sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Eletrificação impositiva: longe de ser uma efetiva solução

Uma situação que pode ser considerada preocupante, a atribuição de um viés estritamente urbanóide aos carros subcompactos faz com que tornem-se especialmente propensos a uma abordagem mais radical no tocante à eletrificação, com a atual geração do Fiat 500e sendo um exemplo bastante evidente. Ao invés de incluir opções com motores de combustão interna ao desenvolver uma geração renovada para o Fiat 500, cujas referências estéticas ao Nuova 500 da década de '50 que apesar do tamanho exageradamente pequeno conseguia atender a diferentes perfis do público italiano durante o período imediatamente após a recuperação de uma Europa devastada pela II Guerra Mundial, um ambientalismo de araque restringe demasiadamente as condições operacionais a ponto de inviabilizar em mercados de exportação como o Brasil um eventual uso do modelo como único carro de um núcleo familiar. É importante destacar que, apesar de projetadas expansões na rede de pontos de recarga rápida de baterias para veículos elétricos e híbridos plug-in, de modo que até possam atender a alguns usuários ao longo de determinados eixos de transporte rodoviário, recarregar as baterias de um veículo 100% elétrico ainda demora mais comparado ao reabastecimento de um tanque de gasolina, etanol ou óleo diesel em proporção à distância trafegada, e até o gás natural também pode levar vantagem nesse aspecto.
Algumas características inerentes a motores elétricos como o torque instantâneo e constante, bem como a reversibilidade que permote acoplamento direto ao diferencial sem um câmbio propriamente dito, até podem levar a crer que apresentem uma maior eficiência geral em quaisquer condições de tráfego, mas é estúpido ignorar eventuais peculiaridades que categorias distintas de automóveis vão apresentar, como a maior dificuldade para um hatch subcompacto ter a aerodinâmica bem trabalhada sem sacrificar muito o volume interno tanto do habitáculo quanto do compartimento de bagagens. Só reforçando aquele viés essencialmente urbano que vem sendo atribuído aos subcompactos, que além de terem a aerodinâmica mais difícil de aprimorar sofrem com restrições de espaço para acomodar uma bancada de baterias com capacidade suficiente para trajetos mais longos de modo a proporcionar menos pausas para recarga, nas velocidades compatíveis com o tráfego rodoviário o alcance tende a ser menor que em trechos urbanos, e portanto um veículo menos "especializado" torna-se desejável, e só um motor de combustáo interna é capaz de proporcionar a versatilidade desejável a um carro familiar de uso geral. Obviamente um Fiat 500e ser comparado a uma minivan Chrysler Pacifica Hybrid seria desproporcional, assim como emitir juízo de valor contra quem opta por um carro grande tão somente pelo tamanho é coisa de militontos de grupelhos ecoterroristas com pretensão de posar de donos da verdade, embora seja inegável como uma eletrificação baseada mais em agendas politiqueiras que aspectos técnicos sacrifica a versatilidade entre modelos que poderiam atender bem a segmentos de entrada do mercado e apenas torna mais elitizado o automóvel.
Também é pertinente frisar que o motor de combustão interna de um modo geral ainda pode contribuir e muito para a estabilização dos ciclos do carbono e do nitrogênio na atmosfera, levando em consideração a viabilidade que apresenta para o uso de combustíveis alternativos, e como o uso de resíduos orgânicos na produção de etanol ou biometano e substitutivos para o óleo diesel convencional, fica mais adequado que deixar matéria orgânica se decompondo sem um manejo do metano em lixões a céu aberto ou ainda em estações de tratamento de esgoto. Sem esquecer a tranquilidade a ser proporcionada quando se pode reabastecer mais rapidamente em comparação a uma recarga de baterias, mesmo que o alcance no modo 100% elétrico fique menor em um híbrido plug-in devido ao espaço ocupado pelo motor de combustão interna e respectivo sistema de combustível em detrimento de uma bancada de baterias maior como a de um veículo totalmente elétrico, o ideal é que prevaleça o bom senso e uma busca por soluções visando o melhor resultado para cada perfil de usuário, e outros orçamentos ainda possam ser bem atendidos com modelos de categorias mais austeras sem abdicar da versatilidade. Enfim, mesmo sendo apresentada à exaustão como o futuro, uma eletrificação impositiva e mais centrada em virtue-signaling de fabricantes e de instituições públicas ou privadas mundo afora é um tiro no pé ao invés de uma efetiva solução...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html