sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Ford "sapão": em vias de tornar-se um clássico improvável

Produzido de '92 a '98 com as denominações F-12000 e F-14000, incluindo o F-14000 HD homologado com capacidade máxima de tração de 22 toneladas permitindo a instalação de 3º eixo, o Ford "sapão" é bem mais difícil de avistar, embora tenha sido bastante popular tanto em serviços pesados quanto para distribuição urbana antes que as "zonas VUC" restringissem a circulação de caminhões médios dentro de alguns centros urbanos. Naturalmente, como parte da Série F, compartilhava a cabine com a linha de caminhonetes full-size, embora o modelo brasileiro tenha recebido um capô basculante diferente do que equipava os similares americanos, canadenses, mexicanos e argentinos, rendendo o apelido "sapão" no Brasil devido ao formato arredondado que acabava sendo bem mais aerodinâmico. Curiosamente, em meio à verdadeira bagunça que foi a joint-venture AutoLatina estabelecida entre a Ford e a Volkswagen no âmbito de Brasil e Argentina, o "sapão" substituiu o modelo argentino mais americanizado por lá...

Foi oferecido somente com motores MWM de 6 cilindros em linha, desde alguns raros exemplares com o motor da série 229 de 5.9L quanto o 6.10 de 6.5L e sempre com aspiração natural, uma característica que é simplesmente impossível de encontrar nos caminhões novos e já era questionada mesmo durante o ciclo de produção do Ford "sapão" à medida que o turbo marcava mais presença tanto na concorrência quanto em outros modelos da própria Ford. Nisso se diferenciava dos americanos com diversas opções de motor tanto V8 a gasolina quanto alguns V8 Diesel de 8.2L da Detroit Diesel e 10.4L da Caterpillar de '80 a '85, de '85 até '92 motores Ford-New Holland Diesel de 6 cilindros em linha entre 6.6L e 7.8L feitos no Brasil, e por fim os Cummins B5.9 que no Brasil a Ford chegou a usar no sucessor do "sapão" e o C8.3 que nenhum caminhão Série F brasileiro usou. Vale lembrar que o Ford "sapão" contou sempre com câmbio manual de 5 marchas, enquanto o similar americano já dispunha até de câmbio automático.

Praticamente sumido do segmento de distribuição urbana, hoje é mais provável ver um Ford "sapão" na construção civil e atividades correlatas, até pela percepção de caminhões de cabine avançada como uma opção mais prática para a operação urbana e alterações na regulamentação de peso máximo sobre o eixo dianteiro que ao passar de 5 para 6 toneladas tornou os "bicudos" menos desejáveis aos olhos de muitos gestores de frota. Assim como alguns carros antes até muito comuns de se avistar pelas ruas vão ficando raros sem que nos demos conta, o mesmo parece ter acontecido com o Ford "sapão", e certamente pode ser atribuída às condições operacionais severas que tem prevalecido nessa linha uma dificuldade a mais para uma quantidade significativa de exemplares ser preservada e eventualmente alcançar um status de peça de colecionador. Enfim, tendo em vista que o Ford "sapão" tinha concepção tradicional e aparência moderna para uma época de transição dos "bicudos" para os "cara-chata", seria um clássico improvável.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html