quarta-feira, 22 de março de 2023

Fiat Strada: pode uma pick-up compacta de hoje efetivamente substituir uma média de 25 a 30 anos atrás?

Um modelo que se destacou entre outros aspectos por ser o primeiro da categoria a liderar os rankings de vendas de veículos novos em 2021 tanto entre utilitários quanto no geral, a Fiat Strada na 2ª geração passou a ter um tamanho mais próximo ao de algumas pick-ups médias de quase 30 anos atrás. Apesar de manter uma configuração mecânica essencialmente generalista, usando motor transversal e só tração dianteira como qualquer carro "popular" brasileiro da atualidade, por ser um retrato fiel da "engorda" de diferentes categorias de veículos ao longo do tempo a Fiat Strada é um bom pretexto para refletir sobre a efetiva necessidade de operadores por caminhonetes com um tamanho ainda conveniente e mecânica simples. Naturalmente a percepção de motores como o Fire 1.4 e o 1.3 GSE/Firefly, ambos flex, sendo resistentes e de fácil manutenção, pode parecer satisfatória à medida que entre os motores Diesel ocorre um incremento na complexidade dos dispositivos de controle de emissões levando uma parte do público até a desconsiderar tal opção mesmo para finalidades efetivamente profissionais.
Enquanto quem comprava uma caminhonete com esse tamanho entre 25 e 30 anos atrás tinha um perfil mais conservador no tocante a soluções mecânicas, tanto no tocante à tração traseira que ainda costuma ser mais usada em caminhonetes médias ou full-size efetivamente categorizadas como tal pelo mercado quanto à eletrônica embarcada mais rudimentar naquela época e ainda menos difundida tratando-se dos motores Diesel no Brasil antes do final de 2005, hoje a tração dianteira prevalece mesmo que possa ser mais susceptível aos efeitos da alteração da concentração de peso entre os eixos conforme as condições de carga e de terreno. É inevitável uma comparação com as gerações anteriores das pick-ups médias de origem americana, que costumavam ter capacidades de carga nominal menores em comparação com as concorrentes japonesas, e quando especificadas com tração simples expandia-se a capacidade de carga para o mínimo de uma tonelada em versões turbodiesel visando o enquadramento como utilitário para atender às especificidades burocráticas brasileiras, característica mantida nas 4X4 turbodiesel também. E ao contrário de como nas caminhonetes de tração somente traseira quando o compartimento de carga ficava vazio podia ser usado como lastro para melhorar a tração em determinadas condições um saco de areia semelhante aos sacos de pancada usados em treinamentos de artes marciais. Considerando que um peso morto daqueles acabava fazendo menos sentido que a tração 4X4, que a bem da verdade já parecia mais fácil de implementar que num modelo de motor transversal como a Strada, é até previsível que se aponte a falta de versões 4X4 como um eventual motivo para uma parte do público tem menos chances de ser bem servido por uma caminhonete de uma categoria atribuída como menor pelo mercado mesmo já tendo alcançado um tamanho equivalente ao da categoria imediatamente acima.
É natural que as pick-ups tenham deixado de ser vistas como uma mera ferramenta de trabalho ao longo das décadas mais recentes, e a Fiat Strada reflete uma eventual mudança de perfil mas sem ignorar uma parte mais austera do público, embora algumas características como a estrutura monobloco e o motor transversal associado à tração dianteira tornem difícil uma comparação mais precisa entre as compactas de hoje e as médias. A princípio uma eventual inclusão da opção de tração 4X4 poderia ser bem vinda e nivelar melhor a comparação, embora para manter a altura de embarque baixa seria necessário recorrer à suspensão independente nas 4 rodas ao invés de só nas dianteiras, lembrando que tal solução já foi de certa forma desmistificada com o uso que caminhonetes pequenas de tração dianteira já tem nas mais diversas situações. Enfim, considerando como precedente as pick-ups médias americanas das últimas 3 décadas que tiveram um aumento na capacidade de carga nominal para poderem ser homologadas com motor Diesel no Brasil, é até possível que uma compacta de hoje eventualmente consiga atender bem a alguns perfis de utilização que antes ficariam restritos às pick-ups médias.

2 comentários:

  1. É um carro que tem em muitas empresas hoje, mesmo que carregue menos peso. Para trabalhar na cidade o tamanho ainda parece atrapalhar menos que o de um carro maior, então nem deve precisar de motor a diesel se for ver pelo tamanho. Mas de qualquer jeito todo carro novo está muito caro.

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    1. Para produtores rurais que também usem uma caminhonete compacta, e até empresas que mesmo operando em áreas urbanas também tenham veículos maiores já equipados com motor Diesel, só a possibilidade de simplificar a logística de abastecimento com um único combustível tanto para veículos quanto maquinário especializado é desejável, por mais que pareça "desnecessário".

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

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