quarta-feira, 16 de março de 2016

Opções de motor para adaptar no Lada Niva

A pauta de hoje foi motivada pelo crescente número de pedidos de leitores interessados no Lada Niva. Por mais que a tração 4X4 com reduzida já o credencie para o Diesel sem entrar em conflito com a burocracia brasileira, o tamanho do modelo e a oferta limitada de motores veiculares leves tornam-se um empecilho.

Ame ou odeie, mas é impossível ficar indiferente diante de um Lada Niva. Apelidado por alguns de "Range Rover soviético", o crossover derivado do Fiat 127 (equivalente ao 147 brasileiro) chegou a ganhar a simpatia de consumidores brasileiros durante a primeira metade da década de '90 por unir a tração 4X4 a um preço inferior ao de modelos nacionais (à época basicamente o Toyota Bandeirante, a Envemo Camper, e o Engesa que já estava na marca do pênalti) e chegava a ser mais em conta até que os modelos da Gurgel que contavam somente com tração traseira. Faltava apenas uma opção de motor Diesel, embora fosse disponível em outros mercados. O jeito, portanto, é recorrer a adaptações, como o caso desse exemplar equipado com o motor Volkswagen EA827 1.6D de injeção direta e 50cv originalmente usado na Kombi Diesel, na Saveiro e em versões exclusivas para exportação de Gol, Voyage, Parati, Passat, Santana e Quantum. Mas considerando o desempenho modesto desse motor na versão naturalmente aspirada e as relações de marcha originais muito curtas do Niva, ficaria entre as minhas últimas opções. A versão turbo, com 70cv, já proporciona um desempenho mais favorável ao uso misto, inclusive em rodovias.

Há ainda muitos outros motores Diesel aplicáveis ao Niva e que não exigiriam alterações muito profundas para serem acomodados sob o capô, desde os motores Peugeot XUD9 e DW8 de 1.9L com injeção indireta e aspiração natural que chegaram a equipar versões destinadas à Europa Ocidental e América Latina (sendo usados inclusive nas versões Bognor Diva e Diva Furgón montadas em regime de CKD no Uruguai) até o motor Fiat 1.3 Multijet usado nas versões atuais do Lada 4X4 (denominação usada depois que a General Motors passou a produzir e comercializar o Chevrolet Niva na Rússia e alguns países da região conhecida como "Comunidade de Estados Independentes" que se formou com a dissolução da União Soviética). Outros motores adequados a uma adaptação com um resultado mais próximo de um factory-fit seriam o Fiat "Super Diesel" de 1.7L na versão TD70 (que equipou versões de exportação do Fiorino, Palio/Weekend/Siena/Strada e Punto) e os motores modulares da série Pratola Serra, desde o aspirado de 1.9L e respectiva versão turbo (TD100) até o 2.0 Multijet usado no Jeep Renegade e na Fiat Toro, passando pelo 1.6 Multijet usado em diversos modelos no exterior. Há ainda alguns motores Peugeot como o 1.6HDi e 2.0HDi (o mesmo DW10 que chegou a equipar o Suzuki Grand Vitara em substituição ao vetusto Mazda RF).

Para quem prefere um motor Volkswagen, as possibilidades vão além do 1.6D, passando pelos 1.9D e 1.9TD ainda de injeção indireta até os SDI e TDI que já incorporam a injeção direta. A modularidade é o grande destaque, possibilitando a intercambialidade de peças com motores de ignição por faísca e facilitando a montagem de um "misto-quente", bem como uma certa liberdade para escolher entre injeção 100% mecânica ou diferentes opções para gerenciamento eletrônico como o "pumpe-duse" (que usa unidades de injeção individuais incorporando bomba e bico para cada cilindro) e o common-rail, e ainda aspiração natural ou diferentes configurações de sobrealimentação (turbo de geometria fixa ou variável, com ou sem intercooler). Ao menos as versões dotadas de injeção eletrônica common-rail também contam com 16 válvulas. A incorporação da antiga divisão de motores marítimos da Volkswagen na Cummins Marine Diesel também pode ser considerada favorável, visto que se torna mais uma alternativa para o fornecimento de peças de reposição no mercado brasileiro que sofre com a limitada oferta de motores Diesel leves devido a restrições ao uso em automóveis em função da capacidade de carga, passageiros ou tração.

Naturalmente não se pode esquecer dos motores asiáticos. São poucos os que tem alguma facilidade para contrabandear um motor Toyota 2C de 2.0L ou 3C de 2.2L ainda muito comuns no Paraguai mas que estão perdendo popularidade na Bolívia diante das políticas que vem priorizando o gás natural por lá, então é mais recomendável nos atermos a motores que já foram ou ainda são oferecidos regularmente no mercado brasileiro ainda que em versões destinadas a aplicações alheias ao segmento automotivo. Um exemplo é o Isuzu 4EE2 de 1.7L, que chegou a ser usado em versões de exportação de diversos modelos da Chevrolet mas no Brasil acabou restrito a versões náuticas comercializadas pela Mercruiser. Também não se deve desconsiderar os motores Yanmar TNV88 usados em alguns tratores, grupos geradores e no acionamento de compressores em equipamentos de refrigeração para caminhões ou containers frigorificados (ThermoKing, Recrusul, Carrier, entre outros), embora alguns ajustes na bomba injetora sejam desejáveis para atender ao uso veicular. Para quem prefere um motor originalmente destinado ao uso veicular, vale a pena considerar o Mitsubishi 4D56 usado na L200, na L300, no Pajero Sport e versões antigas do Pajero Full (também disponibilizado nos Kia Sorento de 1ª geração e o K2500/Bongo e nos Hyundai Gallopper, Terracan e HR), o Kia J2 da Besta e do K2700/Bongo e ainda o Mazda RF oferecido na 1ª geração da Kia Sportage.

