caso de alguns veículos ainda mais pesados e com uma aerodiâmica mais desfavorável que as pickups, como microônibus e alguns caminhões, que apesar das relações de marcha significativamente mais curtas e tendo que deslocar entre o dobro e o triplo do peso em  ordem de marcha de muitos esportivos modernos ainda são aptos a superar os 100km/h, teoricamente um motor turbodiesel de 4 cilindros na faixa dos 150hp com cilindrada de 3.8L até 4.5L não ficaria tão insatisfatório em um Chevrolet Camaro RS originalmente equipado com um motor 3.6L V6 de 323hp, e o torque do Diesel normalmente não é páreo nem mesmo para o 6.2L V8 de  426hp usado no Camaro SS...

Vale lembrar das palavras do lendário ex-piloto e preparador de carros de competição Carroll Shelby. Segundo o renomado especialista, que alçou o então desacreditado Ford Mustang ao patamar de um dos carros mais cobiçados do mundo, a potência vende carros mas o torque vence corridas...

Logo, por mais que alguns entusiastas de marcas como Ferrari e Porsche declarem preferir a morte a ver um de seus veículos favoritos ostentando um motor Diesel, deveriam rever seus conceitos...
A propósito: não custa nada lembrar que a Porsche já oferece a opção de motor Diesel, inaugurada com o Cayenne e logo estendida ao Panamera. Não seria de se duvidar que, num futuro próximo, até um modelo como o Boxster pudesse ser equipado com esse tipo de motor, tanto por "incentivo" das normas de poluição européias quanto pelas intenções do governo americano em reduzir as médias de consumo de combustível dos veículos oferecidos naquele mercado por meio da CAFE (Corporate Average Fuel Economy)...

5 comentários:

  1. Gostei bastante dos carros clicados, rs.

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    1. Mesmo o Fiat Coupé, que é tecnicamente mais simples que os outros modelos que apareceram no post, é difícil de não gostar. Se um desses cai na minha mão eu corro atrás de um motor Multijet 2.3 de Ducato para adaptar...

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  2. Será que não vale a pena tentar um motor dessas caminhonetes médias novas no Camaro ao invés de um motor de microônibus? Pelo menos no lugar do V6 o YD25 da Nissan Frontier já dá conta do torque e ainda é mais leve.

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    1. Sem dúvidas é outra opção que não deve ser descartada, e por ser um motor de alta rotação (para os padrões de motores Diesel) até pode sofrer menos oposição por parte de alguns consumidores.

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  3. Ya lo vi a unos Audi TT con el motor 2.0TDI. Ese mismo no lo iba a quedar de todo mal al Camaro, aun que tienes razón que un motor mas grande lo iba a quedar mejor. Aun que quedome con los Isuzu hay ese nuevo Cummins ISF que dicen ser muy bueno y más liviano que otros de misma clase.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html