quarta-feira, 14 de julho de 2021

Breve observação sobre o Renault Duster e o fim da opção por tração 4X4 no Brasil

Um dos SUVs compactos que mais se notabilizaram ao longo dos últimos 10 anos no Brasil, o Renault Duster deixou de ter a opção de tração 4X4 para o mercado nacional no ano passado com a chegada da geração atual, embora ainda conte com esse recurso em países vizinhos como Colômbia e Argentina em versões equipadas com o motor 1.3 turbo a gasolina. Sob a alegação que o Duster 4WD correspondia a só 5% do total de vendas do modelo no Brasil, atendendo principalmente a alguns frotistas que viam na tração nas 4 rodas uma efetiva necessidade para aplicações utilitárias propriamente ditas, pareceu mais fácil simplesmente eliminar esse recurso, além do mais que só estava disponível com o câmbio manual, em contraste com a atual preferência do público generalista pelo câmbio automático nessa categoria. É conveniente lembrar também como a Renault deixou passar a oportunidade de oferecer ao menos uma opção turbodiesel para o Duster no Brasil, tendo em vista que a tração 4X4 qualifica para homologação como utilitário, apesar de recorrer a uma relação mais curta da 1ª marcha ao invés de uma "reduzida" propriamente dita.

Naturalmente, o câmbio automático ter sido oferecido somente com tração simples dificultava vender a opção pela tração integral para um público predominantemente urbano que vê os SUVs como objeto de desejo e prefere dispensar o câmbio manual, mas certamente a ausência de opções turbodiesel no Brasil também pesou contra uma maior presença da configuração 4X4 no mercado. Mesmo considerando uma improvável hipótese de se recorrer a um câmbio automatizado monoembreagem como o Easy-R que foi oferecido anteriormente como uma opção mais em conta ao câmbio automático no equivalente europeu vendido como Dacia Duster enquanto o modelo nacional e o colombiano ofereciam um automático com 4 marchas, a princípio uma maior similaridade entre o câmbio automatizado e um manual já facilitaria a disponibilização de uma opção para quem prefira não trocar marchas em meio a um trânsito caótico nos principais centros urbanos. Por outro lado, uma rejeição do público generalista ao câmbio automatizado frequentemente retratado como inerentemente inferior ao automático também seria difícil de reverter, e a bem da verdade em algumas condições de uso mais severas o conversor de torque usado em câmbios automáticos é mais confiável que as embreagens usadas com os câmbios manuais e automatizados.

Por mais que a logística e os volumes de vendas parecessem num primeiro momento não justificar uma eventual disponibilidade de versões 4X4 turbodiesel com câmbio automático, foi inoportuno ignorar um bom argumento de vendas como o motor turbodiesel mesmo com tração 4X4 só estando disponível em conjunto com o câmbio manual. Mesmo uma procura alegadamente maior pelo Duster 4WD da parte de operadores profissionais já seria um bom pretexto para oferecer um turbodiesel, tanto pelas condições de rodagem mais críticas em alguns serviços como atividades de apoio à mineração ou à aviação e que poderiam ser melhor atendidas por um motor que facilita a padronização dos combustíveis quanto pelas médias de quilometragem em alguns casos mais altas proporcionarem mais rapidez para um retorno do investimento inicial. Enfim, por mais que ainda caiba apontar outras causas, seguramente o fim da opção por tração 4X4 para o Renault Duster no Brasil também pode ter sido um efeito da ausência de um motor turbodiesel.

4 comentários:

  1. Diesel e câmbio automático foi uma receita de sucesso para o Jeep Renegade. Podia ter dado certo no Duster também.

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    1. Talvez até em aplicações efetivamente profissionais, um câmbio automático corretamente dimensionado poderia suportar melhor algumas condições operacionais severas.

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  2. Mesmo agora sem 4X4 nem como opcional, para muita gente já serve bem mesmo para usar na cidade e só pela aparência mais forte de SUV.

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    1. No fim das contas, hoje só parecer já é mais valorizado que ser de verdade.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
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