Se antes uma pick-up full-size era o carro do agricultor que podia até apreciar o imediatismo aplicado à oferta de motores mais rústicos praticamente idênticos aos que já equipavam máquinas agrícolas, com o custo presumívelmente menor de incorporar aos modelos nacionais uma opção já disponível na região e com a qual os mecânicos estariam bem familiarizados ao invés dos fabricantes tentarem a sorte usando motores semelhantes aos dos congêneres americanos, o final da década de '90 encerrava essa fase. Com a ascensão de pick-ups e outros utilitários como símbolo de status também junto a um público urbano, e uma dinâmica de mercado mais acirrada que na época de restrição às importações entre '76 e '90, ficava evidente a necessidade de conciliar o atendimento a necessidades de usuários estritamente profissionais sem desagradar a um segmento mais recreativo do público por assim dizer. Portanto, embora o uso de um motor MWM continuasse aquela aposta na regionalização e uma austeridade comparado aos V8 de 7.3L originalmente usados no congênere americano e até em versões brasileiras destinadas à exportação para a Austrália, é pertinente salientar que o motor Sprint seguia a filosofia de downsizing favorecendo o deslocamento dos picos de potência e torque para faixas de rotação mais altas que concorrentes com regimes de rotação mais moderados.
Forçando um pouco a barra, até seria possível fazer uma comparação entre o MWM Sprint 6.07 TCA e alguma versão de 6 cilindros dos motores Cummins série B como o B5.9/ISB5.9 que alguns caminhões Ford da mesma época usaram, trazendo à discussão a importância das relações de marcha e diferencial para tentar compensar um pico de torque mais modesto que era atingido a faixas de rotação mais altas. A percepção de maior prestígio inerente à quantidade de cilindros também cabe levar em consideração, e parece embasar uma oposição mais ferrenha que o retorno do Cummins com 4 cilindros enfrentava de uma parte do público recreativo, em proporção até maior que as eventuais objeções ao gerenciamento eletrônico que eventualmente dificultariam a manutenção em locais com infra-estrutura mais precária. Enfim, considerando que o timing para a Ford selecionar a melhor motorização para a F-250 foi ruim em função de movimentos das concorrentes tanto nacionais quanto importadas a favor de motores de 6 cilindros, o erro de persistir na austeridade dos 4 cilindros foi mais burocrático que estritamente técnico.
Sem contar que o som de um motor seis cilindros, é muito mais apropriado a quem compra um caminhão de luxo como a F250.
ResponderExcluirRealmente. Ao contrário de um fazendeiro mais tradicional priorizando robustez e facilidade de manutenção, que pudesse ser feita no mesmo barracão dos tratores, quem queria uma caminhonete full-size mais direcionada ao lazer e à "ostentação" aprecia uma experiência mais sensorial por assim dizer.
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