quinta-feira, 7 de julho de 2022

5 carros de motor transversal e tração dianteira que seriam improváveis boas mulas de teste para um motor Diesel monocilíndrico horizontal

No caso de uma eventual liberação do Diesel para veículos leves que derrubasse a  restrição baseada em capacidades de carga e passageiros ou tração, até seria de se esperar que uma pequena parte do público generalista já ficasse mais empolgada e buscasse por uma abordagem mais imediatista diante da pouca disponibilidade de motores Diesel de pequena cilindrada no Brasil. E por mais improvável que pudesse parecer inicialmente, mesmo aqueles rústicos motores monocilíndricos horizontais mais frequentemente usados em microtratores, pequenas embarcações e equipamentos estacionários como grupos geradores e bombas de poço poderiam cair nas graças de alguns adeptos da gambiarra e do "jeitinho brasileiro". E a bem da verdade, ao menos 5 carros de motor transversal e tração dianteira acabariam sendo eventuais boas mulas para testar uma adaptação desse tipo:

1 - Ford Fiesta de 5ª geração: o modelo teve um ciclo de produção em Camaçari de 2002 a 2014, com os motores Zetec-Rocam de 1.0L naturalmente aspirado ou com supercharger/blower e 1.6L sempre de aspiração natural como as únicas opções no Brasil, dispondo ainda do motor Ford DLD-414/PSA DV4 turbodiesel de 1.4L para exportação regional. Seria pouco ou nada surpreendente que aparecesse algum exemplar adaptado com um motor Diesel monocilíndrico horizontal, tendo em vista que alguns na faixa de cilindrada entre 1.2L e 1.5L já estariam aptos a proporcionar desempenho suficiente para um perfil de uso mais urbano, e ainda aguentar eventuais trechos rodoviários. Considerando a idade dos veículos, e que o custo de um motor Yanmar novo das séries TF e TS acabaria ficando um molho mais caro que o peixe, a princípio uma das inúmeras cópias chinesas dos motores Yanmar acabaria sendo uma opção até mais provável, lembrando que os chineses também costumam ter a opção de refrigeração com radiador em algumas faixas de potência para as quais o original só é oferecido com hopper e a refrigeração se dá por evaporação com perda total da água utilizada;

2 - Chevrolet Onix de 1ª geração: atualmente renomeado Joy e produzido somente para exportação, a princípio seria especialmente improvável de receber esse tipo de adaptação no Brasil tanto em função das restrições ao uso de motores Diesel em vigor no país quanto por já ter sido iniciada a venda quando vigorava a Euro-5 e o gerenciamento eletrônico do motor com compatibilidade ao método OBD-2 de diagnóstico de falhas havia se tornado obrigatório. Ter usado motores às vezes reputados injustamente como "obsoletos" nas versões de 1.0L e 1.4L poderia tornar menos bizarra a hipótese de se adaptar um motor ainda mais primitivo, mas a questão das emissões certamente seria um calcanhar-de-Aquiles para a intenção, mesmo se eventualmente for possível usar pelo menos uma bomba injetora com governador eletrônico para fazer a alegria de alguns operadores comerciais como taxistas sem sacrificar o volume do porta-malas como faria um kit de conversão para gás natural;

3 - Fiat Argo: outro que esbarraria na burocracia e regulamentações de emissões, mas seria tentador um eventual uso como mula de testes. Considerando que versões 1.0 ficam de fora da especificação mínima de potência exigida em Porto Alegre para um que táxi sem capacidade de operar com gás natural direto de fábrica possa ser licenciado com uma conversão para esse combustível alternativo, ficaria até um pouco mais fácil tentar justificar a hipotética e improvável adaptação de um motor Diesel monocilíndrico horizontal. Supondo que fosse viável adaptar a um motor como aqueles já mencionados Yanmar ou às cópias chinesas o gerenciamento eletrônico, e eventualmente até turbo e alguns sistemas de controle de emissões como EGR ou SCR e filtro de material particulado (DPF) tivessem a instalação facilitada por uma quantidade menor de cilindros, daria vontade de tentar;

4 - Volkswagen Polo Classic/SEAT Cordoba de 1ª geração: na prática o mesmo carro com diferenças somente estéticas. Embora tivesse oferecido uma variedade interessante de motores Diesel entre 1.7L e 1.9L em outros mercados, o Brasil ter ficado somente com versões a gasolina já seria um bom pretexto para interessados em fazer gambiarra. Até pode parecer muito mais óbvio tentar fazer uma conversão "misto-quente" a partir do motor Volkswagen EA827 "AP" de 1.8L original, que tem o mesmo curso de pistões do 1.6D que chegou a ser usado no Brasil em outros modelos principalmente para exportação e ficou mais famoso no mercado interno equipando Kombi e Saveiro por breves períodos, mas a má fama causada por problemas de refrigeração do 1.6D principalmente na Kombi favoreceria a procura por outra opção. E como um motor Volkswagen 1.9 SDI ou TDI tem o custo um tanto exorbitante aos olhos de uma parte considerável dos atuais proprietários de carros que acabaram sendo incompreendidos pelo público generalista brasileiro, uma cópia chinesa de algum motor Yanmar monocilíndrico horizontal na faixa de 1.5L acabaria parecendo um quebra-galho tentador; 

5 - Kia Sephia: apesar de ter sido fabricado na Coréia do Sul, era baseado em projetos japoneses da Mazda. O fato de nunca ter disposto de um motor Diesel original de fábrica já pareceria justificar uma adaptação, por mais precária que fosse. E sendo basicamente cópia de um projeto japonês, embora feita com o devido respeito à propriedade intelectual ao contrário das imitações chinesas de motores Yanmar, o uso de um motor de concepção também japonesa poderia causar menos estranheza mesmo com uma configuração pouco usual no segmento veicular.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
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