terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Redução no IPI para híbridos: impacto mais visível nos segmentos de luxo

Não é nenhuma novidade que o Brasil é um país bastante confuso em algumas circunstâncias. O caso da redução nas alíquotas de IPI para veículos híbridos, beneficiando até modelos como uma suntuosa Porsche Panamera 4 e-hybrid Sport Turismo, também instiga à reflexão sobre até que ponto a redução nas alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis elétricos e híbridos  de 25% para faixas de 7 a 18% para elétricos e de 9 a 20% para híbridos seria eficaz para aprimorar a eficiência energética e diminuir as emissões de poluentes da frota brasileira. E antes que pederastas ou meretrizes semi-analfabetos adeptos de lamber testículos de ricaços venham alegar que uma suposta "inveja" motive o questionamento, embora eu não os deva satisfação alguma, cabe recordar que a crítica de hoje é dirigida somente às políticas que norteiam a expansão na presença de mercado dos híbridos.
No caso específico da Panamera Sport Turismo que eu vi no último sábado (01/12), ainda é plug-in, o que suscita dúvidas quanto à capacidade do sistema elétrico nacional de suportar uma maior presença de veículos com essa configuração. Apesar de alguns condomínios na região onde eu vi a barca terem grupos geradores próprios para atender aos moradores em caso de quedas de energia, não é possível ignorar que esse problema acontece com relativa frequência até em bairros mais glamurizados quase sempre que chove e venta forte, problema agravado pela falta de poda preventiva das árvores aqui em Porto Alegre. E mesmo que se alegue que a maior parte da energia elétrica consumida no Brasil seja proveniente das usinas hidrelétricas, reputadas como uma fonte "limpa", não se pode ignorar que o uso de combustíveis fósseis permanece relevante principalmente quando o volume das barragens dos reservatórios atinge níveis muito baixos, como é o caso da CGTEE (Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica) que opera com gás natural aqui em Porto Alegre mesmo. A falta de investimento em infraestrutura ao longo de sucessivos governos cleptocráticos, cuja podridão começou a revelar-se no embalo da Operação Lava-Jato, também fomentou desconfianças durante ocorrências como a "crise do apagão" de 2001 e falhas técnicas como a queda dum raio numa subestação de Furnas em 2009.

De um modo geral, também é importante lembrar que pobre não compra carro híbrido no Brasil, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos com destaque para Japão e Estados Unidos que já eram mais refratários ao Diesel mesmo enquanto a Europa não se encaminhava para tomar o mesmo rumo. É possível que uma maior aceitação do câmbio automático pelo público generalista no exterior tenha favorecido a hibridização, em virtude da possibilidade de proporcionar uma transição suave da operação somente do(s) motor(es) elétrico(s) para o funcionamento em simultâneo com o motor de combustão interna, mas o custo inicial e a precariedade da assistência técnica independente ainda são uma barreira à massificação dos sistemas híbridos mesmo que até em segmentos menos prestigiosos que o disputado pela Porsche já se tenha uma presença mais maciça do câmbio automático. Mesmo que hoje se possa contar com motores elétricos "pancake" compactos o suficiente para ocupar pouco espaço entre o motor de combustão interna e o câmbio, bem como podendo assumir em simultâneo as funções do motor de arranque e do alternador, o custo de baterias com uma boa densidade energética e que não imponham um impacto tão exacerbado sobre o peso dos veículos e o volume interno do habitáculo e bagageiro permanece mais fácil de ser amortizado nos segmentos mais prestigiosos e/ou com maior valor agregado, mas permanece mais distante da realidade do público generalista.
É natural que modelos mais sofisticados e de custo inicial elevado se tornem early-adopters de novas tecnologias até mesmo para de certa forma subsidiar uma futura adequação das mesmas à proposta de modelos mais generalistas, mas a preferência institucionalizada pela hibridização está impulsionada por motivações mais politiqueiras do que técnicas e se torna inócua até diante de uma participação de mercado até certo ponto meramente figurativa de modelos de alto luxo como a Porsche Panamera 4 e-hybrid Sport Turismo. A idéia de apresentar os híbridos como antagônicos ao Diesel também não é muito desejável por ignorar tanto uma eventual aptidão ao uso de combustíveis alternativos quanto a incorporação de tecnologias como o turbo e a injeção direta ter sido impulsionada antes no Diesel. Enfim, mesmo que um híbrido de luxo possa dar tanta satisfação ao proprietário quanto um similar não-híbrido e ainda leve vantagem na redução do custo operacional a longo prazo, basicamente não se vê a mesma celeridade que se poderia inicialmente supor para os mesmos benefícios chegarem a segmentos mais modestos do mercado automobilístico.

5 comentários:

  1. Mas se não tiver versão a diesel e o preço do híbrido já com o desconto em impostos for igual ou pouca coisa menor que do modelo normal, e nesse caso não parece que vá ser difícil exatamente por já ter valor agregado alto, acho que aquela tentativa de colocar os híbridos como se fossem uma espécie de sucessor do carro a diesel ganha uma força difícil de bater de frente.

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    1. Nesse caso, a parte política exerce mais influência na composição do preço, e direcionando artificialmente a demanda pelos híbridos.

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  2. Alguns shoppings já tem até vaga de estacionamento reservada para carros híbridos e elétricos, com carregador de bateria.

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  3. Já é bem comum na Europa os carros de luxo terem versão híbrida, e alguns compactos também. Mas se não fosse pela redução de impostos e liberação para circular em áreas restritas, talvez o europeu médio não fizesse tanta questão de trocar um carro a diesel por um híbrido similar.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html