quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Integração mais eficiente a retardadores de frenagem: uma vantagem do câmbio automático em associação aos motores Diesel

Com o Brasil sendo um dos maiores produtores de ônibus a nível mundial, o mercado interno ainda tem espaço tanto para modelos de concepção moderna incorporando todos os avanços tecnológicos quanto para chassis com motor dianteiro, frequentemente referidos como sendo uma mera adaptação de chassis de caminhões. Uma característica que ainda é alvo de controvérsias é o câmbio automático, de presença mais restrita a ônibus urbanos de motor traseiro e já sendo obrigatório nos articulados, e principalmente o custo inicial dita a preferência de gestores de frotas por tal opção, mesmo com alguns dos fabricantes de chassis em operação no Brasil como a Mercedes-Benz disponibilizando esse recurso como opcional até em alguns chassis de motor dianteiro, enquanto outros como a Iveco e a Volkswagen apostaram nos automatizados para os chassis destinados a ônibus urbanos tão somente pela percepção de simplicidade e facilidade de manutenção a serem proporcionadas pela maior similaridade com os câmbios manuais. Mas há ao menos um aspecto que torna o câmbio automático ainda mais desejável até pela segurança, que é uma integração mais eficiente aos mais diversos dispositivos retardadores de frenagem, apesar de ser possível associar um Retarder hidráulico ou eletromagnético com os câmbios manuais, e a imensa maioria dos utilitários pesados modernos com motor turbodiesel tenha algum sistema de freio-motor. 
Até pela maior similaridade técnica com caminhões, frequentemente atribuída aos chassis para ônibus de motor dianteiro e que tanto agrada a gestores de frotas com um perfil mais conservador, era natural a aposta de alguns fabricantes pelo câmbio automatizado de embreagem única como uma alternativa mais fácil de ser assimilada no tocante a custos de aquisição e manutenção comparada ao câmbio automático, embora em algumas condições o acoplamento entre motor e câmbio ser por fricção (lembrando até que embreagem em italiano é frizione) vá invariavelmente exigir uma interrupção do acoplamento do motor ao câmbio para evitar que o motor "morra" com todos os inconvenientes que tal situação pode acarretar. Como o câmbio automático permanece constantemente acoplado ao motor, tanto o uso de retardadores de frenagem incorporados ao câmbio quanto de um freio-motor quando aplicados simultaneamente fica mais efetivo, o que é especialmente útil quando a topografia apresente mais variações ao longo da rota, o que contribui ainda mais para prolongar a vida útil do material de atrito dos freios de serviço, portanto favorecendo a economia operacional mesmo diante de alegações que um câmbio automático sempre vá ser somente uma fonte de despesas em função do aumento no consumo de combustível que era comum nas gerações anteriores de câmbios automáticos e eventuais manutenções corretivas realmente exigirem um maior grau de especialização comparando aos câmbios manuais. A evolução exponencial observada no gerenciamento eletrônico tanto dos motores quanto dos câmbios automáticos hoje proporciona uma integração mais efetiva dos conjuntos motrizes otimizando desempenho e eficiência, além de ter ficado mais comum os câmbios automáticos terem a mesma quantidade de marchas ou até mais marchas que um manual, de modo que um maior espaçamento entre a primeira e a última marcha (gear-spread) e o bloqueio do conversor de torque já permitem equiparar ou até superar a economia de combustível mais constantemente associada aos câmbios manuais, além de alguns procedimentos como a troca de fluido hidráulico ATF e filtros em um câmbio automático ainda poder levar menos tempo e em intervalos mais longos comparada a substituições de conjuntos de embreagem em um veículo com câmbio manual, o que se reflete em uma maior disponibilidade do veículo para efetiva operação.
