sábado, 16 de março de 2019

Caso para reflexão: Ford Transit Connect, Ford Kuga/Escape e a incoerência do modismo dos SUVs

Veículos bastante próximos em tamanho e dotados de propostas utilitárias, cada um à sua maneira, os Ford Transit Connect e Kuga nas respectivas segundas gerações são bastante convidativos à reflexão em torno de características que interferem significativamente na eficiência geral de um veículo, indo além do conjunto motriz. Ambos estão fora da norma que os credenciaria ao uso do Diesel no Brasil em função da capacidade de carga inferior a uma tonelada e acomodação para menos de 9 passageiros além do motorista, e no caso do Kuga o sistema de tração 4X4 opcional não tendo a "reduzida" torna mais difícil uma eventual homologação se viesse a ser oferecido regularmente no país. Já no tocante a tipos de carroceria, a configuração de furgoneta da Transit Connect proporciona melhor capacidade volumétrica em comparação ao Kuga, que nos Estados Unidos é comercializado como a 3ª geração do Escape, e segue a linha dos SUVs "crossover" priorizando forma em detrimento da funcionalidade e sacrificando uma parte da aptidão off-road em nome de uma maior adequação a condições de rodagem urbanas e rodoviárias. Recordando também como as pick-ups se distanciaram da origem como veículos essencialmente de trabalho, muito semelhante à de furgonetas como a Transit Connect, torna-se ainda mais questionável a consolidação de SUVs como o Kuga/Escape como eventualmente a única opção de veículo disponível com alguma característica desejável para uma parte do público, como por exemplo acomodação para 7 pessoas.
A preferência artificialmente inflada pelos SUVs mundo afora reflete não apenas a conveniência para os fabricantes de origem americana que tinham mais facilidade para homologá-los como "caminhão leve" de modo a permitir o enquadramento em normas de emissões menos restritivas e metas menos audaciosas de redução de consumo de combustível no mercado doméstico, mas também de oferecer um produto com imagem mais prestigiosa em comparação a furgonetas preferidas pelos europeus ou às minivans indissociáveis do estereótipo da "soccer-mom" americana. A imagem de pretensões mais "aventureiras" inerente a um SUV certamente facilita o trabalho dos departamentos de marketing para tentar convencer o público generalista que valha mais a pena pagar caro por um veículo numa faixa de tamanho próxima mas que no fim das contas não tenha tantas funcionalidades a mais que possam justificar um preço maior considerando versões com uma concepção mecânica similar quando não se observa a tração 4X4 mais difundida nos SUVs como um pretexto para permitir o uso do Diesel em veículos particulares. Enfim, por mais que veículos com um tamanho bastante parecido acabem tendo diferenças mais substanciais quanto à praticidade e tipos de carroceria do que no tocante à mecânica, o conformismo de uma parte considerável dos consumidores em torno de uma única categoria que nem sempre é tão perfeita quanto a publicidade leva a crer se torna um tiro no pé...

2 comentários:

  1. É mesmo estranha essa rejeição aos furgões. Eu lembro duma vez que eu fui no Rio de Janeiro faz uns 20 anos e vi muita Fiorino com a traseira envidraçada e banco traseiro que ia ser embarcada para a Europa, e aqui no Brasil eu nunca vi dessas na rua.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu me lembro de ter visto uma em Florianópolis, e curiosamente o painel de instrumentos estava montado mais ao centro.

      Excluir

Seja bem-vindo e entre na conversa. Por favor, comente apenas em português, espanhol ou inglês.

Welcome, and get into the talk. Please, comment only either in Portuguese, Spanish or English.


- - LEIA ANTES DE COMENTAR / READ BEFORE COMMENT - -

Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html