Como se o cidadão brasileiro já não fosse espoliado por uma carga tributária que beira o obsceno, a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), contando com informações privilegiadas sobre uma eventual revisão das alíquotas de IPVA que o governo federal estaria cogitando para 2017 em caso de reeleição, "sugeriu" que fossem alterados os modos de taxação para que veículos mais antigos fossem penalizados e, assim, as vendas dos 0km tivessem uma demanda artificialmente mais constante. Mas a bem da verdade, quem em sã consciência trocaria a simplicidade e eficiência de um motor Diesel como o 1.6L de injeção indireta da Volkswagen que, apesar de tecnicamente ultrapassado, possa proporcionar médias de consumo numa faixa de 16 a 21km/l entre cidade e estrada e fácil adaptabilidade a combustíveis alternativos por qualquer "popular" da atual geração de motores bicombustível que acabam por comprometer demasiadamente a eficiência tanto a operar com etanol quanto com gasolina? Vale destacar que mesmo o Renault Clio, um dos "populares" mais econômicos do mercado brasileiro, faz na melhor das hipóteses uns 17 km/l na estrada rodando com gasolina...
Vá lá, se pudesse ser usado algum turbodiesel como o 1.5dCi de 67cv que já equipou o Clio em outros mercados, até ficaria tentador. Ainda assim, deve-se lembrar que para muitos usuários o automóvel acaba por refletir preferências pessoais e um estilo de vida, portanto simplesmente querer prender num hatch compacto 0km quem aprecia uma caminhonete full-size antiga é uma grande contradição para muitos políticos que dizem ter lutado pela "liberdade" no enfrentamento ao Regime Militar...
Dá-se a entender que, além de restringir ainda mais o livre-mercado, parece que também há um desejo em diminuir ainda mais a já limitada disponibilidade de veículos com motor Diesel que o cidadão brasileiro possa obter legalmente, como uma pesada Ford F-1000 com cabine dupla artesanal.
Tentar simplesmente sobrepor interesses político-partidários sem levar em consideração a realidade operacional e também a liberdade de escolha do cidadão é um grave erro, que no caso da ANFAVEA pode até se tornar um tiro no pé. Afinal, para muitos proprietários de algum "velhinho" (independentemente de usar motor Diesel ou não) como um Gol BX, apegados ao custo inicial reduzido ou à maior simplicidade mecânica, caso fossem arbitrariamente obrigados a se desfazer de seus "sucatões" sem nenhum incentivo financeiro para a aquisição de um 0km como os créditos implementados no programa Cash for Clunkers americano, seria mais fácil migrar para uma moto (eventualmente com side-car para diminuir o impacto prático das menores capacidades de carga e/ou passageiros) por ser mais barata do que se endividar com um carnê mais grosso que qualquer livro que o sujeito tenha lido na vida...
Muito se fala sobre potenciais efeitos benéficos da "renovação de frota" no âmbito da eficiência energética da frota atualmente circulante no Brasil, mas se por um lado substituir um sedan de porte avantajado e idade mais avançada como o Daewoo Prince por algum "popular" aleatório surtiria algum efeito, há de se lembrar de outra ponta do iceberg onde se destacam subcompactos como o Daihatsu Mira (vendido durante a década de 90 no mercado brasileiro como Daihatsu Cuore) que, apesar de movidos a gasolina, conseguem regularmente médias de consumo de dar inveja a qualquer 1.0 nacional...
Gurgel Tocantins: apesar da tração apenas traseira, já enfrentava bem algumas condições de terreno mais severas, mas acabou prejudicado pela impossibilidade de contar com motor Diesel legalmente... |
É mesmo uma presepada essa de querer renovar a frota só para varrer por baixo do tapete os carros velhos, se os carros novos forem ficar tudo escangalhado por causa dessas ruas esburacadas.
ResponderExcluirNão adianta querer esconder a História com o manto da "modernidade", visto que muitas vezes o que antes era considerado motivo de vergonha volta com forças renovadas como "vintage".
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