Uma vantagem atribuída ao SCR é o impacto praticamente nulo sobre o consumo de combustível e o desempenho do veículo em comparação ao EGR que se vale da inserção de gases inertes pós-combustão recirculados do escape para a admissão com o intuito de reduzir a concentração de oxigênio nas câmaras de combustão visando também uma menor emissão de NOx. Alguns fabricantes, como a International, chegaram a ter experiências desastrosas com o EGR em mercados estrangeiros com limites mais rígidos de emissões, desde vazamentos de fluido de refrigeração do motor até o acúmulo de material particulado readmitido junto aos gases de escape no coletor de admissão, sedes de válvula e na própria carcaça da válvula EGR. Mas nem tudo são flores para os usuários do SCR: na ausência do AdBlue/DEF/ARLA-32, um veículo equipado com o sistema tem o desempenho limitado eletronicamente e pode até ficar totalmente imobilizado visando garantir o cumprimento das normas para as quais tenha sido especificado.
Indo além das normas Euro-5 hoje em vigor no mercado brasileiro, e da presença ainda limitada do Diesel em veículos particulares motivada pelas restrições baseadas nas capacidades de carga e passageiros e tração, a presença do SCR já é realidade em outros segmentos além dos utilitários comerciais. Um bom exemplo é o sport-utility Mercedes-Benz GL 350 Bluetec, que mesmo assim não teve como dispensar também o EGR para ser enquadrado nas regulamentações da EPA americana. Além da maior complexidade inerente à presença de ambos os sistemas destinados ao controle dos NOx, é conveniente recordar que o AdBlue/ARLA-32 ainda não é tão fácil de encontrar e são poucos os postos de abastecimento que já o comercializam a granel com um preço por litro inferior ao do óleo diesel. Convém salientar ainda que o fluido, embora não seja considerado tóxico, tem odor desagradável e é corrosivo, e portanto não convém ter que carregar no porta-malas do veículo um galão de plástico muito fino e propenso a vazamentos.
Mas sendo o processo de combustão dos motores Diesel inerentemente mais propenso à formação dos NOx em decorrência das temperaturas e pressões elevadas que são imprescindíveis para que ocorra a ignição por compressão, haveria outra maneira de enfrentar os desafios impostos pelo controle de emissões sem comprometer o desempenho, a confiabilidade do motor e a praticidade como fazem os principais sistemas hoje aplicados aos veículos leves? Tudo leva a crer que sim, apesar de não haver uma fórmula que atenda igualmente às necessidades de todos os usuários em meio a condições operacionais tão distintas que possam se apresentar. Embora dificilmente se venha a eliminar o EGR, em alguns veículos é viável a substituição do SCR por um catalisador do tipo "lean NOx-trap" que absorve dentro do núcleo poroso o NOx gerado durante o uso regular do veículo para que sejam posteriormente degradados de forma simultânea aos ciclos de autolimpeza ou "regeneração forçada" do filtro de material particulado (DPF). Tal método, no entanto, ainda tem limitações e se adapta melhor a motores de cilindradas mais baixas e modelos de porte menos avantajado que impõem um fator de carga menor, refletindo-se também em temperaturas dos gases de escape mais contidas. Num Audi A3, por exemplo, o NOx trap cai como uma luva em versões com o motor 1.6TDI, mas já não teria a mesma eficácia numa A6 allroad quattro com o motor 3.0TDI.
Também é conveniente recordar que o gás natural é amplamente usado como matéria-prima na síntese da uréia técnica para a formulação do AdBlue/ARLA-32, um processo que não é exatamente livre de emissões e acaba por consumir recursos energéticos que poderiam ser melhor aproveitados com o uso direto do gás natural como combustível veicular. Se por um lado requer uma fonte de ignição, e portanto não pode ser usado puro em motores Diesel, por outro é perfeitamente viável a aplicação de forma complementar ao óleo diesel convencional com melhorias ao processo de combustão. À primeira vista, parece incoerente que algum benefício possa surgir em meio à diminuição da concentração de oxigênio durante a expansão que uma pequena parte de gás natural sofreria ao ser adicionada ao ar da admissão e absorver calor latente, análoga ao efeito do EGR que compromete o desempenho, mas diminui a quantidade de óleo diesel necessária e promove uma propagação de chama mais uniforme através das câmaras de combustão, aproveitando de forma mais efetiva a energia contida no combustível primário e gerando menos material particulado ao invés de apenas acrescentar gases inertes com resíduos e eventuais impurezas. A oferta um tanto limitada do gás natural fora dos grandes centros regionais pode tornar menos atrativa essa opção para muitos operadores, mas se mostra adequada para rotas regionais e alguns serviços como o de coleta de lixo no qual pode ser aproveitado o biogás/biometano proveniente dos aterros sanitários.
Parece gasolina, mas é cachaça artesanal de alambique envelhecida |
Mas não seria mais fácil usar o gás puro num motor a gasolina?
ResponderExcluirAté seria, mas se estaria abrindo mão da eficiência térmica superior do ciclo Diesel.
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