segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Híbridos: uma forma de tapar o sol com a peneira

Não é de hoje que os híbridos com um motor do ciclo Otto (ainda que por causa de uma alteração no comando de válvulas para aumentar o tempo de abertura durante a admissão para reduzir as chamadas "perdas por bombeamento" sejam constantemente citados como "ciclo Atkinson" - ou "ciclo Miller" quando equipados com um compressor "blower") associado a um motor elétrico auxiliar vem ganhando espaço no mercado mundial, com uma imagem supostamente mais "ecologicamente correta" que veículos equipados apenas com um motor do ciclo Diesel. Mesmo no tecnologicamente atrasado mercado brasileiro opções importadas como o Ford Fusion Hybrid e algumas caminhonetes importadas de forma independente conquistam algum market-share, ainda que limitado...

Entretanto, há de se destacar que a eficiência do processo de combustão num Diesel é, por si só, mais eficiente que num Otto a proporcionar desempenho equivalente. Deve-se ainda levar em conta que as principais alegações dos que optam pelos híbridos, relacionadas ao maior peso de um motor Diesel, decorrente do uso de componentes reforçados para suportar as elevadas pressões internas e ao custo mais elevado de aquisição, caem por terra ao tomar como referência a(s) bateria(s) tracionária(s) e controlador(es) de velocidade essenciais ao funcionamento do motor elétrico.

Em alguns países há incentivos financeiros para a compra de híbridos, como o famoso Toyota Prius, que já atingiu algum status "cult" por ser reconhecido como um dos responsáveis pela popularização desse sistema nos mercados japonês, americano e europeu, ainda que sem o menor esforço um modelo antigo como o Suzuki Vitara ao ser adaptado com um rústico motor Volkswagen 1.6 Diesel de injeção indireta e 50cv consiga médias de consumo bastante próximas sem o menor esforço - com o 1.9SDI de injeção direta, cabeçote de fluxo cruzado e 64cv são obtidos resultados ainda melhores.
Considerando a aerodinâmica pouco apurada do modelo, o feito é ainda mais notável...

Ao tomar por referência a evolução nos motores Diesel até na própria linha da Toyota, que equipa o Corolla no mercado europeu com o excelente 1.4 D4-D de 90cv e 21kgf.m, fica mais evidente o quanto o sistema híbrido acaba constituindo uma ilusão em termos de eficiência e custo/benefício.

Existe ainda a questão da reciclagem das baterias tracionárias ao atingirem o fim da vida útil. Devido à concentração de substâncias químicas altamente reativas, o manejo acaba sendo mais perigoso. Também podem aumentar o perigo em caso de incêndio, vindo a explodir e liberar vapores tóxicos.

Aos que ainda insistem em demonizar os motores Diesel devido à emissão de poluentes, sugiro que antes de criticar os motores olhem atentamente à qualidade dos combustíveis oferecidos no mercado, e passem a considerar o biodiesel como uma alternativa adequada em termos de eficiência sem sacrificar a "consciência ecológica" tão em voga nos dias de hoje...

6 comentários:

  1. E quanto aos movidos a Hidrogênio com curta autonomia, ainda me questiono quanto a esse meio de combustível

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. http://dzulnutz.blogspot.com/2012/04/refletindo-sobre-o-hidrogenio.html

      Excluir
  2. Não só pela limitação na autonomia, mas o armazenamento do hidrogênio é extremamente complicado por conta da facilidade que tem para entrar em combustão.

    ResponderExcluir
  3. Hidrogênio é uma boa ideia, mas é um combustivel muito complicado... e se uma bagaça dessa explode?

    Hibrido dá uma melhorada na situação, mas é uma solução paliativa, pois ainda tá poluindo...

    o melhor no momento é hibrido, mas a longo prazo somente os eletricos vao valer a pena de verdade, tirando completamente a depedencia do petroleo.


    ou um hibrido tipo o volt ("motor de reserva") e esse motor ser pequeno também, tipo um ou dois cilindros a biodiesel. Aí elimina boa parte dos problemas...

    ResponderExcluir
  4. No momento o melhor ainda é o biodiesel mesmo, se valendo da maior eficiência do ciclo Diesel, e sem o acréscimo de peso e quantidade de produtos químicos envolvidos na produção de uma bancada de baterias tracionárias. Mas o pior é que por conta dessa imagem de ecologia associada aos veículos elétricos puros, transferida por extensão aos híbridos, sempre tem uns conformistas que vêem nisso um motivo para não se pensar numa liberação do uso de motores Diesel em veículos leves no mercado brasileiro...

    ResponderExcluir
  5. A un viejo Volkswagen Rabbit Diesel (o Golf) ya lo es posible tener mas eficiencia que al Prius, y hay los que llaman a eso evolucion...

    ResponderExcluir

Seja bem-vindo e entre na conversa. Por favor, comente apenas em português, espanhol ou inglês.

Welcome, and get into the talk. Please, comment only either in Portuguese, Spanish or English.


- - LEIA ANTES DE COMENTAR / READ BEFORE COMMENT - -

Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html