quinta-feira, 22 de março de 2018

Downsizing e controle de emissões: alguns aspectos que podem passar despercebidos

Já não é nenhuma novidade que o downsizing pode ser uma boa opção para atender melhor a algumas condições operacionais mais sensíveis a um peso eventualmente excessivo do motor. O menor volume ocupado pela instalação pode ser também favorável a uma integração mais fácil com as gerações mais recentes de dispositivos de controle de emissões, mas pode não ser a única característica que traga um benefício nesse aspecto. Afinal, por mais que possa ser questionado um eventual comprometimento da durabilidade em função de fatores como os regimes de rotação mais elevados nos quais estejam situados os picos de potência e torque ou então excessos de pressão na indução forçada que o hoje quase onipresente turbo possa proporcionar, não convém ignorar as condições de carga às quais o motor vá ser submetido e como influencie na eficiência e durabilidade de itens como o filtro de material particulado (DPF) que necessita de temperaturas um tanto elevadas para promover a autolimpeza ou "regeneração".

Naturalmente, é importante considerar também eventuais desafios que venham a se impor no tocante aos óxidos de nitrogênio (NOx), cuja formação encontra condições mais propícias justamente nas altas temperaturas. Em veículos leves, alguns fabricantes tem até conseguido evitar o uso do SCR e portanto sem a necessidade de recorrer à solução-padrão AdBlue/ARLA-32/ARNOx-32 para manter-se de acordo com as normas em vigor nos países onde possam ser vendidos regularmente. Porém, à medida que motores mais compactos se façam presentes também em veículos de porte mais avantajado e por extensão mais pesados, torna-se mais crítico o controle de temperatura. Afinal, por mais que a grande vantagem atribuída ao ciclo Diesel no tocante à eficiência energética se deva a princípios de conservação de energia liberada durante o processo de combustão, excessos de calor gerados passam não só a denotar um possível subaproveitamento dessa energia que poderia ser convertida em movimento, mas também acabam tornando-se problemáticos em função do efeito sobre as emissões de NOx.

Também não deixa de ser relevante destacar a obsessão que se criou em torno da potência e do torque declarados pelos fabricantes, mais até a potência mesmo, servindo de chamariz para possíveis compradores interessados num uso meramente particular/recreacional duma caminhonete full-size em detrimento de parte do público mais focada em aspectos práticos como a robustez e a pura e simples aptidão para o serviço ao qual estejam destinados. Evidentemente, recorrer a um motor Diesel não é o problema em si, mas as normas de emissões cada vez mais rígidas trazem novos desafios que não tem sido necessariamente respondidos da forma que se apresente mais favorável ao operador do veículo. Logo, pode-se constatar uma clara inversão de prioridades que se reflete numa oferta de veículos cuja opção de motor Diesel quando disponível nem sempre seja efetivamente a mais adequada às condições operacionais, podendo até induzir o consumidor ao erro de crer que não lhe reste outra alternativa senão conformar-se a rodar na gasolina, eventualmente valer se do etanol ou depender da disponibilidade ainda um tanto limitada do gás natural.

Há uma onda de incertezas rondando o mercado automotivo a nível mundial no que concerne à percepção do Diesel como um problema ao invés de ser devidamente reconhecido como parte de uma série de soluções a serem integradas visando conciliar sustentabilidade e segurança energética. Portanto, é oportuno avaliar opções que demonstrem a viabilidade do Diesel diante de um cenário tão crítico, e nesse caso o downsizing pode ser bem aplicado também em condições operacionais nem tão sensíveis ao peso do motor. Enfim, por mais desafiadoras que as circunstâncias tem se revelado, seria precipitado demais descartar logo de antemão essa possibilidade de minimizar inconveniências apontadas por operadores na rotina de manutenção das novas gerações de motores Diesel que acompanharam a inclusão de certos dispositivos de controle de emissões.

3 comentários:

  1. Seria isso o motivo para GM oferecer o motor Duramax 2.8 no furgão Express?

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  2. Aún que me gusten unos motores más vetustos de Isuzu como los 4HF1, estoy de acuerdo que el downsizing suele tener unas ventajas para el control de emisiones.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html