sexta-feira, 7 de abril de 2023

5 veículos à primeira vista improváveis que o motor DW8 poderia ter servido satisfatoriamente

O motor DW8 de 1.9L desenvolvido pela antiga PSA, atualmente parte da Stellantis após a fusão com a Fiat Chrysler Automobiles, foi usado na Europa Ocidental de '99 a 2007, tendo um ciclo de produção mais longo em algumas regiões como a América Latina onde até 2011 ainda chegou a ser especificado em modelos feitos na Argentina, era daqueles motores Diesel à moda antiga e manteve a austeridade da injeção indireta e da aspiração natural até que a progressão das normas de emissões Euro-3 para Euro-4 ditou o fim da linha para o DW8. Mais destacado em pequenos utilitários e em algumas versões mais despretensiosas de carros Peugeot e Citroën entre compactos e médios, ainda podia ter servido a outros modelos, até de outros fabricantes que associaram-se à PSA ou para co-projetar motores turbodiesel ou para fazer outsourcing. Ao menos 5 modelos que poderiam ter sido bem servidos pelo motor DW8 podem ser usados como exemplo:

1 - Citroën C4 de 1ª geração: produzido entre 2004 e 2010 na Europa, e de 2007 a 2013 na Argentina, teve a maior parte do ciclo de produção durante a vigência da Euro-3, e portanto um motor mais rústico ainda podia ser útil para atender a um segmento mais austero do público tradicional dos motores Diesel, que se mantinha um tanto receoso quanto à maior complexidade acarretada pela presença do turbo e da injeção direta tipo common-rail nos motores DV6 de 1.6L e DW10 de 2.0L que chegaram a ser usados no modelo. O fato do DW8 ser parte de uma mesma linha de motores modulares que originou tanto o DW10 quanto o EW10 a gasolina e posteriormente flex que chegou a ser usado em alguns modelos de especificação brasileira, inclusive o C4, teria pesado a favor da economia de escala e favorecido o DW8 mesmo em um modelo de aparência arrojada e com pretensões modernas à época que foi apresentado;

2 - Citroën Xsara Picasso: produzido entre '99 e 2010 na Europa, e de 2000 a 2012 no Brasil, é outro que poderia ter sido beneficiado pela escala de produção considerando tanto ter sido oferecido com o motor DW10 (só até 2004 nos modelos europeus, quando o DV6 passou a ser o única opção de motor turbodiesel) quanto por um perfil essencialmente utilitário, em que pese uma aparência pouco ortodoxa que também se propunha moderna diante do que era mais usual na época do lançamento. Tendo usado no Brasil o motor EW10 de 2.0L que seria complementado pelo TU5 de 1.6L inicialmente a gasolina e posteriormente flex, e para exportação regional o DW10 estava disponível, a princípio o DW8 além do viés mais essencialmente utilitário e austero podia manter a diferença de preço menos desfavorável em comparação às versões a gasolina;

3 - Citroën C3 de 1ª geração: a aparência lembrava propositalmente o lendário Citroën 2CV, então a princípio uma opção de motor mais austera que os turbodiesel DV4 de 1.4L e o já mencionado DV6 em alguns mercados reforçaria a "homenagem" por ser um motor apreciado pela durabilidade e facilidade de manutenção. Apesar de ter sido tratado como um "compacto premium" no Brasil em contraste com a austeridade de outros modelos que eram enquadrados no segmento dos "populares", em outras regiões era considerado também um hatch generalista;

4 - EcoSport de 1ª geração: produzido de 2003 a 2012, chegou a contar somente para exportação com o motor DV4, ou DLD-414 conforme a nomenclatura usada pela Ford. Em que pese a própria Ford ter o motor Endura-D que já estava sendo oferecido somente com turbo e injeção direta à época e rebatizado DLD-418, o simples fato da Ford ter unido forças com a PSA para o desenvolvimento dos motores da linha DV/DLD e também o já mencionado motor DW10 e o DW12 de 2.2L que eram rebatizados como ZSD-420 e ZSD-422 de acordo com o padrão então adotado pela Ford até surpreende que o DW8 tenha ficado de fora desse negócio;

5 - Toyota Corolla da geração E120/"Brad Pitt": foi oferecido na Europa com os motores 1ND-TV de 1.4L e 1CD-FTV de 2.0L entre as opções turbodiesel, ambos incorporando também a injeção direta do tipo common-rail. Tendo em vista que algumas raras versões da geração imediatamente anterior do Corolla (E110) chegaram a usar na Europa o motor DW8 rebatizado como 1WZ pela Toyota, ao invés do 2C de 2.0L que ainda foi oferecido como opção no E120 em alguns mercados ou do 3C-E de 2.2L  que o E120 usou no Japão, e tanto a aspiração natural quanto a injeção indireta ainda estavam presentes no 2C e no 3C-E, um eventual uso do DW8/1WZ ainda faria sentido, mesmo sem entrar no mérito de alguns outros precedentes históricos do downsizing por parte da Toyota junto a fornecedores europeus para obter motores Diesel.

2 comentários:

  1. Resumindo, queria um motor que um argentino pudesse consertar com uma mão enquanto usa a outra para comer um choripan na garagem do prédio onde alugou um apartamento na praia?

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

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