1 - percepção de uma maior facilidade de manutenção com recursos limitados: às vezes não dá para negar que um motor mais rústico vá levar vantagem nesse aspecto, de modo que ainda possa ser feito satisfatoriamente algum reparo ou procedimento de manutenção preventiva sem depender de um scanner para identificar códigos de erro. Naturalmente, se faz necessário ter algum conhecimento dos princípios básicos de operação de motores e estar devidamente familiarizado com o equipamento para diagnosticar falhas apenas observando, mas para um fazendeiro experiente eventualmente ainda pode soar mais confortável fazer algum procedimento por conta própria ao invés de depender da chegada da assistência técnica especializada para atender a um trator mais sofisticado com motor eletrônico;
2 - percepção de invulnerabilidade a pulsos eletromagnéticos: tanto para operadores militares que temam o efeito de campos magnéticos sobre dispositivos de comunicação e navegação ou que ocorra uma maior facilidade para detecção por radares inimigos, quanto para civis que operem equipamentos eletrônicos de alta precisam ou sejam adeptos do "sobrevivencialismo" e eventualmente se inspirem em soluções desenvolvidas de acordo com as necessidades operacionais das forças militares, há quem considere a ausência de sistemas eletrônicos fundamental para garantir a confiabilidade em situações que envolvam o risco de uma interferência eletrônica afetar o desempenho ou até mesmo imobilizar o veículo completamente. Sem distinção entre um Agrale Marruá usado pelo Exército para transportar equipamentos de rádio ou uma Saveiro com algumas modificações que possam resultar numa melhor aptidão a alguns usos recreacionais envolvendo ainda percursos off-road moderados, o simples fato do motor não causar nem sofrer interferências eletromagnéticas pode ser vantajoso;
3 - tolerância a combustíveis com especificações diferenciadas: além de alterações na qualidade do óleo diesel que sejam frequentemente apontadas como tendo um efeito mais nocivo aos motores com gerenciamento eletrônico, o que pode ser uma meia-verdade a depender de alguma preparação que se possa fazer de acordo com a aplicação à qual o veículo seja direcionado, também é conveniente levar em consideração que motores de injeção 100% mecânica podem até ser adaptados mais facilmente ao uso direto de óleos vegetais tanto frescos quanto reaproveitados de fins culinários como combustível alternativo simplesmente por dispensarem qualquer reprogramação eletrônica que possa ser requerida por alguns motores modernos para que eventuais discrepâncias no controle de alguma emissão não disparem um código de erro ou façam o motor operar com restrições de desempenho normalmente associadas a alguma falha. No caso de motores de injeção indireta, como o Volkswagen EA827 1.6D muito cobiçado na Saveiro quadrada, o processo de combustão é até mais favorável ao uso dos óleos vegetais e proporciona condições para uma queima completa até da glicerina neles contida.
4 - impressão de maior confiabilidade: podendo ser relacionada ao primeiro motivo, principalmente em função do impacto que toda novidade acaba acarretando e da necessidade de reestruturar a rede de assistência técnica para atender a uma demanda que estaria recém surgindo, ainda é relevante não só em aplicações veiculares mas também em segmentos como o estacionário/industrial e o náutico. Vale lançar uma observação sobre o caso da Toyota que, mesmo já não abrindo mão ao menos do controle eletrônico em bombas injetoras do tipo distributiva (também conhecida como rotativa) no motor 5L-E com injeção indireta e aspiração natural ainda oferecido dependendo do mercado em modelos como o Toyota Land Cruiser Prado, ao menos permanece mais fácil fazer a adaptação de uma bomba injetora com governador 100% mecânico para fazer funcionar na marra quando for estritamente necessário. É importante levar em consideração também condições ambientais severas, não só em terra firme num jipe 4X4 mas também em ambiente marinho, onde a névoa salina favorece a ocorrência de corrosão que se surgir numa conexão elétrica crítica para o funcionamento do motor que, caso não tenha sido corretamente conectada nem recebido a necessária manutenção preventiva, pode causar sérios transtornos numa embarcação...
Mas será que muito do fanatismo pelo motor totalmente mecânico não seja em parte por ser relaxado? Ir nessa de manutenção fácil por não querer se atualizar, achar que é normal o motor fumar além da conta, esse tipo de coisa.
ResponderExcluirEm alguns casos pode ser por comodismo sim.
ExcluirJá tem algumas fazendas onde nem se usa mais trator com motor totalmente mecânico, alguns modelos pesados estão com uma sofisticação que 20, 30 anos atrás, parecia impossível
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