sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Breve reflexão sobre o etanol de milho como opção para recuperar a competitividade no interior

A viabilidade do etanol como combustível para motores veiculares e estacionários/industriais, ainda que mais direcionada ao ciclo Otto e com algumas questões políticas que nos últimos anos o tornaram menos competitivo diante da gasolina, dispensa apresentações. No entanto, apesar de dificuldades de ordem técnica como irregularidades na partida a frio e uma maior demora na estabilização da marcha-lenta, bem como a higroscopia (absorção de umidade contida no ar ambiente) que torna problemática a armazenagem por períodos prolongados, um empecilho ainda mais significativo para que o etanol possa manter posição de destaque no mercado brasileiro de combustíveis é a logística. Tratando-se de um país com dimensões continentais e ao menos 4 fusos horários (desconsiderando o horário de verão por não ser observado no arquipélago de Fernando de Noronha), é compreensível que o etanol de cana, cuja produção está concentrada nos estados de São Paulo e de Alagoas, tenha deixado de ser viável à medida que se avança a oeste pelo país, e assim o milho ganha espaço como uma alternativa para recuperar o terreno perdido...

Dentre as opções mais acertadas para suprir regiões que a indústria canavieira já não tem condições de atender, o milho pode estar envolto em polêmicas e ser tratado com descaso em função de mitos quanto ao impacto sobre a disponibilidade de alimentos, além de um eventual "bairrismo" tendo em vista que é a matéria-prima predominante na produção de etanol dos Estados Unidos. Considerando o valor agregado ao milho após o beneficiamento para extração do óleo, e obtenção de substrato de alto teor proteico (DDG - distillation-dried grain - "grão de destilaria") normalmente usado na formulação de rações pecuárias, ainda que a produtividade em litros de etanol por hectare seja menor comparada à cana de açúcar, a operação já se torna menos dependente de subsídios para manter a rentabilidade, e portanto a remuneração do produtor rural e da usina tornam-se menos sensíveis a oscilações no preço do etanol. O avanço da produção do milho como opção para rotação de cultura com a soja, bem como a safra principal ocorrer durante a entressafra da cana, também são pretextos válidos diante da atual dependência brasileira por etanol de milho importado dos Estados Unidos para atender à região Norte e compensar a ineficácia dos "estoques reguladores" para manter a estabilidade dos preços ao longo do ano.

A recente atração de investimentos estrangeiros, como é o caso da usina que a empresa paraguaia Inpasa (Industria Paraguaya Alcoholes S.A.) planeja implementar na cidade de Sinop-MT com início das obras programado para abril desse ano, mostra que o etanol de milho é um caminho sem volta. Por mais que a ênfase seja dada ao consumo desse combustível em motores do ciclo Otto, também é relevante apontá-lo como mais uma possibilidade para fomentar a segurança energética em algumas condições operacionais menos críticas em termos de desempenho e adaptabilidade a ambientes severos, além da perspectiva de fomentar novamente o etanol nas próprias regiões produtoras de milho eventualmente se tornar útil para reduzir a pressão sobre o óleo diesel convencional não só em pick-ups de agroboy mas também em máquinas agrícolas, tendo em vista que estão passando a ser enquadradas em normas de emissões mais restritivas. Enfim, diante de fatores que vão desde a maior facilidade para firmar-se em âmbito regional até o ressurgimento da "diplomacia do etanol", o milho é de fato uma opção para recuperar a competitividade do etanol.

2 comentários:

  1. Será que rola fazer uma versão brasileira daquela aguardente de milho Everclear também? O mais louco nisso tudo é que a Everclear pura já pega fogo facilmente por ter a mesma concentração de álcool por volume que tem no álcool de posto.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html