terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ambulâncias: um ponto para observar as incoerências nas restrições ao Diesel

Uma das aplicações mais severas às quais um veículo pode ser submetido está no segmento das ambulâncias, e põe em evidência o quão incoerente é limitar a utilização de motores Diesel em função de capacidades de carga, passageiros ou tração. Um exemplo a ser observado é a geração anterior da Chevrolet S10: em versões com motor de ignição por faísca (o modelo das fotos usa o motor FlexPower de 4 cilindros e 2.4L) a capacidade de carga era inferior a uma tonelada, enquanto as versões com motor Diesel tinham a capacidade de carga alterada apenas para atender a essa exigência burocrática brasileira, o que originalmente não estava previsto no projeto americano. Basicamente o mesmo veículo, apto ao mesmo tipo de serviço nas mesmas condições de carga considerando o uso como ambulância.

Não importa se é num furgão grande como o Fiat Ducato, podendo ser equipado com tudo o que for necessário para suporte avançado, ou num modelo mais compacto como o Fiat Doblò, mais adequado a transportes de menor complexidade (incluindo a infame "ambulancioterapia"), o Diesel traz inúmeras vantagens práticas nesse tipo de operação, que vão desde a maior autonomia (sujeitando o veículo a menos paradas ao decorrer do trajeto em deslocamentos mais longos) até uma eventual adaptabilidade a combustíveis alternativos em caso de força maior.
Um dos pontos que mais suscita dúvidas é relacionado ao nível de ruído, um ponto ainda bastante crítico nos motores do ciclo Diesel. No entanto, convém salientar que normalmente é usado material com propriedades fonoabsorventes no revestimento interno de ambulâncias, além da intensidade do ruído de uma sirene superar facilmente a de um motor em funcionamento. Além disso, os sistemas mais modernos de gerenciamento eletrônico usados nas novas gerações de motores Diesel, mais notadamente o common-rail, tiveram um impacto significativo na supressão de ruído.

Não importando se é um Kangoo ou uma Sprinter, após a implementação do veículo, considerando tanto algum peso "morto" quanto os equipamentos médicos disponibilizados de acordo com a configuração escolhida, é comum que a capacidade de "carga" se mostre mais adequada ao transporte de pacientes até 150kg com um nível razoável de segurança, podendo chegar até 400kg no caso de modelos adaptados para atender a pacientes com obesidade mórbida. Vale também lembrar que não é incomum modificar a suspensão traseira para minimizar um eventual agravamento de lesões durante o transporte, o que também concorre para uma redução na capacidade de carga nominal do veículo.

Na prática, pouco importa a forma, seja pela leveza de uma Fiorino ou pela força bruta de uma Silverado, é uma grande incoerência que veículos destinados à mesma função tenham a possibilidade de usar legalmente um motor Diesel atrelada a uma regulamentação arbitrária que despreza tanto vantagens técnicas já consagradas quanto a evolução tecnológica que tem acompanhado as novas gerações de motores.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html