domingo, 18 de maio de 2014

Rebatendo mais um fã do gás natural

Não é tão incomum se deparar com alegações incoerentes por parte de usuários do gás natural veicular (GNV), que parecem fazer questão de ignorar vantagens práticas do Diesel. Em alguns momentos podem até se tornar tão inconvenientes quanto fãs dos híbridos, como no caso de um comentário feito numa postagem que já rebatia um outro comentário mal-formulado emitido por um usuário do gás natural...
Dessa vez, quem comentou alega ter um carro com o kit GNV como equipamento de fábrica, fazendo rodando 17km/m³ em trânsito urbano e 23km/m³ na estrada, e está satisfeito com a economia. No entanto, não deixou claro qual seria o veículo, embora o mais provável é que seja um Fiat Siena Tetrafuel, o único a ter saído de fábrica oficialmente com a instalação para o uso do gás natural (considerando que o Chevrolet Astra Multipower era adaptado fora da fábrica, pela Rodagás). Terminou dizendo que "o resto é conversa fiada", como se fosse o detentor da verdade absoluta...

Pode ser que para esse usuário específico a diminuição do volume do porta-malas não tenha um impacto prático tão significativo, e que a suspensão e freios traseiros redimensionados para o peso acrescentado pelos cilindros onde o GNV é armazenado de fato compensem o maior desgaste a ser provocado nesses sistemas, mas não é por isso que deixa de haver uma desvantagem que possa ser percebida por outros usuários, além da incoerência em se apontar o gás como um pretexto para o comodismo frente à incoerência que é manter o consumidor brasileiro refém da incompetência institucional por trás de uma política energética que chega a ser um crime de lesa-pátria...

Eu até tenho alguma experiência com o gás natural, em função de veículos que pertenceram a familiares meus, e de fato a economia proporcionada acabava compensando, mas não se pode ignorar alguns inconvenientes. Um tio meu teve um Corolla "baby Camry" com motor 7A-GE e kit monoponto não-gerenciado (popularmente conhecido como "kit aspirado" ou "torneirinha") e, além do espaço sacrificado no bagageiro e do desgaste mais acentuado de componentes da suspensão traseira e material de atrito dos freios, de vez em quando o coletor de admissão acabava congelando como nos carros a álcool mais antigos, deixando a marcha-lenta muito irregular a ponto do motor apagar subitamente em alguns momentos.

O uso de kits gerenciados eletronicamente é obrigatório em veículos feitos a partir de '97, e o controle eletrônico de fato proporciona uma maior estabilidade da marcha-lenta mesmo nos sistemas monoponto (injetado de pressão negativa), além dos sistemas multiponto (injetado de pressão positiva) agregarem uma maior eficiência geral, minimizarem o impacto sobre o desempenho do motor e praticamente eliminarem o congelamento do coletor, mas muitos instaladores ainda oferecem o kit não-gerenciado mesmo para modelos fabricados posteriormente a '97. Não é incomum constatar essa situação em alguns táxis de Porto Alegre...

Caberia salientar ainda que com a atual geração de motores Diesel, lançando mão de recursos como o turbocompressor e a injeção common-rail com gerenciamento eletrônico, tem sido possível alcançar médias superiores a 20km/l em trânsito urbano e acima dos 30km/l em rodovia, não apenas em modelos compactos como o Fiat Siena mas até em médios como a atual geração do Opel Astra europeu.

Embora o gás natural tenha seus méritos, como a menor incidência de contaminações do óleo lubrificante em comparação com a gasolina e o etanol (embora também possa acontecer com o óleo diesel, é menos frequente), a atual rede de distribuição desse combustível é muito concentrada ao redor de grandes centros, com oferta mais restrita no interior, apesar do potencial relativamente inexplorado do biometano proveniente de fossas sépticas, estações de tratamento de esgoto e biodigestores instalados em granjas de criação de animais e abatedouros.

5 comentários:

  1. Tenho um carro rodando no gás sem maiores reclamações, mas realmente temos que fazer algum sacrifício pela economia com o combustível. No meu caso tive que abrir mão de quase todo o porta-mala do meu golzinho que já não é lá grandes coisas mas deu para compensar com um bagageiro de teto.

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  2. Esse pessoal que defende o gás tão cegamente é igual mulher de malandro que apanha, engole os dentes e diz que está tudo bem.

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  3. El GNC no es de todo malo a quien puede cuentar con un equipo de buena calidad.

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  4. Na cidade o gás é uma beleza mas na estrada já não é todo posto que tem, e a coisa piora em algumas regiões. Para quem vai viajar num carro com kit gás para uma cidade que não tenha gás ainda fica tendo que arrastar aquele peso morto à toa, faz falta mesmo ampliar a rede de distribuição do gás natural ou então liberar o uso de biogás nos carros.

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  5. Tenho carro a gás e estou satisfeito, só me atrapalha às vezes quando eu resolvo sair de viagem nas férias ou quando vou visitar parentes que moram em cidades onde nenhum posto vende o gás e eu tenho de usar a gasolina.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html