Um lugar para os malucos por motores do ciclo Diesel compartilharem experiências. A favor da liberação do Diesel em veículos leves no mercado brasileiro, e de uma oferta mais ampla de biocombustíveis no varejo.
segunda-feira, 31 de março de 2014
Breve reflexão sobre um golpe contra a segurança energética
A disseminação dos motores "flex" entre 2003 e 2004 parecia dar uma nova força aos biocombustíveis no mercado brasileiro, mas o aparelhamento político da Petrobras mostrou-se um empecilho. Toda a propaganda em torno do Pré-Sal e da suposta "auto-suficiência em petróleo", e o uso dos preços da gasolina e outros derivados do petróleo como bandeira política de um falso controle da inflação mediante um pesado comprometimento de verbas públicas desequilibraram a competitividade no mercado de combustíveis, que já começava a se mostrar mais favorável às alternativas de origem renovável. Ignoram-se razões de ordem técnica por mera conveniência política e, além da Petrobras ser usada como "vaca leiteira", há a ANP com imposições esdrúxulas e puramente arbitrárias que vão desde limitações ao volume de biodiesel permitido em mistura no óleo diesel convencional até o impedimento à venda varejista de biodiesel puro (B100) e do etanol de microdestilarias. Chegou-se ao cúmulo do absurdo no ano passado quando foi proposta a substituição do etanol hidratado puro (E100 ou E96h) pelo etanol anidro com adição de 15% de gasolina, o que além de eliminar a principal vantagem de se usar um combustível 100% renovável traria um indesejável acréscimo ao custo operacional da produção de etanol.
Por mais que a esquerda-caviar diga defender a "agricultura familiar", as oportunidades de geração de emprego e renda nas zonas rurais (ou mesmo como alternativa para promover uma maior estabilidade biológica e revitalizar áreas degradadas nas periferias de grandes metrópoles) que estariam vinculadas ao uso dos óleos de mamona e pinhão-manso cultivados em pequenas propriedades ou em hortas comunitárias como uma matéria-prima para a produção do biodiesel também são solenemente ignoradas, além do descaso com que vem sendo tratados por parte do governo as propostas de liberação ampla, geral e irrestrita do uso de motores Diesel, criando-se quase que um "apartheid automotivo" onde poucos que podem gerar uma maior arrecadação de impostos (seja pelo alto custo inicial de um SUV ou uma caminhonete 0km, seja pelo consumo mais alto em um veículo de porte mais avantajado em comparação com um automóvel de dimensões mais modestas) conseguem o privilégio de ter um veículo com motor Diesel.
Tenta-se ainda desacreditar os biocombustíveis ao jogar para cima do setor agroindustrial uma "culpa" pelo eventual impacto resultante sobre o custo de gêneros alimentícios, ignorando que há a possibilidade de promover a rotação de cultura, e que algumas espécies podem servir adequadamente como matéria-prima tanto para a produção de biocombustíveis quanto alimentos ao mesmo tempo. Um bom exemplo é o etanol de milho, mais usado nos Estados Unidos e alvo de constantes críticas devido ao menor rendimento de galões de etanol para cada galão de óleo diesel investido na produção em comparação com a cana-de-açúcar, mas ainda assim rende uma boa quantidade de um "concentrado" rico em proteínas que pode ser usado na indústria alimentícia e também como ração animal, o DDG (Distillation-Dried Grain, grão seco por destilação). Para a pecuária, o DDG é uma boa alternativa por promover um ganho de peso mais rápido no gado devido à digestibilidade mais eficiente em comparação com o uso direto do grão de milho, visto que o gado não digere com tanta eficiência a maltodextrina (um "açúcar" do milho) que, ao fermentar por ação da flora intestinal dos animais, gera gás metano liberado na atmosfera durante a flatulência e a eructação.
Nota-se ainda uma verdadeira institucionalização ao desrespeito pelo produtor rural brasileiro, estendendo-se desde a falta de assistência técnica para o pequeno produtor interessado em melhorar a produtividade até a conivência governamental a grupos que promovem a violência no campo motivados pela impunidade. Convém salientar, também, que o setor fumageiro não vem sofrendo tantas restrições, talvez por ser outra "vaca leiteira" fiscal, enquanto quem destine uma parte da safra da cana, milho, ou soja, para a produção de biocombustível é taxado de "assassino" por alguns hipócritas de plantão. Manter a segurança energética de um país com dimensões continentais como o Brasil refém de interesses eleitoreiros é, portanto, um verdadeiro golpe contra o povo brasileiro.
2 comentários:
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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.
It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.
Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html
Deu nos dedos duma turminha com essa opinião contundente.
ResponderExcluirTem razão. Por mais que o lançamento do carro flex possa ter servido de bandeira para o Lula, na prática o PT não fez nada de relevante para o álcool voltar a valer a pena por todo o país.
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