O contraste da permanência do câmbio manual em chassis de ônibus com motor dianteiro, que acabam tendo uma diferenciação menor para aplicações urbanas e rodoviárias, enquanto para os chassis com motor traseiro nos quais o câmbio automático é prevalente nos urbanos enquanto entre os rodoviários o automatizado foi mais difundido tal qual acontece nos caminhões, pode suscitar dúvidas junto a alguns operadores de perfil mais conservador acerca das vantagens que o câmbio automático proporcione, bem como o público brasileiro ainda seja predominantemente leigo quanto a retardadores de frenagem até em parte pela relativa demora para motores Diesel ficarem mais difundidos em veículos leves em meio à ascensão de pick-ups e SUVs. Até a presença de algum sistema de freio-motor, geralmente atuando no escapamento para forçar uma redução das rotações do motor, costuma passar despercebida pelo público generalista exatamente por ser algo mais específico dos motores Diesel, ainda que também seja viável a aplicação em veículos leves e ocupe muito menos espaço que um retardador de frenagem hidráulico ou eletromagnético incorporado ao câmbio, e portanto uma melhor integração entre o quase onipresente freio-motor e os câmbios automáticos torna-se ainda mais relevante. Naturalmente um freio-motor ou os retardadores de frenagem são apenas dispositivos suplementares, embora atenuem uma desvantagem inerente à menor restritividade ao fluxo de ar de admissão que historicamente favorecia motores Diesel no tocante à eficiência geral, de modo que os freios de serviço devem ser usados normalmente durante a parada completa do veículo.
Além dos câmbios automáticos modernos frequentemente poderem ser acoplados a motores com mais torque dentro de uma mesma faixa de potência comparados a um câmbio manual, que também poderia atender melhor tanto a deslocamentos de tropas militares por trechos mais longos e com maior variação da topografia e condições de terreno quanto em linhas de ônibus em regiões periféricas para as quais era implementada até uma precária adaptação de chassis com motor dianteiro e câmbio manual ao uso em ônibus articulados cujo peso excessivo impunha desafios mais intensos à durabilidade da embreagem e dos freios, é inegável que o conforto e a redução de fadiga do motorista contribuem para a segurança no transporte de passageiros. Mesmo que o câmbio automatizado tenha conquistado um maior destaque em caminhões, até por uma similaridade no princípio de funcionamento com os câmbios manuais favorecer a assimilação de procedimentos de manutenção preventiva e corretiva junto a operadores de perfil mais conservador, nos ônibus urbanos é possível encontrar um cenário operacional que oferece perspectivas para avaliar vantagens que o câmbio automático vem oferecendo. E novamente, considerando desde um efeito multiplicador do conversor de torque até um espaçamento mais amplo entre a primeira e a última marcha em gerações mais recentes de câmbios automáticos, uma possibilidade de manter as rotações do motor mais constantes e dentro da faixa de máxima eficiência mesmo diante de variações nas condições de topografia e terreno tem sido outra vantagem tanto no tocante à economia de combustível quanto para uma desaceleração mais ágil mediante o uso de um freio-motor ou um Retarder incorporado ao câmbio.
No caso dos ônibus articulados, para os quais uma prevalência do câmbio manual em chassis de motor dianteiro fomentou à suposição que tenha passado a ser obrigatório o uso de motor central ou traseiro, a melhor adequação do câmbio automático tem sido indiscutível, mesmo que ao menos teoricamente um maior conforto para o motorista e um acoplamento mais eficiente entre motor e câmbio já pudessem ser proporcionados pelos câmbios automatizados. O acoplamento hidrodinâmico e sem interrupções entre o motor e o câmbio automático, capaz de proporcionar uma maior suavidade em mudanças de marcha até sob condições de carga intensas e variações na topografia ao longo do trajeto, também tende a favorecer a segurança nessas mesmas circunstâncias, e usuários/operadores até em veículos leves também podem vir a disfrutar dessas mesmas vantagens desde aquelas aplicações estritamente profissionais ainda vistas por uma parte do público generalista como as principais para um motor Diesel até usos particulares ou recreativos com a ascensão de pick-ups e SUVs. Enfim, por mais que melhorias na integração com os dispositivos retardadores de frenagem fiquem mais evidentes observando veículos pesados, um câmbio automático moderno também apresenta uma vantagem incontestável nesse aspecto quando associado a motores Diesel.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html