A falta de uma capilarização na distribuição do gás canalizado - talvez seja a principal razão pela qual o gás natural veicular ainda apresente dificuldades para ganhar espaço no interior, especialmente em aplicações como maquinário agrícola. Mesmo que o gás liquefeito de petróleo (GLP - "gás de cozinha") tenha conquistado espaço em tratores destinados a aplicações industriais e à movimentação de cargas em áreas de tráfego restrito, valendo-se da troca dos botijões de forma semelhante à que se faz com fogões e aquecedores de água, e os motores do ciclo Otto usados nesses tratores também seja apto a operar com o gás natural sem maiores alterações, devendo-se proceder somente a substituição do sistema de armazenamento do combustível, a concentração da rede canalizada nos grandes centros e regiões metropolitanas acaba por incentivar a manutenção da hegemonia do óleo diesel. Também cabe destacar o descaso com que o poder público trata o biogás/biometano, que poderia tornar-se uma alternativa não apenas para agregar valor a rejeitos agroindustriais mas também para que localidades interioranas possam ser integradas à rede canalizada não apenas como consumidoras, mas mediante uma complementação da demanda pelo gás natural de origem fóssil, diminuindo ainda a dependência pelo gás importado da Bolívia em algumas regiões.
Valor de revenda e extensão da vida útil operacional de veículos antigos - tendo como exemplo mais emblemático tantos ônibus urbanos que após serem retirados de circulação passam a ser usados para finalidades tão distintas como o fretamento ou uma transformação em trio-elétrico, é natural que o mercado dê preferência a veículos que possam operar com um combustível com disponibilidade mais garantida, não apenas em grandes centros mas também no interior. Portanto, a menos que venha a ser implementado a nível nacional (ou eventualmente abrangendo países vizinhos para facilitar o intercâmbio comercial) um programa semelhante aos "corredores azuis" que estão sendo estruturados nos principais eixos rodoviários da União Européia, é praticamente impossível que o gás natural chegue a ser encarado como uma opção minimamente adequada à realidade da grande maioria dos operadores de transporte comercial e outras aplicações para veículos pesados no país. Afinal, existe um imenso Brasil fora das capitais e respectivas regiões metropolitanas relativamente bem servidas por uma rede canalizada de gás natural...
Manejo mais simples de combustíveis líquidos - em algumas aplicações que requerem uma rápida mobilidade, como é o caso de grupos geradores portáteis, frotas militares e veículos de emergência, maquinário de construção e equipamentos de apoio aeroportuário em solo, a hegemonia do Diesel sobre o gás natural está assegurada não só pela maior disponibilidade do óleo diesel convencional, mas também pelo manejo mais simples de combustíveis líquidos. Ainda que eventualmente uma menção à maior facilidade em transportar óleo diesel e proceder o abastecimento dos equipamentos no próprio local de operação possa parecer um convite à negligência quanto a normas de segurança, bem como a menor volatilidade do óleo diesel convencional, do biodiesel e até do querosene de aviação comparados à gasolina e ao etanol, todos os líquidos e gases inflamáveis devem ser manipulados com atenção às orientações expressas na correspondente FISPQ - Ficha de Indicação de Segurança de Produtos Químicos.
Adaptabilidade do ciclo Diesel a combustíveis alternativos - por último mas nem por isso menos importante, não se deve desconsiderar um uso de combustíveis menos convencionais, bem como as eventuais alterações no desempenho que venham a ser observada nessas condições. Seja pelo custo como é o caso do uso direto de óleos vegetais para abastecer tratores e outras máquinas agrícolas nas regiões produtoras de oleaginosas, ou para garantir a mobilidade de uma viatura militar durante um exercício ou em situação real de combate quando o apoio logístico para suprimento do combustível-padrão possa demorar mais do que seria adequado para uma transposição segura de posições hostis, vale salientar que os motores Diesel praticamente não sofrem alterações no desempenho quando devidamente preparados para suportar as alterações na qualidade e especificações dos combustíveis, ainda que o consumo possa ser afetado por fatores como a volatilidade e a densidade energética.
Gás natural eliminar o diesel eu acho impossível de acontecer. A única coisa que pareceria fazer algum sentido seria o gás tomar uma parte da demanda pelo álcool.
ResponderExcluirSubstituir o diesel eu acho difícil mesmo, mas pela experiência com sistemas de gás natural faz sentido considerar o biogás para interiorizar a oferta e aproveitar melhor os rejeitos da agricultura e da criação de animais.
ResponderExcluir