Salientando que cada caso tem suas especificidades, como as regiões onde o veículo vá trafegar com mais frequência, as especificações do óleo diesel e eventuais substitutivos disponíveis com mais facilidade, e a proximidade da assistência técnica se surgir alguma necessidade, fica difícil definir a melhor "receita" para atender a uma ampla maioria dos interessados em converter um Lada Niva para o Diesel. Se por um lado pode soar razoável que um morador do Acre recorra a um motor Toyota 2C contrabandeado da Bolívia, por outro um catarinense poderia preferir buscar peças para um DW8 na Argentina, enquanto um morador do Guarujá tenha mais familiaridade com um motor Yanmar devido às aplicações náuticas. De qualquer forma, toda adaptação requer uma boa dose de paciência e alguns ajustes até que o resultado final fique ao gosto do proprietário do veículo.

27 comentários:

  1. Ya lo he visto un Lada con motor Kia R2 en Mongolia.

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  2. Amigos, e o motor da Asia Topic? não seria uma boa opção? pelo que se vê ainda existem varias rodando, então a disponibilidade de peças deve ser razoável. Aliás, gostaria de obter mais informações sobre esses motores de vans asiáticas dos anos 90. Se puderem indicar outros sites que contenham essas informações ficaria extremamente grato. Parabéns pelo site!

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    1. Pode ser uma boa opção sim, afinal é o mesmo motor 2.7 usado na Besta e no Kia Bongo K2700 que foi comercializado regularmente até 2011. É um motor de origem Mazda como o RF usado na Sportage. Fica anotada a sugestão para uma matéria sobre os motores das vans asiáticas dos anos 90.

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    2. 2,7 da besta é um bom motor dizem , mas no niva ele é comprido , fui medir um desses para colocar que apareceu por bom preço na época e nao teria espaço para radiador a princípio e desisti .

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    3. Fica apertado mesmo, e não é qualquer um que se dispõe a eventualmente modificar a parede de fogo para caber sem precisar mexer na grade, nem deixar o radiador numa posição que possa se tornar mais vulnerável.

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  3. eu tenho um motor isuzu 1.7 DTI zerado para por em um Niva. se alguém interessar só chamar.

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  4. Bom dia eu tenho um motor do corolla 1.8 diesel sera que fica viavel? Porque o meu niva leva 25 segundos para ir de 0 a 100 ja o corolla sao 14 segundos e tambem é muito mais economico,, por favor vejam: https://www.ultimatespecs.com/pt/car-specs/Lada/5532/Lada-Niva-19-D.html e https://www.ultimatespecs.com/pt/car-specs/Toyota/5262/Toyota-Corolla-VI-18-D.html muito obrigado pela atencao

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    1. O peso, a aerodinâmica e as relações de marcha fazem a diferença no desempenho, não tem nem muito o que comparar a aceleração do Niva e do Corolla nesse caso. O motor Toyota 1C usado no Corolla de 6ª geração não chegaria a proporcionar um desempenho melhor que o motor Peugeot XUD9 originalmente usado no Niva, até porque tem o torque ligeiramente menor e a uma faixa de rotação mais alta, mas é até viável a instalação.

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  5. alguem sabe dizer se é viavel colocar o motor mazda diesel que equipa a tracker no cambio do niva ou deve-se colocar o conjunto todo

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  6. Tenho um motor diesel 2.8 da Iveco daily 3510, sera que cabe no Niva?

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  7. Boa noite.
    É possível adaptar um motor e câmbio bom num Peugeot 307 SW?
    Um motor e câmbio do corolla, ficaria legal?

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    1. Antes de mais nada, qual foi o problema com o motor original do Peugeot? Quanto a adaptações, é possível sim. Não tenho como te dizer com 100% de certeza se vai ficar perfeito, mas como até a Toyota já chegou a usar um motor Peugeot em algumas versões do Corolla na Europa, no caso o DW8 que é da mesma série de motores que originou o EW10 usado nos Peugeot 307 SW, talvez não haja muita dificuldade para acertar a fixação do motor no berço. Mas e o câmbio, se refere ao manual ou ao automático?

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  8. Existe a possibilidade de se colocar um motor Sprint da S10 diesel no Niva?

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    1. Até existe essa possibilidade, mas eu nunca vi nenhum Niva com esse motor.

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    2. Vi uma vez um a venda em SC com um motor 2.8 mwm, mas não sobra espaço para a tração dianteira.... Fora q é um motor muito pesado para o monobloco do niva.... Me lembro do niva com a frente muito baixa por causa do peso....

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    3. Se não sobrou espaço para a parte de tração dianteira, o mais estranho é terem conseguido manter documentado. Apesar de que eu já vi fazerem parecido usando o motor Mitsubishi 4D56 da L200 quadrada.

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  9. Tenho um niva sem o cabeçote. Não sei se o motor e original.

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    1. Vê a numeração do bloco e se tem alguma outra marcação.

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    2. Muito interessante materia de morores disel no nica.As grandes montadoras aqui no Brasil fabricam motores disel leves,?. Quais são elas ?.

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    3. Pelo menos Fiat e Volkswagen fizeram motores Diesel leves no Brasil, mais voltados à exportação, mas agora pelo menos a Fiat já não faz mais.

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  10. O motor 608 da Bandeirantes serve no Niva?

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  11. Boa noite amigos ! O quem.é dizem do motor da topic? Da besta? Estou na expectativa de colocar um motor diesel no meu niva...

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html